Olá !
Estou a pensar concorrer ao próximo concurso de bolsas, mas tenho um problema para o qual solicito os vossos comentários, informações, ou alguém que sinta o mesmo problema, e que desde já agradeço.
Para se apresentar a candidatura à bolsa, tem que se ter já um orientador, e uma Instituição, e o candidato a bolseiro deve colocar o nome de um e de outro no formulário da candidatura.
Agora imaginem que a pessoa não obteve bolsa...
1)- A pessoa tinha procurado, e tinha há conseguido um orientador, que se comprometeu com a pessoa. A pessoa também se comprometeu com o orientador.
2)- Houve uma candidatura aos estudos a serem feitos (doutoramento ou pós-doutoramento). Para isso, houve uma reunião (falo no meu caso), para os professores da Instituição de acolhimento aprovarem ou não a candidatura (geralmente, uma Comissão Científica). A candidatura foi aprovada pela Instituição, tendo-se o candidato comprometido com a Instituição, e a tendo-se a Instituição comprometido em aceitar o candidato.
3)- As inscrições na Universidade ou na Instituição são no início do ano lectivo, ou no final do ano lectivo anterior. Tem que se pagar para se ficar inscrito.
Ora, o que fazer se depois de se ter conseguido um orientador, uma Instituição, e se ter pago a inscrição, não se obter bolsa ?
Isto é uma situação terrível, pois depois de se ter pago a inscrição na Universidade, a pessoa afinal já não prossegue os estudos, pois não obteve bolsa.
Além disso, o candidato conseguiu obter um orientador, e conseguiu que a Instituição, em reunião, tivesse aceite a sua candidatura (o que não é nada fácil). Com que cara é que a pessoa depois chega junto do orientador, e da Instituição ? dizer simplesmente : olhe, afinal já não vou fazer o doutoramento (ou o pós-doutoramento). Em muitos casos o orientador fala com a Instituição ou com o chefe da Instituição, para o candidato ser aceite (nomeadamente para pós-doutoramento). Ora, se o candidato não tiver tido bolsa, também o orientador fica numa situação incómoda perante a Instituição...
Como fazer ? voltar a concorrer no ano seguinte ? e voltar a pedir ao mesmo orientador e à mesma Instituição ? e se voltar a não ter bolsa ? o orientador certamente já não quer, para não correr o risco de voltar a acontecer o mesmo e não ficar outra vez na situação incómoda perante a Instituição.
Há que mudar de orientador e de Instituição, para eles não pensarem que ando a brincar com eles, ao andar anos seguidos a pedir para entrar e fazer o doutoramento, e a pagar a inscrição, e nunca o chegar a fazer ? Nem sempre é fácil conseguir um orientador e ser aceite por uma Instituição de acolhimento...
Estou a pensar em candidatar-me a uma Instituição, e ser aceite por essa Instituição de acolhimento não é nada fácil. Ora, e se me aceitarem e depois não tiver bola o que faço ? Devo apresentar a candidatura à Instituição para ser admitido, só depois de saber se tive bolsa ? Mas assim como é arriscado ter uma Instituição e depois não ter bolsa, também é arriscado ter bolsa e depois não ter Instituição. Imaginemos que a pessoa indica apenas o nome da Instituição de acolhimento, sem ter formalizado a candidatura á Instituição (de modo a não cair no risco de ter sido aceite pela Instituição e não ter bolsa). Tendo sabido que obteve bolsa, a pessoa candidata-se então à Instituição de acolhimento. Ora, mas assim pode acontecer a situação inversa : a pessoa corre o risco de, tendo tido bolsa, depois não ter uma Instituição de acolhimento, apesar de ter indicado o nome de uma Instituição, pois quem garante que a pessoa vai ser aceite pela Instituição ?
Como fazer ? Estou num circulo vicioso, como certamente muitos mais candidatos, ou que já estiveram nele. Como o resolveram ? como o resolver ?
Agradeço encarecidamente a vossa ajuda, comentário, ou informação.
Obrigado !
Instituição e depois bolsa, ou bolsa e depois Instituição ?
Re: Instituição e depois bolsa, ou bolsa e depois Instituiçã
Faço-me as mesmas perguntas há dois anos e ainda não compreendi como é que há tão poucas pessoas a manifestarem as mesmas dúvidas/problemas e como é que, ano após ano, não vejo esta questão debatida como um dos principais obstáculos no que toca a candidaturas a BD.
