ABIC abaixo assinado pela contratos trabalho - e condições?
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ABIC abaixo assinado pela contratos trabalho - e condições?
Recebi recentemente um mail intitulado "ABIC lança abaixo assinado pela adopção de contratos"...
Isto parece muito bonito e importante, mas não existem condições para que tal aconteça... por culpa da própria Ciencia portuguesa (e digo isto sendo eu bolseiro) . A nossa ciencia não é moldada de forma a fazer dinheiro, os nossos estudantes não sabem o que é empreendedorismo, um plano de negócios, como funciona uma patente...
podemos ter muito bons cientistas, mas se não gerarmos dinheiro não podemos pedir que tenhamos descontos e mais isto e mais aquilo...
Alem do mais, por não gerarmos dinheiro é que temos uma ciência com orçamentos muitas vezes ridículos.
Se o governo tiver a obrigação de investir 1,3% do PIB anualmente, a Ciencia portuguesa tem que pelo menos criar 1,3% riqueza nacional... enquanto não o fizer, é uma ciencia doente.
Bom, criticar é muito bonito e fácil, mas eu tambem gosto de dar soluções... aqui a solução é a mudança de mentalidade da próprria Ciencia Portuguesa, orientando pelo menos 70-80% dos orçamentos para a ciência para projectos passíveis de gerar dinheiro (e obviamente conhecimento), de forma a que um dia a Ciencia portuguesa seja SUSTENTÁVEL.
Repito, podemos ter muitos bons cientistas´"per se", mas neste momento todos precisamos dos cientistas que tenham a audácia e a criatividade para ir mais além, gerando dinheiro "científico"... pode parecer chato, mas são dos projectos mais motivantes. Para bem do País e da nossa classe trabalhadora.
Como me disse um dia um meu coordenador Holandês "Um bom cientista é também aquele que consegue fazer dinheiro".
fico-me por aqui, mas muito mais havia para escrever, especialmente no que concerne soluções sustentáveis para a ciência, ao contrário deste "abaixo assinado para contratos de trabalho da ABIC"... tenhamos um pouco de noção da realidade...
Celso Almeida
"Work smart, not hard"
Isto parece muito bonito e importante, mas não existem condições para que tal aconteça... por culpa da própria Ciencia portuguesa (e digo isto sendo eu bolseiro) . A nossa ciencia não é moldada de forma a fazer dinheiro, os nossos estudantes não sabem o que é empreendedorismo, um plano de negócios, como funciona uma patente...
podemos ter muito bons cientistas, mas se não gerarmos dinheiro não podemos pedir que tenhamos descontos e mais isto e mais aquilo...
Alem do mais, por não gerarmos dinheiro é que temos uma ciência com orçamentos muitas vezes ridículos.
Se o governo tiver a obrigação de investir 1,3% do PIB anualmente, a Ciencia portuguesa tem que pelo menos criar 1,3% riqueza nacional... enquanto não o fizer, é uma ciencia doente.
Bom, criticar é muito bonito e fácil, mas eu tambem gosto de dar soluções... aqui a solução é a mudança de mentalidade da próprria Ciencia Portuguesa, orientando pelo menos 70-80% dos orçamentos para a ciência para projectos passíveis de gerar dinheiro (e obviamente conhecimento), de forma a que um dia a Ciencia portuguesa seja SUSTENTÁVEL.
Repito, podemos ter muitos bons cientistas´"per se", mas neste momento todos precisamos dos cientistas que tenham a audácia e a criatividade para ir mais além, gerando dinheiro "científico"... pode parecer chato, mas são dos projectos mais motivantes. Para bem do País e da nossa classe trabalhadora.
Como me disse um dia um meu coordenador Holandês "Um bom cientista é também aquele que consegue fazer dinheiro".
fico-me por aqui, mas muito mais havia para escrever, especialmente no que concerne soluções sustentáveis para a ciência, ao contrário deste "abaixo assinado para contratos de trabalho da ABIC"... tenhamos um pouco de noção da realidade...
Celso Almeida
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Re: ABIC abaixo assinado pela contratos trabalho - e condiçõ
Viva a ciência mercantil!!!c.almeida Escreveu:Recebi recentemente um mail intitulado "ABIC lança abaixo assinado pela adopção de contratos"...
Isto parece muito bonito e importante, mas não existem condições para que tal aconteça... por culpa da própria Ciencia portuguesa (e digo isto sendo eu bolseiro) . A nossa ciencia não é moldada de forma a fazer dinheiro, os nossos estudantes não sabem o que é empreendedorismo, um plano de negócios, como funciona uma patente...
podemos ter muito bons cientistas, mas se não gerarmos dinheiro não podemos pedir que tenhamos descontos e mais isto e mais aquilo...
Alem do mais, por não gerarmos dinheiro é que temos uma ciência com orçamentos muitas vezes ridículos.
Se o governo tiver a obrigação de investir 1,3% do PIB anualmente, a Ciencia portuguesa tem que pelo menos criar 1,3% riqueza nacional... enquanto não o fizer, é uma ciencia doente.
Bom, criticar é muito bonito e fácil, mas eu tambem gosto de dar soluções... aqui a solução é a mudança de mentalidade da próprria Ciencia Portuguesa, orientando pelo menos 70-80% dos orçamentos para a ciência para projectos passíveis de gerar dinheiro (e obviamente conhecimento), de forma a que um dia a Ciencia portuguesa seja SUSTENTÁVEL.
