Tributação de bolsas de investigação em IRS

Coloca perguntas a qualquer dos bolseiros que por aqui passem.
spca
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por spca »

Mais uma...
Fonte: http://visao.sapo.pt/ciencia-bolseiros- ... ro=f663755
Ciência: Bolseiros de investigação isentos de IRS - Ministro
Lusa - Esta notícia foi escrita nos termos do Acordo Ortográfico
19:37 Quinta feira, 10 de Mai de 2012

Lisboa, 10 mai (Lusa) - O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, assegurou hoje que os bolseiros de investigação científica estão isentos de IRS, afirmando que o seu ministério e o das Finanças estão de acordo.

Respondendo a uma questão da deputada socialista Elsa Pais sobre a indefinição do estatuto do trabalho dos bolseiros de investigação, Nuno Crato garantiu que "o que for trabalho de investigação independente, está assegurado que não é tributado em sede de IRS".

"As bolsas concedidas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia continuam a não estar sujeitas a tributação em sede de IRS", reiterou, citando o entendimento a que se chegou no Governo.

spca
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por spca »

Segue mais duas notícias, onde espero estar melhor esclarecida a questão do que são bolseiros "trabalhadores dependentes".

Fonte: http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Int ... t_id=49089
Bolseiros de investigação estão isentos de IRS


10 de Maio, 2012
O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, assegurou hoje que os bolseiros de investigação científica estão isentos de IRS, afirmando que o seu ministério e o das Finanças estão de acordo.

Respondendo a uma questão da deputada socialista Elsa Pais sobre a indefinição do estatuto do trabalho dos bolseiros de investigação, Nuno Crato garantiu que "o que for trabalho de investigação independente, está assegurado que não é tributado em sede de IRS".

"As bolsas concedidas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia continuam a não estar sujeitas a tributação em sede de IRS", reiterou, citando o entendimento a que se chegou no Governo.

A confusão sobre se os bolseiros teriam que declarar IRS foi levantada por uma orientação da Autoridade Tributária que dizia que estavam abrangidos pelo regime de trabalho dependente.

Nuno Crato salientou que os rendimentos dos bolseiros de investigação "não constituem rendimentos de trabalho dependente, salvo se se verificar a prestação de trabalho sob a autoridade e direção da entidade de acolhimento".

Assim, não são "enquadráveis como rendimentos da categoria A" do IRS, e estão isentas se "a entidade de acolhimento não beneficiar de vantagens proporcionadas pelo bolseiro", reiterou.

Lusa / SOL
Fonte: Público, edição paga, 11/5/2012
Bolseiros "independentes" isentos de IRS
Por João d"Espiney

Nuno Crato anunciou no Parlamento que os bolseiros que são trabalhadores dependentes vão ser tributados

Os bolseiros de investigação com estatuto de trabalhador independente vão continuar isentos do pagamento de IRS. Já os que são trabalhadores dependentes vão começar a ser tributados. A novidade foi anunciada ontem, no Parlamento, pelo ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato.

Questionado durante a interpelação do PS sobre políticas educativas sobre o braço-de-ferro entre o seu ministério e o das Finanças sobre esta questão, Nuno Crato anunciou que, na sequência das reuniões entre a Autoridade Tributária (AT) e a FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia (que paga as bolsas), ficou decidido que só os bolseiros dependentes são obrigados a declarar no IRS o valor que receberam. Já os independentes irão continuar a ficar isentos. "As importâncias recebidas dos contratos ao abrigo do Estatuto do Bolseiro de Investigação não constituem rendimentos de trabalho dependente, salvo quando se verifique a existência de prestação de trabalho "sob autoridade e a direcção" da entidade de acolhimento", afirmou o ministro, garantindo que "as bolsas de investigação concedidas pela FCT continuam a não estar sujeitas a tributação em sede de IRS desde que, no âmbito de uma análise casuística, se verifique o cumprimento das condições referidas, o que está a ser analisado pela Autoridade Tributária e Aduaneira em colaboração com a FCT."