Para mim o facto de os concursos a BD apenas abrirem em Julho, com resultados a saírem por volta de Dezembro, inviabiliza por completo a minha candidatura. As inscrições para o doutoramento que pretendo começam em Agosto (como creio que acontece com a grande maioria dos cursos em Portugal). Nessa altura tenho que me inscrever, podendo o pagamento de propinas ficar suspenso até saber resultado por parte da FCT. Até Dezembro não pago, mas também não recebo.
Quando em Dezembro saem os resultados, no caso de não me ser atribuída BD - o que no actual estado de coisas é um cenário provável - posso desistir do doutoramento, mas fico também com uma dívida à instituição pelo tempo que lá estive efectivamente a estudar sem pagar propinas. Outros problemas se levantam: muitos destes cursos funcionam no limiar do exequível, com números de alunos muito reduzidos. Se em Dezembro houver uma debandada dos poucos alunos que já tinham a própria concretização do curso, já a meio do ano lectivo fica em causa; em Dezembro muitos doutoramentos já estão em fase de avaliações, trabalhos foram entregues, notas possivelmente atribuídas, tudo isso vai por água abaixo? Mesmo do ponto de vista da sinstituições acho isto completamente insustentável e, reafirmo, admira-me que isto seja tão pouco debatido...
Se pelo menos a FCT permitisse que o plano de trabalhos apenas se iniciasse no ano lectivo seguinte (Setembro do ano seguinte) uma pessoa ainda podia candidatar-se com um ano de antecedência...
Para mim a maneira como os regulamentos e os concursos estão desenhados é simplesmente contra-natura, vai contra todos os prazos a que temos que estar sujeitos e coloca-nos - a nós e às instituições que ministram os cursos - numa situação de enorme incerteza. Tudo se resolveria facilmente se os concursos abrissem em Fevereiro/Março, como se faz em tantos outros países. Por estes motivos, para mim é completamente impossível uma candidtaura a BD.
Para mim o facto de os concursos a BD apenas abrirem em Julho, com resultados a saírem por volta de Dezembro, inviabiliza por completo a minha candidatura. As inscrições para o doutoramento que pretendo começam em Agosto (como creio que acontece com a grande maioria dos cursos em Portugal). Nessa altura tenho que me inscrever, podendo o pagamento de propinas ficar suspenso até saber resultado por parte da FCT. Até Dezembro não pago, mas também não recebo.
Quando em Dezembro saem os resultados, no caso de não me ser atribuída BD - o que no actual estado de coisas é um cenário provável - posso desistir do doutoramento, mas fico também com uma dívida à instituição pelo tempo que lá estive efectivamente a estudar sem pagar propinas. Outros problemas se levantam: muitos destes cursos funcionam no limiar do exequível, com números de alunos muito reduzidos. Se em Dezembro houver uma debandada dos poucos alunos que já tinham a própria concretização do curso, já a meio do ano lectivo fica em causa; em Dezembro muitos doutoramentos já estão em fase de avaliações, trabalhos foram entregues, notas possivelmente atribuídas, tudo isso vai por água abaixo? Mesmo do ponto de vista da sinstituições acho isto completamente insustentável e, reafirmo, admira-me que isto seja tão pouco debatido...
Se pelo menos a FCT permitisse que o plano de trabalhos apenas se iniciasse no ano lectivo seguinte (Setembro do ano seguinte) uma pessoa ainda podia candidatar-se com um ano de antecedência...
Para mim a maneira como os regulamentos e os concursos estão desenhados é simplesmente contra-natura, vai contra todos os prazos a que temos que estar sujeitos e coloca-nos - a nós e às instituições que ministram os cursos - numa situação de enorme incerteza. Tudo se resolveria facilmente se os concursos abrissem em Fevereiro/Março, como se faz em tantos outros países. Por estes motivos, para mim é completamente impossível uma candidtaura a BD.
Re: Instituição e depois bolsa, ou bolsa e depois Instituiçã
Rotiv, você mistura duas situações, bolsas de doutoramento e pós-doc, que a meu ver só têm em comum os factos de serem bolsas e haver alguém designado como orientador. Num doutoramento você efectivamente inscreve-se na universidade, irá obter um grau académico no final para o qual terá de elaborar e defender uma dissertação, é formalmente um estudante, provavelmente tem de frequentar cadeiras (acredito que haverá casos em que isso não acontece, e há uns anos não teria de o fazer, mas actualmente a maioria dos programas de dout. exigirá frequência de cadeiras, pelo menos nas ciências exactas), está em princípio muito mais dependente do seu orientador, e possivelmente no centro da sua questão, tem de pagar propinas. Já num pós-doc, pelo menos na minha área, não tem de pagar propinas (pelo menos na maior parte das instituições), tem um vínculo muito menor com a universidade, não vai obter nenhum grau académico, e ainda que tenha formalmente um orientador, tem em princípio muito mais independência. No fundo, tem um trabalho com um "vínculo laboral" de bolseiro.