Repito, podemos ter muitos bons cientistas´"per se", mas neste momento todos precisamos dos cientistas que tenham a audácia e a criatividade para ir mais além, gerando dinheiro "científico"... pode parecer chato, mas são dos projectos mais motivantes. Para bem do País e da nossa classe trabalhadora.
Como me disse um dia um meu coordenador Holandês "Um bom cientista é também aquele que consegue fazer dinheiro".
fico-me por aqui, mas muito mais havia para escrever, especialmente no que concerne soluções sustentáveis para a ciência, ao contrário deste "abaixo assinado para contratos de trabalho da ABIC"... tenhamos um pouco de noção da realidade...
Celso Almeida
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Quantos cientistas conseguiram "fazer dinheiro" de maneira imprevisivel? E quantos o fazem com esse intuito e não conseguem nada?
Porque é que os cientistas têem de começar, eles, a fazer esforços (que ja fazem!) e não os poderes publicos?
Um cientista precisa de dinheiro para "criar" dinheiro, não?
Acho excessivo dizer que os responsaveis do mau estado da ciência portuguesa são os proprios cientistas!
"J'ai toujours haï les ténèbres [...]." Jean-Jacques Rousseau
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Eu não . Acho que parte do mau estado da ciência portuguesa é realmente dos cientistas. Mas a verdade é que a ciência portuguesa melhorou muito à conta da entrada de muitos jovens e promissores cientistas desde o início dos anos 90 quando se banalizaram as bolsas de doutoramento. Essas mesmas bolsas de tão banalizadas se tornarem passaram a ser usadas para muitos outros fins para alem da obtenção de graus e são hoje utilizadas para trabalhos científicos que não deveriam ser pagos com bolsas. As bolsas também passaram a ser usadas em trabalhos que os institutos e universidades necessitam e que não tem relação directa com ciência (estou a lembrar-me de trabalho de secretariado, configuração de computadores, retirar virus, escolher e comprar computadores,etc). Estas últimas que estou a falar são feitas por vezes em "full time", isto é, não estou a falar de fazer isso nas horas livres de fazer ciência mas em ser contratado com uma bolsa para fazer essas tarefas a 100%. Depois há os trabalhos de técnico de laboratório e ainda o ponto onde as bolsas são mais injustas a meu ver - nos pós-doutoramentos. Vou repetir o que já disse muitas vezes mas ter um sistema que mantém pessoas com bolsas (descontando o equivalente ao ordenado mínimo para a sua reforma e para os subsídios de doença) até muito depois dos 30 anos é uma das maiores injustiças que se fazem. Era melhor que simplesmente não existissem essas bolsas ... o que resultava em não haver mais doutorados a trabalhar em Portugal.Acho excessivo dizer que os responsaveis do mau estado da ciência portuguesa são os próprios cientistas
Independentemente das ideias meritórias que o colega Celso levanta e que alias eu subscrevo parece-me perfeitamente legítimo que existam condições para o contrato individual de trabalho para os trabalhadores científicos. Não estamos a discutir uma questão directamente ligada a aumentos de salários estamos a falar de direitos mínimos de quem trabalha. Como será a generalidade do vínculo laboral de um pós-doc em Bona na Alemanha?
Eu pessoalmente dificilmente me apanham neste sistema de bolsas outra vez. Só se estivesse muito desesperado (e não haverá algo de errado nesta lógica? pois....)
Pessoalmente não misturaria as condições para se fazer ciência com a discussão legitima se Portugal deve investir em ciência fundamental, ciência aplicada ou em ambas escolhendo que percentagem para cada uma delas. Essa é outra discussão. Interessante... mas outra...
e não me venham com paternalismos... eu acho que tenho uma boa noção da realidade..... se não a tenho que me a contraponham
David
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Para mim era precisamente essa a questão, levantada pelo Celso, e foi a essa questão que tentei rapidamente reagir!Aragao Escreveu: Pessoalmente não misturaria as condições para se fazer ciência com a discussão legitima se Portugal deve investir em ciência fundamental, ciência aplicada ou em ambas escolhendo que percentagem para cada uma delas. Essa é outra discussão. Interessante... mas outra...
E quanto ao investimento do estado ou outros na ciência, ele não se resume ou não se devia resumir a bolsas. Os contratos individuais de trabalho de que falas sao um exemplo!
Depois disto tudo fiquei sem saber qual é ao certo a responsabilidade dos cientistas ?!
David
Acho que parte do mau estado da ciência portuguesa é realmente dos cientistas.
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Só para nomear alguns...Luisa Semedo Escreveu:
Depois disto tudo fiquei sem saber qual é ao certo a responsabilidade dos cientistas ?!
Acho que parte do mau estado da ciência portuguesa é realmente dos cientistas.
- Por um lado:
- Por outro:
David
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Ca para mim em Portugal quere-se sempre construir a casa comecando pelo telhado. Provavelmente e uma questao cultural. Temos a funcao publica minada por chefias de escolha politica, nao baseadas na competencia, a nova presidente do INRB http://forum.bolseiros.org/viewtopic.php?t=1855 e mais um caso paradigmatico. Temos o actual ministro da CTES a criticar a ministra do PSD em 2004, vem para o governo nada faz naquilo que criticou...Aragao Escreveu:Só para nomear alguns...Luisa Semedo Escreveu:
Depois disto tudo fiquei sem saber qual é ao certo a responsabilidade dos cientistas ?!
