SPCA,spca Escreveu:Pessoal, por favor, não entremos por aqui e não comparemos aquilo que não é comparável. As injustiças que conduziram à Guerra Colonial nada têm a ver com aquelas que vivemos hoje em dia, numa sociedade democrática, apesar de tudo. Os Estatutos do Indigenato previam situações próximas da escravidão para os "indígenas" - que podiam, por exemplo, ser requisitados (compulsivamente) para trabalhar a troco de quase nada, ou eram obrigados por exemplo a cultivar algodão mesmo que tivessem de passar fome por não cultivarem comida suficiente, e além disto ainda eram enganados e explorados de várias outras formas por vários colonos "brancos" para além do que dizia a lei (ainda que nem todos agissem assim). Daí que houvesse quem estivesse disposto mesmo a morrer para lutar contra este sistema.cmf1 Escreveu:(...)
Sandra, há uns tempos via aquele documentário sobre o início da Guerra Colonial. Neste, um membro da FRELIMO explicava porque é que, em determinada altura, se juntou à guerrilha. Segundo o próprio, ele trabalhava como administrativo numa empresa e, apesar de terminado o antigo 2º ano do Liceu (atual 6º ano), ganhava quase metade que uma colega, branca, que tinha a 4ª classe. Abordando o patrão sobre o assunto, a resposta foi peremtória: ele era mais mal pago porque era "indígena". Vendo que, apesar de ter sida extinta a lei do indigenato, na prática nada mudava, o tipo decidiu passar à clandestinidade e pegar em armas.
(...)
Em resumo, não comparemos o que não é comparável. Também gostava de ter os direitos dos funcionários públicos de antigamente - mas as pessoas têm cada vez menos direitos, mesmo quem entre na função pública hoje em dia já não tem os mesmos direitos dos "antigos". Mas a nossa situação, apesar da precariedade e falta de alguns direitos, nada tem a ver com a dos "indígenas" das ex-colónias daquele tempo.
Cumprimentos.
A situação referia-se ao pós Lei do Indigenato. Mas sim, claro, a situação era mais grave nesse contexto, do que no nosso. No entanto, na minha opinião, isso não implica que este sistema não seja brutalmente injusto e que merecia outro tipo de medidas mais radicais.
Ficam aqui umas contas para terem uma noção do que estamos a falar:
Téc. Superior da Adm. Pública (só necessita de ser Licenciado) em 2014 (já com 500 cortes, por há uns anos o hiato ainda era maior):
Vencimento base - 1122 eur mensais brutos, líquido é aproximadamente 990 eur * 14 = 15.798 € (mais 4.920 € que um bolseiro licenciado).
Tem assistência à saúde (ADSE), subsídio de desemprego, 25 dias de férias e uma estabilidade monstruosa (talvez até em demasia, apesar do que se fala por aí).
Mas não vou tocar mais no assunto, visto que isso desvirtuaria o propósito deste tópico.
Que os resultados saiam em breve!