repetição de pós-doc

Coloca perguntas a qualquer dos bolseiros que por aqui passem.
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Davide S.
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repetição de pós-doc

Post by Davide S. »

Bom dia,

o programa eleitoral do PSD diz que "só em situações muito excepcionais deve haver repetição de bolsas de pós-doutoramento" e entre os colegas bolseiros que conheço circulam várias interpretações, mais ou menos restritas: 1) a partir de agora vão durar no máximo três anos (e não haverá então renovação para o segundo triénio), 2) depois dos seis anos nunca haverá a possibilidade de pedir outra bolsa de pós-doc, qualquer que seja a área e o tema de investigação. Alguém faz ideia? (tudo isto no pressuposto que o financiamento da FCT não seja radicalmente reduzido nos futuros cortes orçamentais, aí então a questão já estaria "resolvida"...).

Um abraço e obrigado,
Davide
nowikissyou
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Re: repetição de pós-doc

Post by nowikissyou »

Olá,

Para referência de todos, é possível disponibilizares um link para o documento a que te referes?

Enquanto o novo Governo não entrar em funções (e até estar completa a reorganização dos Ministérios) duvido que haja alguém que te possa esclarecer, a não ser que tenha fontes muito próximas do núcleos do PSD/CDS-PP :wink:.

Pessoalmente, não me admirava nada se ambas as interpretações fossem combinadas: três anos como duração máxima e com uma penalização imensa em caso de novo concurso (para admitir os tais "casos excecionais"), independentemente da área.

Não estou muito dentro de post-docs, mas se um projecto necessitar de mais de três anos de investigação (ao contrário do Doutoramento não é conducente a grau, não há exames, não há cadeiras, etc.), se calhar é muita fruta para uma pessoa só, e devia ser apresentado não como uma BPD pessoal mas como um projeto de investigação de um Laboratório/Instituição, que por sua vez deveria apresentar verdadeiros contrato de trabalho (eventualmente a termo certo) aos investigadores. Só assim se conseguiria dignificar a profissão de investigador científico e acabar com a precariedade das BPDs.

Quanto à repetição, tudo se resume à definição dos "casos excecionais". Concordo que, por regra, se repartam os fundos pelo maior número possível de novos candidatos, mas
se existir um grupo de investigadores cuja produção científica é comprovadamente prolífica e de qualidade, também não vejo mal nenhum em continuar o financiamento.

Penso que a ABIC já escreveu algures no fórum que iria entrar em contacto com o novo Governo, e este seria mais um ponto para levar na agenda.
Davide S.
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Re: repetição de pós-doc (e programa do PSD para a ciência)

Post by Davide S. »

O programa eleitoral do PSD está disponível no site do PSD (o que até faz algum sentido ;)) De qualquer forma, reproduzo aqui o capítulo dedicado à "Ciência" (pp. 207-209), em vermelho a frase relativa à repetição dos pós-doutoramentos:

« O investimento na Investigação, Desenvolvimento e Inovação constituirá uma prioridade do governo do PSD. Devemos apostar no aumento do rácio de investimento em l&D sobre o PIB, embora, no curto prazo, seja de recorrer fundamentalmente a outras fontes, em virtude da forte restrição orçamental. No entanto, será necessário reorientar os modelos de apoio, de forma a potenciar e acelerar a criação de riqueza para o País.

Entendemos que esse objectivo só pode ser alcançado se os apoios passarem a estar entrados em políticas de estímulo à procura (tecido produtivo), em contraponto ao actual sistema, muito centrado na oferta (tecido científico). É também, a prazo, a única forma possível de não só manter como aumentar, de forma acentuada, o emprego cientifico em Portugal.

A criação de riqueza pelo apoio à l&D+l será a única forma sustentável para uma política de apoio à ciência; O Governo deverá definir, com |carácter de prioridade, e sem prejuízo de uma investigação fundamental, uma política no sentido de envolver os seus Laboratórios e Centros de Investigação Tecnológica, incluindo os universitários, a estabelecer e dinamizar parcerias com as empresas, com vista a desenvolver programas de investigação aplicada, com objectivos definidos, com prazos estabelecidos, com metas parciais a atingir, com orçamentos aprovados, e com hierarquia definida, sob o controlo das empresas.

As estruturas de interface com o tecido empresarial constituem uma ferramenta fundamental neste contexto e devem ser incentivadas e apoiadas permanentemente. Desenvolver-se-á, dentro deste contexto, o perfil do professor/investigador empreendedor, incentivando as dinâmicas de interacção com as empresas e a criação de novas empresas.

Por outro lado, a FCT deverá privilegiar a atribuição de bolsas aos programas doutorais e não de forma individual aos candidatos; para além dos cursos de doutoramento, devendo ser privilegiados os sistemas de atribuição de bolsas integradas em projectos de l&D e l&D+l. O ensino superior deve ser visto como o suporte da ciência, promovendo uma melhor articulação com a rede de unidades de l&D criadas, nomeadamente com os Laboratórios Associados;

Os estabelecimentos de Ensino Superior devem ser incentivados a orientar os doutorandos nas áreas tecnológicas para temas de desenvolvimento de novos produtos, promovendo programas doutorais em estreita colaboração com as empresas; Como regra, só em situações muito excepcionais deve haver repetição de bolsas de pós-doutoramento. É necessário terminar com uma das piores heranças do modelo actual: uma população com altíssima formação pós-graduada, mas com escasso mercado de emprego;

As unidades de investigação das empresas devem ser os grandes centros de dinamização do emprego qualificado, mobilizando muitos dos doutorados formados, com consequências positivas no aumento do valor acrescentado pela empresa na dimensão empresarial. A dinamização e o crescimento das unidades de l&D privadas podem ser potenciados, permitindo aceder, mediante avaliação, ao estatuto de entidades do sistema científico e tecnológico nacional;

Também a legislação sobre o mecenato deve ser revista, com o objectivo de agilizar e reduzir as tarefas burocráticas com que se defrontam os investigadores e as empresas que recebem ajudas para realizar tarefas de l&D+l. Devem ainda ser valorizadas as disposições legislativas que facilitem a incorporação de investigadores do sector público no sector privado e que dêem uma maior valorização curricular às actividades de transferência de tecnologia;

Finalmente, há que avançar de forma clara no espaço europeu de investigação, aumentando a participação de empresas e centros de investigação nos programas-quadro, atingindo a curto prazo o objectivo mínimo de captar em financiamento um valor idêntico ao peso económico do País. Entre outros factores, devemos apoiar as grandes linhas de investigação industrial, mediante a colaboração público-privada ».
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