Acho que parte do mau estado da ciência portuguesa é realmente dos cientistas.
Laxismo, desinteresse, aceitar o status-quo principalmente quando são protegidos ou recebem umas migalhas do próprio sistema. Não compreender o todo e estar mais preocupados apenas com o seu sucesso em particular.
- Por um lado:
Não compreender que não podemos ter medo da avaliação. Que quem é menos competente pode ter de sair para outras funções. Que qualquer direito implica também deveres. Aceitar níveis elevados de exigência.
- Por outro:
David
Quando tomamos consciencia e exigimos aos politicos que nos desgovernam a mesma exigencia que nos estao a pedir?
De resto 'o rei vai nu" como e obvio.
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Deves estar enganado.... a exigência é perto de nula... o problema é esse. E todos assobiamos para o lado nas questões que "nos" convêm. Enquanto for assim é difícil.Paulo J. N. Silva Escreveu:
[snip]
Quando tomamos consciencia e exigimos aos politicos que nos desgovernam a mesma exigencia que nos estao a pedir?
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De qualquer forma acho piada vires responder-me a mim
David
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A questao que pus e que estamos a tentar ser mais papistas que o papa, (nos cientistas) avaliacao, fazer dinheiro etcetera, quando o problema em Portugal e termos governos PSD/CDS ou PS com falta de rigor e exigencia a eles mesmos, e onde se corta? Na ciencia e na cultura certo e sabido.Aragao Escreveu:Deves estar enganado.... a exigência é perto de nula... o problema é esse. E todos assobiamos para o lado nas questões que "nos" convêm. Enquanto for assim é difícil.Paulo J. N. Silva Escreveu:
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Quando tomamos consciencia e exigimos aos politicos que nos desgovernam a mesma exigencia que nos estao a pedir?
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De qualquer forma acho piada vires responder-me a mim
David
O caso do CV do primeiro ministro e mais um a juntar a tantos outros, para que poem uma coisa no CV que depois se sabe nao ser real? http://forum.bolseiros.org/viewtopic.php?t=1862 E isto exigencia, e isto rigor? Dai eu dizer que o Rei vai nu. Por outro lado eu nao concordo que a ciencia tenha de fazer dinheiro, nao no imediato, mas nao tenho duvidas nenhumas que ira faze-lo no medio e longo prazo.
Quem ja fez cursos de entrepreneur sabe que existem ideias que estao avancadas no tempo e mesmo que sejam muito boas nao podem ser aplicadas no presente.
O Celso se esse e o verdadeiro nome, pensa que os outros cientistas andam a ver os comboios, pois eu nao conheco nenhum cientista que nao pense fazer dinheiro com a sua descoberta, mas se e possivel faze-lo e outra coisa.
Na minha perspectiva o fazer dinheiro não estará na essência de ficar rico, mas na essência de realizar projectos que se auto-financiem, incluindo o financiamento do(s) próprio(s) investigador(es). Deste modo libertando os investigadores de outras tarefas não desejadas e tantas vezes um obstáculo na investigação.
Em relação ao comentário do Aragão, acho que sem duvida alguma a avaliação tem que ser um instrumento fundamental em todo o processo. Sem avaliação não há melhoria, nem mérito, nem controlo do que se faz. Não vejo isso como ser mais papista que o papa, mas claro e mais fácil dizer, se os que estão acima de nos não o fazem porque e que nos havemos de fazer.
Com os melhores cumprimentos,
Nelson
Em relação ao comentário do Aragão, acho que sem duvida alguma a avaliação tem que ser um instrumento fundamental em todo o processo. Sem avaliação não há melhoria, nem mérito, nem controlo do que se faz. Não vejo isso como ser mais papista que o papa, mas claro e mais fácil dizer, se os que estão acima de nos não o fazem porque e que nos havemos de fazer.
Com os melhores cumprimentos,
Nelson
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Caro NelsonNCortes Escreveu:Na minha perspectiva o fazer dinheiro não estará na essência de ficar rico, mas na essência de realizar projectos que se auto-financiem, incluindo o financiamento do(s) próprio(s) investigador(es). Deste modo libertando os investigadores de outras tarefas não desejadas e tantas vezes um obstáculo na investigação.
Em relação ao comentário do Aragão, acho que sem duvida alguma a avaliação tem que ser um instrumento fundamental em todo o processo. Sem avaliação não há melhoria, nem mérito, nem controlo do que se faz. Não vejo isso como ser mais papista que o papa, mas claro e mais fácil dizer, se os que estão acima de nos não o fazem porque e que nos havemos de fazer.
Com os melhores cumprimentos,
Nelson
Ja agora, que aparentemente o que estou a dizer nao colhe, porque nao falar no local onde se encontra, e que por sinal auto se financia, certo?
Atraves de spin-offs de novas companhias, royalties, patentes, etc. Se o dinheiro do NSF, DOE, DOS, e outros fundos publicos forem retirados nao ha problema, certo?
Caro Paulo,Paulo J. N. Silva Escreveu:
Caro Nelson
Ja agora, que aparentemente o que estou a dizer nao colhe, porque nao falar no local onde se encontra, e que por sinal auto se financia, certo?
Atraves de spin-offs de novas companhias, royalties, patentes, etc. Se o dinheiro do NSF, DOE, DOS, e outros fundos publicos forem retirados nao ha problema, certo?