Em causa está o facto de o fisco ter começado a exigir a muitos bolseiros o pagamento dos seus apoios na declaração do IRS. A FCT entende, porém, que as bolsas devem estar isentas por falta de norma tributária". Em causa estão mais de nove mil bolseiros, segundo Ana Teresa Pereira, presidente da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, citada pela DN no dia 28 de Abril. A porta-voz do ministro, Renata Ramalho, revelou ao PÚBLICO que, "na última semana, a FCT e a AT estiveram reunidas no sentido de clarificar o enquadramento fiscal das bolsas de investigação".

Esta foi a principal novidade de um debate que ficou marcado pelas duras críticas do PS, PCP e BE às políticas de Crato. Carlos Zorrinho, líder da bancada do PS, acusou o ministro de estar "a hipotecar o futuro dos portugueses" com os "cortes cegos e as normas impensáveis que estão a asfixiar a escola e a universidade" e "a matar a ciência".

Echuu
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por Echuu »

Continuo sem perceber...

Um bolseiro independente é, por ex., um bolseiro de doutoramento, enquanto que um bolseiro dependente é, por ex., alguém que teve uma bolsa inserida num projecto FCT ou não-FCT?

José M.
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por José M. »

Realmente, ninguem parece saber o que é um "bolseiro dependente". Que depende de uma instituição, de um laboratório?

Acho que as finanças estão a exigir ao Ministro Nuno Crato, que bolseiros ligados a centros ou laboratórios pagem IRS.

Seria importante que algum deputado, ou jornalista, tivesse perguntado isso ontem ao Ministro.

Sou da opinião que se deve exigir a integração de todos os bolseiros no regime normal da segurança social e claro nas finanças como trabalhadores dependentes.

Infelizmete, a ABIC e partidos à esquerda têm, erradamente (na minha opinião, claro), gasto os cartuxos a pedir aumentos das bolsas. O que é um disparate.

Por exemplo, nos EUA, as bolsas de doutoramento estão ao nivel do salário minimo. Os bolseiros FCT que vao para o outro lado do atlantico ganham muito mais que os seus colegas! O mesmo se passa no Reino Unido.

spca
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por spca »

Echuu Escreveu:Continuo sem perceber...

Um bolseiro independente é, por ex., um bolseiro de doutoramento, enquanto que um bolseiro dependente é, por ex., alguém que teve uma bolsa inserida num projecto FCT ou não-FCT?
Parece-me que um "bolseiro independente" será o "caso normal" (até porque "As bolsas concedidas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia continuam a não estar sujeitas a tributação em sede de IRS") e o "bolseiro dependente" será o tal caso de "se verificar a prestação de trabalho sob a autoridade e direção da entidade de acolhimento", seja lá o que for que isto quer dizer - possivelmente, por exemplo, uma secretária do departamento que é paga através de uma bolsa.

Creio que nos casos de bolsas em que é declarado explicitamente "isento de IRS", como acontece nas BD e BPD, não teremos de nos preocupar muito.

Infelizmente certezas não tenho de nada...

José M.
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por José M. »

Penso que não vale a pena estar a olhar para os regulamentos.

Está visto que as Finanças estão a forçar uma nova intrepretação do que é ser bolseiro. Mas ainda não ficou decidido como vai funcionar essa nova tributação.

Mas deduzo que a intenção é cobrar IRS aos bolseiros que não estão diretamente ligados à FCT.

Cortaram os 13º e 14º meses de salário à função pública e também não estava no "regulamento", mas aconteceu!

BrunoCoutinho
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por BrunoCoutinho »

José M. Escreveu:Realmente, ninguem parece saber o que é um "bolseiro dependente". Que depende de uma instituição, de um laboratório?

Acho que as finanças estão a exigir ao Ministro Nuno Crato, que bolseiros ligados a centros ou laboratórios pagem IRS.

Seria importante que algum deputado, ou jornalista, tivesse perguntado isso ontem ao Ministro.