A meu ver, se não receber bolsa, e como tal não tiver meios de subsistência, pelo menos dados pela investigação que faz (e o orientador obviamente sabe de antemão que nada garante que tenha bolsa), à partida é de esperar que não prossiga o doutoramento ou pós-doc, e ninguém lhe deveria levar a mal que não o queira fazer. Claro que poderá haver alguns orientadores mais complicados que levem isso a mal. É a vida. Acredito que a maior parte não levará a mal e estará à espera disso mesmo.
Boa sorte.
A meu ver, se não receber bolsa, e como tal não tiver meios de subsistência, pelo menos dados pela investigação que faz (e o orientador obviamente sabe de antemão que nada garante que tenha bolsa), à partida é de esperar que não prossiga o doutoramento ou pós-doc, e ninguém lhe deveria levar a mal que não o queira fazer. Claro que poderá haver alguns orientadores mais complicados que levem isso a mal. É a vida. Acredito que a maior parte não levará a mal e estará à espera disso mesmo.
Boa sorte.
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- cientista regular
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Re: Instituição e depois bolsa, ou bolsa e depois Instituiçã
Sim, mas no meu caso (pós-doc), a minha proposta de pós-doutoramento, além de ter que procurar um orientador inacessível, sendo algo dificil conseguir obtê-lo,até porque há poucos nessa área, há ainda a registar o facto de ter que apresentar um projecto de investigação, que vai ser proposto a uma comissão científica, que votará a minha entrada no centro de Investigação, um Centro de Investigação onde também é difícil entrar.
Ora, se depois de ter conseguido tudo isso, não obtiver bolsa, vejam a grande bronca !...
Haverá aqui alguém que já passou pela mesma situação ? como a solucionou ?
Ora, se depois de ter conseguido tudo isso, não obtiver bolsa, vejam a grande bronca !...
Haverá aqui alguém que já passou pela mesma situação ? como a solucionou ?
Re: Instituição e depois bolsa, ou bolsa e depois Instituiçã
Olá de novo.Rotiv Escreveu:Sim, mas no meu caso (pós-doc), a minha proposta de pós-doutoramento, além de ter que procurar um orientador inacessível, sendo algo dificil conseguir obtê-lo,até porque há poucos nessa área, há ainda a registar o facto de ter que apresentar um projecto de investigação, que vai ser proposto a uma comissão científica, que votará a minha entrada no centro de Investigação, um Centro de Investigação onde também é difícil entrar.
Ora, se depois de ter conseguido tudo isso, não obtiver bolsa, vejam a grande bronca !...
Haverá aqui alguém que já passou pela mesma situação ? como a solucionou ?
Eu suponho que o que fala aqui:
Suponho que se refira a algo interno ao centro de investigação, e separado do concurso de bolsas.ter que apresentar um projecto de investigação, que vai ser proposto a uma comissão científica, que votará a minha entrada no centro de Investigação, um Centro de Investigação onde também é difícil entrar.
Conforme disse anteriormente, creio que o seu orientador estará ciente que pode não obter bolsa e nesse caso provavelmente não fará o pós-doc. A menos que seja um centro no estrangeiro (e mesmo que não conheçam as especificidades das bolsas portuguesas, duvido que estejam à espera que vá trabalhar sem bolsa) ou você lhe tenha dito o contrário, ou seja, lhe tenha dito que quer trabalhar no projecto mesmo que não tenha bolsa.
Será sempre preciso consultar o regulamento do concurso de 2014, quando ele for conhecido. No entanto, se for como nos anos anteriores, tanto quanto sei, você para BPD apenas terá de concorrer com um orientador definido, mas não tem de ter vínculo à instituição.
Assim, a minha opinião relativamente ao que entendo da situação é que você deve falar com o seu orientador quanto ao que ele acha que se deve fazer.
Se ele puser a decisão nas suas mãos, parece-me que o mais seguro para evitar as situações que me parece que teme será você concorrer com ele sem submeter nada ao centro e, caso obtenha bolsa, então logo trata dessa aprovação pela Comissão Científica do seu centro de investigação (e custa-me a crer que, se tiver já bolsa, não aceitem o projecto) e demais burocracias. Terá um espaço de 6 meses depois de saírem os resultados para tratar da burocracia.
Boa sorte.