Podemos falar de muitos locais diferentes. Mas vamos sempre bater à mesma porta. Jamais sou contra os fundos públicos, mas todos esses fundos NSF, DOE, DOS, DOD, NIH, NASA, etc., tem formas de avaliação periódica e final muito especifica, que por exemplo não vejo neste fundo publico da bolsa de doutoramento. E acho que é esse o ponto que quero passar.
Neste momento, temos uma NIH R03 a decorrer e em final de Agosto o PI tem que apresentar os primeiros resultados específicos, comparativamente aos objectivos propostos, a primeira publicação submetida, por forma à instituição da NIH dizer se o segundo ano ira' continuar a ser financiado ou não.
Acabamos de obter outro fundo (publico) em que se terá que desenvolver um modelo computacional da rede de distribuição de um bem essencial da região onde estamos. O fundo é plurianual, com avaliação anual para prosseguimento. Tivemos um fundo para desenvolver uma sala de cirurgia virtual para alunos de medicina, foi desenvolvido com bastante sucesso, agora o retorno que esta' em estudo é um multi centro de aprendizagem para alunos de medicina - relacionado com cirurgias. Todos estes fundos (e outros directamente relacionados), num estudo recente, promoveram a economia desta região num valor de $400 milhões de USD ao ano.
Enfim perspectivas...
Com os melhores cumprimentos,
Nelson
NCortes
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financiamento
Fico contente primeiramente pela dicussão sobre o texto que escrevi...
comentando alguns textos:
"by Luisa Semedo:
"Viva a ciência mercantil!!!
Quantos cientistas conseguiram "fazer dinheiro" de maneira imprevisivel?"
- Minha cara Luisa, penso que não entendeste a mensagem do meu texto... eu estava a evocar a existência de uma Ciencia Sustentável, não de uma "ciencia mercantil", como lhe chamaste. Esta ciencia sustentável tem váriadissimos factores, como por exemplo a retnabilização da criatividade de jovens cientistas multi-informados, criativos e motivados, ...trata-se de um "ramo" científico causador de grande motivação profissional. Muito bem, podes criticar os meus conceitos, mas tambem não dás soluções. Se a tua solução for baseada no "numero de cientistas que conseguem fazer dinheiro de maneira imprevisivel"... não merece muitos comentários... vamos começar a investir em projectos aleatórios a ver se nos calhava a sorte grande?(pesquisar a existência de bananas no fundo do rio pode levar a que encontremos ouro!).
"by Paula semedo
Porque é que os cientistas têem de começar, eles, a fazer esforços (que ja fazem!) e não os poderes publicos?
Um cientista precisa de dinheiro para "criar" dinheiro, não? "
- Hoje em dia já existem pore exemplo fundos e concursos de ideias em Portugal. O Tecno-empreendedorismo ainda é jovem, mas só vai crescer se houver cientistas criativos, "multi-informados" e motivados. Quanto a ter de ser o "poder publico" a começar a fazer esforços, eu voto já numa petição para pôr o eng. Socrates a esforçar-se para ele próprio ter ideias tecnológicas e desenvolvê-las.... O choque tecnológico tem de ser feito pelos cientistas portugueses, não pelo Socrates. Se nós não nos mostrarmos á altura, isso já não é problema do Socrates.
Alem disso o Tecno-empreendedorismo demorará vários anos a mostrar "lucro" visível.
Já dizia o outro: " não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas o que tu podes fazer pelo teu país".
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by Paulo J. N. Silva
"O Celso se esse e o verdadeiro nome, pensa que os outros cientistas andam a ver os comboios, pois eu nao conheco nenhum cientista que nao pense fazer dinheiro com a sua descoberta, mas se e possivel faze-lo e outra coisa."
- bom, primeiro esse é mesmo o meu nome. A questão que te queria perguntar era se esses cientistas que sempre pensam em fazer dinheiro com a sua descoberta, trabalham aonde? tem empresas próprias? É que todos os trabalhos feitos em Universidades ou empresas´são propriedade dessas universidades ou empresas, nunca dos cientistas... (se estes têm um "bonus" é outra história). Depois temos que ver que há muita ciencia fundamental que nunca poderá ser lucrativa...
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by NCortes
"Na minha perspectiva o fazer dinheiro não estará na essência de ficar rico, mas na essência de realizar projectos que se auto-financiem, incluindo o financiamento do(s) próprio(s) investigador(es). Deste modo libertando os investigadores de outras tarefas não desejadas e tantas vezes um obstáculo na investigação. "
- Exacto, é essa a perspectiva que quero passar! para alem dos factos mencionados, poderemos criar postos de trabalho cientifico(não será isso que os cientistas querem, ou passar uma vida inteira a serem bolseiros?). Alem disso os impostos desse dinheiro empresarial é que deveria ser parte da sustentabilidade da Ciencia, quer para a ciencia fundamental ou para a ciencia empreendedora (esta distinção não se pode sequer fazer, porque podemos fazer ciencia fundamental e ver claramente uma possível rentabilização).
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A questão dos fundos publicos pode ser comparada com, por exemplo, o mundo do teatro... tenho amigos que se queixam por não haver subsidios suficientes para o teatro, mas não será melhor aproveitar esses subsidios para fazer teatro mais "do povo" de forma a encher as casas de publico, e com a bilheteira sustentabilizar o teatro? Se for necessário um teatro de vez em quando mais comercial, pois que se faça! O Estado não é o nosso paizinho que nos tem de financiar tão e somente porque somos uma classe importante na sociedade! Aliás, se conseguirmos demonstrar que fazendo ciencia podemos tambem ter muitos lucros, ganharemos mais respeito destes economistas, gestores e advogados que compõem os governos.