Sou da opinião que se deve exigir a integração de todos os bolseiros no regime normal da segurança social e claro nas finanças como trabalhadores dependentes.

Infelizmete, a ABIC e partidos à esquerda têm, erradamente (na minha opinião, claro), gasto os cartuxos a pedir aumentos das bolsas. O que é um disparate.

Por exemplo, nos EUA, as bolsas de doutoramento estão ao nivel do salário minimo. Os bolseiros FCT que vao para o outro lado do atlantico ganham muito mais que os seus colegas! O mesmo se passa no Reino Unido.
O que a ABIC quer é que os bolseiro entrem no regime normal da segurança social, mas que o valor das bolsas seja aumentado para que os bolseiros depois dos descontos recebam pelo menos o mesmo.

E em relação aos EUA, tenho duas coisas a dizer.

A primeira é que se existe um pais em que os alunos de doutoramento são desvalorizados, mal pagos e só se da valor ao trabalho que gera dinheiro imediatamente, não sei porque isso seria um bom exemplo.

A segunda é que é mentira que os alunos de doutoramento com bolsas de lá recebem o ordenado mínimo, e que o valor que a FCT paga é maior.

Não sei se depende da universidade, mas na que estou e em todas as que vi os valores das bolsas são praticamente os mesmos (considerando as desvalorização que o euro teve claro), e cerca de 2 x o ordenado. (um bocado menos, mas o ordenado mínimo lá depende do estado).

Falar do ordenado mínimo nos estados unidos é complicado. Cada estado tem um diferente, depende do tipo de trabalho (trabalhos em que se recebe gorjetas têm um ordenado mínimo de cerca de 1/3 do normal) e em alguns estados todas as pessoas recebem bem mais do que isso.

E para mais a bolsa da FCT não chega para estudar lá, temos sempre de acumular com uma bolsa de lá para pagar parte das propinas.

José M.
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por José M. »

- Brown University anual stipend for grad students: $20500year = 1305euros/mes
(e este valor implica que as pessoas tenham de ensinar durante alguns semestres)

- FCT BD no estrangeiro 1710euros/mes
(no teaching required!)

É preciso procurar uma universidade TOP para ter valores maiores:
Carnegie Mellon University $2400mes = 1800euros/mes

As bolsas FCT no estrangeiro nunca deveriam existir!!

BrunoCoutinho
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por BrunoCoutinho »

AlexB Escreveu:Nesta materia, estao bolsas de doutoramento em pe de iguadade com outras bolsas de investigacao(tipo post-doc, etc)?

Eu tenho uma BD, e o meu contracto e um contracto de bolsa de investigacao e os meus estatutos sao os mesmos que qualquer outro bolseiro.

Como e? Um estudante de BD pode vir a pagar IRS sendo alguem que esta a obter um grau academico?

Confuso...
Se fores pago directamento pela FCT não ah problema. Se fores pago pelo grupo de investigação... é confuso. Essas bolsas têm os mesmo valores que as bolsas de doutoramento (BI), e estatutos iguais. Agora dizerem que essas têm de pagar e as BD não, não faz sentido.

Eu não declarei a minha BI do ano passado :S.

AlexB
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por AlexB »

José M. Escreveu:- Brown University anual stipend for grad students: $20500year = 1305euros/mes
(e este valor implica que as pessoas tenham de ensinar durante alguns semestres)

- FCT BD no estrangeiro 1710euros/mes
(no teaching required!)

É preciso procurar uma universidade TOP para ter valores maiores:
Carnegie Mellon University $2400mes = 1800euros/mes

As bolsas FCT no estrangeiro nunca deveriam existir!!

Não vejo o que há de errado em a FCT oferecer bolsas a estudantes no estrangeiro que sejam semelhantes às bolsas do país em questão. São raros os países que oferecem bolsas a estrangeiros (por exemplo no Reino Unido é muito dificil um português ser financiado por instituições locais), portanto se não for a FCT a possibilitar esta oportunidade a investigadores portugueses não é ninguém.