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- recém-chegado
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Re: Instituição e depois bolsa, ou bolsa e depois Instituiçã
Olá Rotiv,Rotiv Escreveu:Sim, mas no meu caso (pós-doc), a minha proposta de pós-doutoramento, além de ter que procurar um orientador inacessível, sendo algo dificil conseguir obtê-lo,até porque há poucos nessa área, há ainda a registar o facto de ter que apresentar um projecto de investigação, que vai ser proposto a uma comissão científica, que votará a minha entrada no centro de Investigação, um Centro de Investigação onde também é difícil entrar.
Ora, se depois de ter conseguido tudo isso, não obtiver bolsa, vejam a grande bronca !...
Haverá aqui alguém que já passou pela mesma situação ? como a solucionou ?
foi isso mesmo que aconteceu a mim no ano passado. O facto de não ter obtido a bolsa de PD (e a discrepância entre a avaliação do projecto dentro da instituição e a na avaliação da bolsa) foi o argumento com peso suficiente para justificar a minha saída. Ninguém ficou chateado (OK, a minha possível orientadora ficou mas também entende que um investigador precisa de remuneração). Não te preocupes com isso, o facto de não obtiver bolsa é de facto completamente aleatório da tua vontade, e os orientadores também normalmente entendem a situação.
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- cientista regular
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Re: Instituição e depois bolsa, ou bolsa e depois Instituiçã
Pode também acontecer a situação contrária : a pessoa não se preocupar muito com a Instituição, ter falado apenas com um professor para ser orientador, este ter dito que sim, e apostar tudo na candidatura à bolsa, e quanto ao resto logo se vê. Ora, e se a pessoa tiver obtido bolsa da FCT, tiver posto o nome de um orientador que depois já não quer ou não pode, e sobretudo se a pessoa formalizar a candidatura à Instituição (tendo obtido bolsa), e depois não ser admitida pela Instituição ?
O que fazer ? Alguém aqui já teve esta situação ou algo semelhante ?
O que fazer ? Alguém aqui já teve esta situação ou algo semelhante ?
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- cientista assíduo
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Re: Instituição e depois bolsa, ou bolsa e depois Instituiçã
Olá,Rotiv Escreveu:Sim, mas no meu caso (pós-doc), a minha proposta de pós-doutoramento, além de ter que procurar um orientador inacessível, sendo algo dificil conseguir obtê-lo,até porque há poucos nessa área, há ainda a registar o facto de ter que apresentar um projecto de investigação, que vai ser proposto a uma comissão científica, que votará a minha entrada no centro de Investigação, um Centro de Investigação onde também é difícil entrar.
Ora, se depois de ter conseguido tudo isso, não obtiver bolsa, vejam a grande bronca !...
Haverá aqui alguém que já passou pela mesma situação ? como a solucionou ?
Sinceramente eu também concordo que ninguém te poderá levar a mal, basta ser humano para entender uma desistência no caso de não se conseguir bolsa e, além disso, que te avalia e quem te irá orientar está perfeitamente consciente da situação que vivemos no presente em Portugal, por isso, é mais do que compreensivel que não consigas prosseguir sem financiamento. Ao que acresce o facto de que, se o teu projeto é aprovado pela comissão científica é porque a instituição aposta nele, tu não tens culpa se a FCT com todos estes cortes não fizer o mesmo, isso não invalida que não tenha pernas para andar embora possa invalidar a sua concretização. penso que depois do corte brutal do ano passado até aqueles que não estavam despertos para as dificuldades de financiamento da investigação no nosso país agora é impossível não estarem!
No meu caso, no ano passado fiz o ano curricular do doutoramento como trabalhadora mas como estou a recibos verdes nem tenho estatuto de trabalhador-estudante, ou seja, fiz tudo na modalidade a "tempo inteiro" com um esfoço incrível para pagar propinas e conciliar com o trabalho... Candidatei-me a BD mas não consegui. apresentei o projeto que foi aceite e avaliado com 18; registei o tema da tese e estou no segundo ano exatamente na mesma situação... cada vez mais difícil... Tudo isto para te dizer que, a minha orientadora, embora acredite muito no meu trabalho, e com quem converso muito sobre isto, ela compreende perfeitamente se eu decidir desistir ou suspender porque entende o quão incomportável se torna. E estou a falar de doutoramento! Imagino que em Pós-doutoramento nem sequer haja a possibilidade de conciliares com mais nada. Acima de tudo somos pessoas e temos direitos, capacidades e limitações, assim como aqueles que nos avaliam e que, por isso mesmo têm que compreender o que está em jogo numa situação destas!
Desejo-te muita sorte, e tudo de bom!
Sandra