O que nos falta (aos cientistas e população em geral) é espirito de empreendedorismo... não tem nada a ver com empresas, tem a ver com o querer construir algo que nasce á partida nas nossas cabeças e que é impossível de fazer sem a força dinamizada pela auto-motivação.
Os Descobrimentos foram aventuras empreendedoras, mas até estas tinham fins económicos. Não se andavam a descobrir "novos mundos" para irem lá outros aproveitar os recursos. Porque é que então será considerado blasfémia apostar mais na ciencia com probabilidade de render financeiramente? Ideias temos todos muitas, agora força para tentar rentabilizá-las só está ao alcance de alguns, tão e simplesmente porque é preciso mesmo muita força e motivação.
Por ultimo queria referir que todas as vossas respostas têm mencionado somente as bolsas... o investimento em ciência empreendedora irá trazer tambem EMPREGO CIENTIFICO, este sim, o tal que já vem com descontos para a segurança social...
A base de toda a nossa discussão é uma: tem de haver financiamento para a os cientistas e para a ciencia. Mas penso que os conceitos são muito gerais para serem discutidos nestas mensagens, podem dar origem a mal entendidos.
Mais tarde ou mais cedo temos que começar com as tertúlias em cafés!
Celso
comentando alguns textos:
"by Luisa Semedo:
"Viva a ciência mercantil!!!
Quantos cientistas conseguiram "fazer dinheiro" de maneira imprevisivel?"
- Minha cara Luisa, penso que não entendeste a mensagem do meu texto... eu estava a evocar a existência de uma Ciencia Sustentável, não de uma "ciencia mercantil", como lhe chamaste. Esta ciencia sustentável tem váriadissimos factores, como por exemplo a retnabilização da criatividade de jovens cientistas multi-informados, criativos e motivados, ...trata-se de um "ramo" científico causador de grande motivação profissional. Muito bem, podes criticar os meus conceitos, mas tambem não dás soluções. Se a tua solução for baseada no "numero de cientistas que conseguem fazer dinheiro de maneira imprevisivel"... não merece muitos comentários... vamos começar a investir em projectos aleatórios a ver se nos calhava a sorte grande?(pesquisar a existência de bananas no fundo do rio pode levar a que encontremos ouro!).
"by Paula semedo
Porque é que os cientistas têem de começar, eles, a fazer esforços (que ja fazem!) e não os poderes publicos?
Um cientista precisa de dinheiro para "criar" dinheiro, não? "
- Hoje em dia já existem pore exemplo fundos e concursos de ideias em Portugal. O Tecno-empreendedorismo ainda é jovem, mas só vai crescer se houver cientistas criativos, "multi-informados" e motivados. Quanto a ter de ser o "poder publico" a começar a fazer esforços, eu voto já numa petição para pôr o eng. Socrates a esforçar-se para ele próprio ter ideias tecnológicas e desenvolvê-las.... O choque tecnológico tem de ser feito pelos cientistas portugueses, não pelo Socrates. Se nós não nos mostrarmos á altura, isso já não é problema do Socrates.
Alem disso o Tecno-empreendedorismo demorará vários anos a mostrar "lucro" visível.
Já dizia o outro: " não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas o que tu podes fazer pelo teu país".
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"O Celso se esse e o verdadeiro nome, pensa que os outros cientistas andam a ver os comboios, pois eu nao conheco nenhum cientista que nao pense fazer dinheiro com a sua descoberta, mas se e possivel faze-lo e outra coisa."
- bom, primeiro esse é mesmo o meu nome. A questão que te queria perguntar era se esses cientistas que sempre pensam em fazer dinheiro com a sua descoberta, trabalham aonde? tem empresas próprias? É que todos os trabalhos feitos em Universidades ou empresas´são propriedade dessas universidades ou empresas, nunca dos cientistas... (se estes têm um "bonus" é outra história). Depois temos que ver que há muita ciencia fundamental que nunca poderá ser lucrativa...
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"Na minha perspectiva o fazer dinheiro não estará na essência de ficar rico, mas na essência de realizar projectos que se auto-financiem, incluindo o financiamento do(s) próprio(s) investigador(es). Deste modo libertando os investigadores de outras tarefas não desejadas e tantas vezes um obstáculo na investigação. "
- Exacto, é essa a perspectiva que quero passar! para alem dos factos mencionados, poderemos criar postos de trabalho cientifico(não será isso que os cientistas querem, ou passar uma vida inteira a serem bolseiros?). Alem disso os impostos desse dinheiro empresarial é que deveria ser parte da sustentabilidade da Ciencia, quer para a ciencia fundamental ou para a ciencia empreendedora (esta distinção não se pode sequer fazer, porque podemos fazer ciencia fundamental e ver claramente uma possível rentabilização).
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A questão dos fundos publicos pode ser comparada com, por exemplo, o mundo do teatro... tenho amigos que se queixam por não haver subsidios suficientes para o teatro, mas não será melhor aproveitar esses subsidios para fazer teatro mais "do povo" de forma a encher as casas de publico, e com a bilheteira sustentabilizar o teatro? Se for necessário um teatro de vez em quando mais comercial, pois que se faça! O Estado não é o nosso paizinho que nos tem de financiar tão e somente porque somos uma classe importante na sociedade! Aliás, se conseguirmos demonstrar que fazendo ciencia podemos tambem ter muitos lucros, ganharemos mais respeito destes economistas, gestores e advogados que compõem os governos.