E este "fugir" de bolseiros para o estrangeiro não é completamente uma fuga de cérebros pois nas publicações, por exemplo, a referência FCT e Portugal aparece sempre.

Sobre o valor das bolsas, só para dar um exemplo, no Reino Unido a bolsa de doutoramento ronda os 1450 Euros + uma fatia para despesas para viagens a conferências. Por isso, no final, acaba por ser quase o mesmo.

BrunoCoutinho
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por BrunoCoutinho »

José M. Escreveu:- Brown University anual stipend for grad students: $20500year = 1305euros/mes
(e este valor implica que as pessoas tenham de ensinar durante alguns semestres)

- FCT BD no estrangeiro 1710euros/mes
(no teaching required!)

É preciso procurar uma universidade TOP para ter valores maiores:
Carnegie Mellon University $2400mes = 1800euros/mes

As bolsas FCT no estrangeiro nunca deveriam existir!!
Não sei como é nessa universidade, mas normalmente year = 8 meses. No verão existem umas bolsas especiais.

Os aluno com bolsas de fct têm de dar algumas aulas a mesma (ou outro tipo de trab) para pagar parte das propinas.

Concordo com o facto das bolsas no estrangeiro não serem boa ideia, saem caras, e as vezes nem existe retorno para o país.

ssneves
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por ssneves »

Caros colegas,

Nesta minha longa mensagem vou fugir ao assunto deste tópico que é relativo à possível tributação das bolsas de investigação e, por isso, desde já peço-vos desculpa.

Sobre as notícias divulgadas ontem nos meios de comunicação:
A ABIC ainda não teve acesso a qualquer documento ou resposta oficial sobre o assunto do IRS e, por isso, não podemos ainda esclarecer os colegas sobre as decisões que terão sido tomadas pelo governo.

Em Março passado, a ABIC apresentou detalhadamente o "problema do IRS" e as bolsas de investigação à tutela (Ministério de Educação e Ciência, e Secretaria de Estado da Ciência), assim como à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), mas até ao momento não nos foi dada qualquer resposta nem tivemos acesso a quaisquer decisões entretanto tomadas. Num contacto recente com a Presidência da FCT foi-nos dito que a FCT já tinha emitido um parecer que apresentou à tutela, mas não nos foi transmitida qualquer informação sobre o conteúdo desse parecer.

Quando a ABIC tiver acesso a informações claras sobre o assunto do IRS e as bolsas de investigação - e não apenas acesso a notícias pouco claras na imprensa - divulgaremos amplamente a informação também neste Fórum.

Os restantes comentários desta minha mensagem visam responder a algumas afirmações transmitidas neste Fórum que não estão correctas ou são incompletas.

Agradeço desde já ao colega "spca" as suas contribuições que, como tantas vezes neste Fórum, já escreveu várias mensagens que vão no sentido de esclarecer afirmações de outros colegas.

O comentário (em baixo) onde se sugere que a ABIC só se interessa ou tem defendido o aumento das bolsas não representa de maneira nenhuma todo o trabalho que tem sido desenvolvido pela ABIC nos últimos anos. Passo a citar algumas destas iniciativas.

Entre outras iniciativas, em 2007, a ABIC divulgou publicamente, e entregou ao governo e partidos, uma "Proposta de Alteração do Estatuto dos Bolseiros de Investigação" (PAEBI). Este documento inclui, entre outras propostas, a realização de contratos de trabalho para a maior parte dos bolseiros (que já não estão em formação) e a melhoria das condições da Segurança Social, incluindo a integração no regime geral da Segurança Social.
Por favor, vejam o PAEBI: http://www.bolseiros.org/pdfs/PAEBI.pdf

É verdade que a ABIC desenvolveu no passado algumas iniciativas que se focaram no pedido de actualização/aumentos de bolsas, mas estas iniciativas aconteceram em anos onde houve aumentos generalizados nos salários dos trabalhadores, enquanto as bolsas de investigação continuavam (e continuam) congeladas há largos anos (desde 2002). Podem dizer-me que outros profissionais em Portugal que exerçam actividade equivalente a trabalho dependente não recebem aumentos ou não veêm os seus rendimentos actualizados desde há 10 anos?