O que nos falta (aos cientistas e população em geral) é espirito de empreendedorismo... não tem nada a ver com empresas, tem a ver com o querer construir algo que nasce á partida nas nossas cabeças e que é impossível de fazer sem a força dinamizada pela auto-motivação.
Os Descobrimentos foram aventuras empreendedoras, mas até estas tinham fins económicos. Não se andavam a descobrir "novos mundos" para irem lá outros aproveitar os recursos. Porque é que então será considerado blasfémia apostar mais na ciencia com probabilidade de render financeiramente? Ideias temos todos muitas, agora força para tentar rentabilizá-las só está ao alcance de alguns, tão e simplesmente porque é preciso mesmo muita força e motivação.
Por ultimo queria referir que todas as vossas respostas têm mencionado somente as bolsas... o investimento em ciência empreendedora irá trazer tambem EMPREGO CIENTIFICO, este sim, o tal que já vem com descontos para a segurança social...
A base de toda a nossa discussão é uma: tem de haver financiamento para a os cientistas e para a ciencia. Mas penso que os conceitos são muito gerais para serem discutidos nestas mensagens, podem dar origem a mal entendidos.
Mais tarde ou mais cedo temos que começar com as tertúlias em cafés!
Celso
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Re: financiamento
Como é que se pode esperar "ter lucros" com as ciências humanas, nomeadamente com a Filosofia, que é o meu caso? Ou propoes uma filosofia mais comercial? Ou sugeres, como ja ouvi neste forum, que de qualquer maneira as ciências sociais e humanas não sao ciências, (e que se ainda por cima nao dao lucro)?c.almeida Escreveu:
A questão dos fundos publicos pode ser comparada com, por exemplo, o mundo do teatro... tenho amigos que se queixam por não haver subsidios suficientes para o teatro, mas não será melhor aproveitar esses subsidios para fazer teatro mais "do povo" de forma a encher as casas de publico, e com a bilheteira sustentabilizar o teatro? Se for necessário um teatro de vez em quando mais comercial, pois que se faça! O Estado não é o nosso paizinho que nos tem de financiar tão e somente porque somos uma classe importante na sociedade! Aliás, se conseguirmos demonstrar que fazendo ciencia podemos tambem ter muitos lucros, ganharemos mais respeito destes economistas, gestores e advogados que compõem os governos.
O estado nao deve ser paternalista, o individuo também deve ser motor do seu proprio futuro, mas o estado somos todos nos, e o estado é também uma filosofia, uma certa maneira de acreditar na vida em comum, uma certa maneira de pensar a vida e o mundo que queremos para os nossos filhos. E nesse mundo ha espaço também para o que nao da lucro, nomeadamente a arte não comercial!
Boa ideia a das tertulias no café!
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O problema de a ciência não se auto sustentar está directamente relacionado com as políticas do governo e com a opinião pública.
Por um lado o governo diz que temos de ter mais doutorados para igualar a média Europeia, mas lá está, faz apenas o necessário para melhorar nesse aspecto. A opinião pública diz "sim senhor, estamos a ter mais doutorados", mas o facto é que o cidadão comum que nada tem a ver com a ciência não sabe o problema que está a ser criado na "cadeia de valor científico" mais à frente. Não sabe que quando esses doutorandos passarem a doutorados vão ter inúmeros problemas para arranjar emprego e pior, mesmo que arranjem muitos deles não serão em nada beneficiados por terem esse grau. Com mais azar ainda, talvez sejam penalizados, porque esse doutoramento lhes tirou anos de experiência.
O Governo não cria medidas que por um lado mudem a opinião pública (se tornem mais visíveis, que ataquem o problema e que façam ver o real problema) e por outro lado as medidas que vemos serem lançadas a conta gotas são, sinceramente, muito fracas. Ter de andar a penar 3 anos num pós-doc para entrar no programa de inserção de doutorados e coisas afins, é brincar, a meu ver, com a vida das pessoas.
Esse espírito empreendedor tem de começar por cima. Têm de haver medidas que aliciem o tecido empresarial, que evidenciem as mais valias que os jovens cientistas podem trazer (isto claro, se os programas doutorais e de outros tipos de bolsas traduzirem necessidades para o país, mas isso já é outra conversa).
Depois aí sim haverá mais abertura ao canal empresa-universidade. Infelizmente as empresas ainda preferem pagar balúrdios a consultoras por serviços e trabalhos que muitas vezes um mero estagiário poderia fazer, já para não dizer na qualidade de muitos bolseiros que é desperdiçada.
Estabelecido esta via de comunicação, as universidades e laboratórios têm de apostar mais no marketing da casa. O problema é não haver esta cultura, muitas vezes bolseiros ou coordenadores perdem imenso tempo a lutar por ninharias, tem de haver pessoal formado nesta área, que saiba aproximar-se deste tipo de objectivos. Tem de haver uma aproximação muito grande, um know-how aplicado rápida e eficazmente, um "partir a pedra" eficaz que permita mostrar em pouco tempo o que se pode fazer em determinado projecto.