Em qualquer caso, o principal objectivo da ABIC foi sempre a alteração do estatuto legal dos bolseiros, com a substituição da figura da bolsa por contratos de trabalho para todos os "falsos" bolseiros (pessoal contratado com "bolsa de investigação" para a realização de trabalho de investigação ou técnico ou para a prestação de serviços em instituições ou empresas), e defendendo a melhoria das condições sociais para as situações de formação curricular e iniciação científica onde ainda se admite a figura da bolsa de investigação.

No fundo, o que a ABIC tem defendido vai ao encontro das recomendações da Carta Europeia do Investigador e do Código de Conduta para o Recrutamento de Investigadores:
http://ec.europa.eu/euraxess/pdf/brochu ... _en-pt.pdf

Versão em inglês do "The European Charter for Researchers" e "The Code of Conduct for the Recruitment of Researchers":
http://ec.europa.eu/euraxess/pdf/brochu ... _EN_E4.pdf

Relembro agora iniciativas mais recentes da ABIC:

Em Fevereiro deste ano (2012), a ABIC apresentou formalmente na Assembleia da República (AR) uma petição "Pela alteração do Estatuto do Bolseiro de Investigação" que recolheu mais de 5000 assinaturas, facto este que obriga à discussão em plenário desta petição (a agendar num futuro próximo). O texto completo desta petição assim como todos os documentos relativos à discussão da petição, que incluem relatórios e a resposta do actual governo, podem ser consultados nesta página:

Petição Nº 94/XII/1 "Pela alteração do Estatuto do Bolseiro de Investigação":
http://www.parlamento.pt/ActividadeParl ... x?ID=12206

Antes da apresentação formal desta petição, a ABIC reuniu também com os grupos parlamentares do PSD, PS, CDS e BE. Anteriormente, nomeadamente no período que antecedeu as eleições legislativas de 2011, a ABIC solicitou reuniões a todos os partidos com representação parlamentar e concretizou reuniões com PSD, CDS, BE, PCP e "Os Verdes". Em todas estas reuniões, a necessidade do reconhecimento laboral dos bolseiros e da alteração do nosso regime de Segurança Social foi discutida e defendida pela ABIC.

No âmbito da discussão da petição (acima referida), a ABIC foi também recebida e ouvida pela Comissão de Educação, Ciência e Cultura, da Assembleia da República, a 28 Fev. 2012.

A gravação áudio completa desta audição está disponível nesta página:
http://www.parlamento.pt/ActividadeParl ... ?bid=92290

Os colegas podem ouvir aquilo que os representantes da ABIC transmitiram e defenderam na AR nesta audição. Se não tiverem oportunidade de ouvir a gravação por inteiro (~ 49 min), sugiro que oiçam pelo menos a primeira intervenção da ABIC, que é logo no início da reunião. A seguir falaram vários deputados, do PS (Elza Pais), do PCP (Miguel Tiago), do CDS (Michael Seufert), do BE (Ana Drago), e do PSD (Duarte Marques). Depois seguiu-se uma nova intervenção da ABIC, onde se responderam questões colocadas sobre o regime de Segurança Social dos bolseiros e foram apresentados exemplos de "falsas bolsas".

Portanto, sugerir que o único que a ABIC fez ou faz é pedir aumentos de bolsas é injusto e não representa de modo algum todo o trabalho desenvolvido por colegas da actual e anteriores Direcções da ABIC. Lembro que a ABIC não é uma figura abstracta - O trabalho na ABIC é desenvolvido por (poucos) bolseiros de investigação que dão muito ou todo o seu tempo livre para desenvolver o trabalho da associação. Os bolseiros que trabalham na ABIC têm naturalmente também o seu trabalho de investigação para desenvolver como todos os outros bolseiros.