Por fim, outro aspecto que ainda tem de melhorar muito neste país é haver uma indepedência muito grande entre áreas. As colaborações só poderão ser benéficas e poupar tempo e neurónios a muita gente. E isto explica-se com um exemplo muito simples: hoje em dia as soluções informáticas são uma mais valia e são muito frequentes. Mas normalmente se houver um engenheiro mecânico ou químico a fazer uma modelação qualquer, se calhar essa mesma pessoa não terá grandes conhecimentos para fazer uma interface à altura. Eu falo por mim: eu sei de programação matemática, mas desenvolver uma interface para aquilo que eu faço, além de ter de ser auto-didacta tenho a noção que ficará uma coisa arcaica no final...
Esta visão continua na gaveta e eu pergunto-me por mais quanto tempo?!?
Por um lado o governo diz que temos de ter mais doutorados para igualar a média Europeia, mas lá está, faz apenas o necessário para melhorar nesse aspecto. A opinião pública diz "sim senhor, estamos a ter mais doutorados", mas o facto é que o cidadão comum que nada tem a ver com a ciência não sabe o problema que está a ser criado na "cadeia de valor científico" mais à frente. Não sabe que quando esses doutorandos passarem a doutorados vão ter inúmeros problemas para arranjar emprego e pior, mesmo que arranjem muitos deles não serão em nada beneficiados por terem esse grau. Com mais azar ainda, talvez sejam penalizados, porque esse doutoramento lhes tirou anos de experiência.
O Governo não cria medidas que por um lado mudem a opinião pública (se tornem mais visíveis, que ataquem o problema e que façam ver o real problema) e por outro lado as medidas que vemos serem lançadas a conta gotas são, sinceramente, muito fracas. Ter de andar a penar 3 anos num pós-doc para entrar no programa de inserção de doutorados e coisas afins, é brincar, a meu ver, com a vida das pessoas.
Esse espírito empreendedor tem de começar por cima. Têm de haver medidas que aliciem o tecido empresarial, que evidenciem as mais valias que os jovens cientistas podem trazer (isto claro, se os programas doutorais e de outros tipos de bolsas traduzirem necessidades para o país, mas isso já é outra conversa).
Depois aí sim haverá mais abertura ao canal empresa-universidade. Infelizmente as empresas ainda preferem pagar balúrdios a consultoras por serviços e trabalhos que muitas vezes um mero estagiário poderia fazer, já para não dizer na qualidade de muitos bolseiros que é desperdiçada.
Estabelecido esta via de comunicação, as universidades e laboratórios têm de apostar mais no marketing da casa. O problema é não haver esta cultura, muitas vezes bolseiros ou coordenadores perdem imenso tempo a lutar por ninharias, tem de haver pessoal formado nesta área, que saiba aproximar-se deste tipo de objectivos. Tem de haver uma aproximação muito grande, um know-how aplicado rápida e eficazmente, um "partir a pedra" eficaz que permita mostrar em pouco tempo o que se pode fazer em determinado projecto.
Por fim, outro aspecto que ainda tem de melhorar muito neste país é haver uma indepedência muito grande entre áreas. As colaborações só poderão ser benéficas e poupar tempo e neurónios a muita gente. E isto explica-se com um exemplo muito simples: hoje em dia as soluções informáticas são uma mais valia e são muito frequentes. Mas normalmente se houver um engenheiro mecânico ou químico a fazer uma modelação qualquer, se calhar essa mesma pessoa não terá grandes conhecimentos para fazer uma interface à altura. Eu falo por mim: eu sei de programação matemática, mas desenvolver uma interface para aquilo que eu faço, além de ter de ser auto-didacta tenho a noção que ficará uma coisa arcaica no final...
Esta visão continua na gaveta e eu pergunto-me por mais quanto tempo?!?
Assistant Professor - DEG/IST/UTL
Sócia da ABIC
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Concordo a 100% com o que a Susana Relvas escreveu.
Acrescentaria que, o empreendorismo é realmente muito importante e há pouco empreendormismo em Portugal. Que esse factor tem de ser alterado para que possamos crescer mais e melhor. Nos últimos tempos tive várias conversas com o Prof. António Câmara (Professor na FCT-UNL e CEO da empresa YDreams) e ele estima que será necessário em cada 1000 doutorados que pelo menos dois ou três criem uma empresa... e que desses dois ou três de possa sair uma empresa viável por mais de 5 anos. Ele diz que se isso, é a normalidade dos paises desenvolvidos, e se isso acontecer portugal dentro de alguns anos poderá a ter a sorte de ter uma empresa como as que geraram o youtube (comprado pelo google recentemente) ou que geraram outras de sucesso internacional. Se isso não acontecer significa que algo está mal com os doutoramentos e pós-graduações em Portugal... porque realmente número não significa qualidade. Ele diz ainda que para que desses 1000 apareçam 2 ou 3... não significa pensar que o dinheiro de investigação deva ser todo aplicado em investigação aplicada.... que isso é uma ideia errada. É da investigação menos aplicada que saem as ideias mais revolucionárias e que mais dinheiro dão.
O problema da ciência portuguesa não é tão simples como falta de ciência aplicada. Mas talvez falta de avaliação equilibrada, justa e sem maroscas da ciência que se realiza. Premiar quem realmente trás coisas novas e boas e penalizar os que nada trazes e apenas jogam bem o jogo das redes de amigos. Dar condições aos jovens cientistas de qualidade para que com a sua creatividade façam ciência de qualidade. Alias colocaram aqui no fórum uma notícia sobre algumas destas questões:
http://forum.bolseiros.org/viewtopic.php?p=7036#7036
Agora deixo uma nota sobre 3 ou 4 casos que tive conhecimento recentemente. São pessoas com pós-graduações, mestrados e doutoramentos que foram convidados a integrar empresas na condição de o IEFP pagar metade dos seus ordenados, isto é, a empresa paga metade e o empregador paga a outra metade. Isto é possível porque tinham realizado formação académica recentemente e é ao abrigo de programas de contratação de pós-graduados. Agora o problema está que em duas das empresas se pede que devolvam parte do ordenado pago pela empresa caso contrário não lhes dão contrato no final... e o contrato no final vai ser por 60% do ordenado actual. Claro que essas duas pessoas recusaram e estão neste momento no estrangeiro. Enquanto houver esta filosofia é difícil mudar as coisas.