Na mensagem em baixo inclui-se também um comentário onde se compara o valor das bolsas de doutorandos em vários países. Quando se fazem estas comparações convém explicar todas as diferenças e não apenas aquelas que parecem sugerir que as bolsas portuguesas são fabulosas.

Para quem não saiba esclareço que os colegas que realizam doutoramentos noutros países e que, nalguns casos, recebem bolsas de valor inferior às bolsas portuguesas (no estrangeiro), não estão sujeitos a qualquer regime de exclusividade, podendo, por isso, realizar livremente actividades remuneradas de qualquer tipo para aumentar os seus rendimentos. Obviamente que, o facto de estes doutorandos precisarem por vezes de realizar outros trabalhos para poderem sobreviver durante o doutoramento não é uma situação desejável para ninguém e não favorece a realização de trabalho doutoral de elevada qualidade.

Efectivamente, alguns colegas que realizam doutoramentos noutros países também não têm boas condições para realizar condignamente o seu trabalho, essas más condições têm sido também muito criticadas nesses países e, nalguns aspectos, têm vindo a ser melhoradas na última década, nomeadamente no que se refere aos benefícios sociais e seguros de saúde. Por exempo, nos Estados Unidos (USA) existe uma grande disparidade nas condições oferecidas pelas instituições aos investigadores que realizam doutoramento (ou pós-doutoramento), sendo que as instituições ditas de topo são, regra geral, também aquelas que oferecem melhores condições de remuneração e outros benefícios aos seus doutorandos e outros investigadores. Especialmente em áreas muito competitivas, as instituições sabem bem que para atrair os melhores candidatos/profissionais têm também que oferecer as melhores condições de remuneração e de trabalho.

Naturalmente que não é desejável "copiar" o que é mau noutros países, devemos sim seguir e adaptar os bons exemplos de outros países ou instituições estrangeiras. Por exemplo, podemos começar por seguir os exemplos de muitos países (USA, UK, Espanha, França, etc, etc) onde o trabalho de pós-doutoramento é sempre realizado com contratos de trabalho a termo. Os colegas não se enganem com os termos "postdoctoral fellowships", porque muitas senão todas as postdoctoral fellowships têm subjacente um contrato de trabalho onde não existem quaisquer dúvidas sobre o reconhecimento do estatuto de trabalhador desses investigadores, que têm os direitos e os deveres de outros profissionais, incluindo o de pagamento de IRS (ou equivalente).

Termino por sugerir a todos os colegas que escrevam à ABIC (geral@abic-online.org) e apresentem as suas sugestões e ideias, e que também se disponibilizem para o trabalho que, na vossa opinião, deve ser desenvolvido pela ABIC, para que as iniciativas propostas possam vir a ser concretizadas. E claro, façam-se sócios da ABIC, para que também possam escolher aqueles que na vossa opinião devem ser os representantes dos bolseiros.

Com os melhores desejos,
Susana

-------------------
Susana Neves
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José M. Escreveu:Realmente, ninguem parece saber o que é um "bolseiro dependente". Que depende de uma instituição, de um laboratório?

Acho que as finanças estão a exigir ao Ministro Nuno Crato, que bolseiros ligados a centros ou laboratórios pagem IRS.

Seria importante que algum deputado, ou jornalista, tivesse perguntado isso ontem ao Ministro.

Sou da opinião que se deve exigir a integração de todos os bolseiros no regime normal da segurança social e claro nas finanças como trabalhadores dependentes.

Infelizmete, a ABIC e partidos à esquerda têm, erradamente (na minha opinião, claro), gasto os cartuxos a pedir aumentos das bolsas. O que é um disparate.

Por exemplo, nos EUA, as bolsas de doutoramento estão ao nivel do salário minimo. Os bolseiros FCT que vao para o outro lado do atlantico ganham muito mais que os seus colegas! O mesmo se passa no Reino Unido.

mikex
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por mikex »

José M. Escreveu:- Brown University anual stipend for grad students: $20500year = 1305euros/mes
(e este valor implica que as pessoas tenham de ensinar durante alguns semestres)

- FCT BD no estrangeiro 1710euros/mes
(no teaching required!)