David
Acrescentaria que, o empreendorismo é realmente muito importante e há pouco empreendormismo em Portugal. Que esse factor tem de ser alterado para que possamos crescer mais e melhor. Nos últimos tempos tive várias conversas com o Prof. António Câmara (Professor na FCT-UNL e CEO da empresa YDreams) e ele estima que será necessário em cada 1000 doutorados que pelo menos dois ou três criem uma empresa... e que desses dois ou três de possa sair uma empresa viável por mais de 5 anos. Ele diz que se isso, é a normalidade dos paises desenvolvidos, e se isso acontecer portugal dentro de alguns anos poderá a ter a sorte de ter uma empresa como as que geraram o youtube (comprado pelo google recentemente) ou que geraram outras de sucesso internacional. Se isso não acontecer significa que algo está mal com os doutoramentos e pós-graduações em Portugal... porque realmente número não significa qualidade. Ele diz ainda que para que desses 1000 apareçam 2 ou 3... não significa pensar que o dinheiro de investigação deva ser todo aplicado em investigação aplicada.... que isso é uma ideia errada. É da investigação menos aplicada que saem as ideias mais revolucionárias e que mais dinheiro dão.
O problema da ciência portuguesa não é tão simples como falta de ciência aplicada. Mas talvez falta de avaliação equilibrada, justa e sem maroscas da ciência que se realiza. Premiar quem realmente trás coisas novas e boas e penalizar os que nada trazes e apenas jogam bem o jogo das redes de amigos. Dar condições aos jovens cientistas de qualidade para que com a sua creatividade façam ciência de qualidade. Alias colocaram aqui no fórum uma notícia sobre algumas destas questões:
http://forum.bolseiros.org/viewtopic.php?p=7036#7036
Agora deixo uma nota sobre 3 ou 4 casos que tive conhecimento recentemente. São pessoas com pós-graduações, mestrados e doutoramentos que foram convidados a integrar empresas na condição de o IEFP pagar metade dos seus ordenados, isto é, a empresa paga metade e o empregador paga a outra metade. Isto é possível porque tinham realizado formação académica recentemente e é ao abrigo de programas de contratação de pós-graduados. Agora o problema está que em duas das empresas se pede que devolvam parte do ordenado pago pela empresa caso contrário não lhes dão contrato no final... e o contrato no final vai ser por 60% do ordenado actual. Claro que essas duas pessoas recusaram e estão neste momento no estrangeiro. Enquanto houver esta filosofia é difícil mudar as coisas.
David
Wolf Credo: "Respect the elders, Teach the young, Cooperate with the pack, Play when you can, Hunt when you must, Rest in between, Share your affections, Voice your feelings, Leave your mark."
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O problema é em Portugal as coisas funcionarem sempre à última da hora, por atacado e para tapar buracos. Depois acaba-se por se apostar no mais vistoso, o que não significa que seja o melhor.
Dá-se muito valor ao impacto que as medidas têm mas não se pensa nas consequências! E isto acontece aos pontapés!... Ainda ontem estava a falar ao almoço com o meu orientador sobre as medidas de melhoria de ensino, que é um projecto no IST, e falava-se que foi disponibilizado um montante de dinheiro enorme para se comprar a licença de um software, mas quando foi proposto que houvessem algumas pessoas a terem formação nesse software, foi recusado... Temos as armas mas ninguém sabe mexer nelas...
Depois é a questão de cá só se pensar em números: normalmente números que representam dinheiro ou então ter muitos bolseiros, doutorandos, doutorados, pós-docs, mas não interessa o que eles andavam a fazer, desde que o sejam... Isto é muito grave e daqui por uns anos vamos ter a média europeia, não tenho dúvida, mas vamos ter um problema social muito grande, além de que os números não são iguais a excelência na ciência (não esotu a descurar os jovens investigadores mas sim quem os gere...)
Dá-se muito valor ao impacto que as medidas têm mas não se pensa nas consequências! E isto acontece aos pontapés!... Ainda ontem estava a falar ao almoço com o meu orientador sobre as medidas de melhoria de ensino, que é um projecto no IST, e falava-se que foi disponibilizado um montante de dinheiro enorme para se comprar a licença de um software, mas quando foi proposto que houvessem algumas pessoas a terem formação nesse software, foi recusado... Temos as armas mas ninguém sabe mexer nelas...
Depois é a questão de cá só se pensar em números: normalmente números que representam dinheiro ou então ter muitos bolseiros, doutorandos, doutorados, pós-docs, mas não interessa o que eles andavam a fazer, desde que o sejam... Isto é muito grave e daqui por uns anos vamos ter a média europeia, não tenho dúvida, mas vamos ter um problema social muito grande, além de que os números não são iguais a excelência na ciência (não esotu a descurar os jovens investigadores mas sim quem os gere...)
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