É preciso procurar uma universidade TOP para ter valores maiores:
Carnegie Mellon University $2400mes = 1800euros/mes

As bolsas FCT no estrangeiro nunca deveriam existir!!
Eu o valor que conheço mais elevado nos EUA é de $25.000 (sempre sujeito a impostos), mas obviamente que não conheço todas as milhares de instituições que existem no país.
Na minha universidade (região de DC) são $19.000 (sendo obrigados a trabalhar 20 horas por semana). Se o critério do limiar de pobreza que se aplica em Portugal fosse aplicado na região metropolitana de DC isto era bastante abaixo do limiar de pobreza...
Sobre o ano só ter «8 meses» (na minha univ. por acaso são 9, mas não sei é exceção) e haver subsídios no Verão, há quando os há. No meu grupo de trabalho, são 6 pessoas (+ eu que tenho bolsa da FCT e por isso não trabalho para a universidade) e para já só há financiamento para o Verão para 2 delas. O ano passado houve para 3. Para os outros chapéu (e sendo todos eles estrangeiros as opções de emprego são bastantes limitadas).
Sobre não haver sítios que ofereçam financiamento a estrangeiros, esse não é certamente o caso dos EUA, onde a maioria dos estudantes de doutoramento a tempo inteiro (a grande grande maioria com financiamento da universidade) são estrangeiros.
E o salário mínimo nacional para empregos que não recebem gorjeta nos EUA é de $7,25 por hora. Depois cada Estado pode ter valores mínimos superiores a esse (p.e. na Califórnia são $8) - e também há Estados que, por motivos maioritariamente ideológicos, têm valores inferiores, mas a lei federal nesse caso sobrepõe-se.

ricardo.figueiredo
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por ricardo.figueiredo »

José M. Escreveu:As bolsas FCT no estrangeiro nunca deveriam existir!!
A sério? É preciso descer a este ponto? A inveja é tão grande, meu deus...

Eu estou a fazer o doutoramento em Lisboa, mas não tenciono de forma alguma ficar cá depois de o concluir. No fim de contas, a FCT vai ter o logotipo e uma menção de agradecimento nos artigos que publicar, e nada mais. Exactamente o mesmo que os colegas portugueses que estão no estrangeiro, em particular nos EUA.

Este tipo de atitude, mesquinha e invejosa, além lamentável, não fica nada bem aos olhos dos contribuintes em geral. E, acreditem, a última coisa que queremos agora é a opinião pública a olhar-nos com desconfiança.

mariadascouves
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por mariadascouves »

Mais um esclarecimento do BE, para tomarem conhecimento. Convém seguir as páginas do partido e da assembleia relativas a estas questões, pois o BE tem tomado diversas iniciativas:

"Caro/a investigador/a,

O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda enviou diversas perguntas ao Ministério da Educação e Ciência sobre a situação do pagamento das bolsas aos candidatos ao concurso de formação avançada de 2011, sobre a situação tributária dos bolseiros de investigação e, mais recentemente, sobre o atraso informado pela presidência da FCT, das bolsas em execução.

Enviamos em anexo as perguntas e as respetivas respostas que nos chegaram desde o inicio da semana. Se preferir, as mesmas também podem ser consultadas no site do parlamento, aqui.

Agradecemos que as leiam com atenção e que as divulguem se assim considerarem relevante. De forma sucinta, o Ministério nas respostas relativas ao pagamento das bolsas remete-nos mais ou menos para os dados estatísticos que já tinham sido enviados em email aos bolseiros pela FCT. Em relação à cobrança em sede de IRS dos bolseiros de investigação cientifica, o Ministério volta a referir que tal pode acontecer em situações casuísticas, dependendo da análise da bolsa em causa. Sobre esta última, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda considera que entra em clara contradição com o Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica e ainda com o próprio Código de IRS, logo trata-se a nossa ver de um ato ilegal por parte do governo e que deve merecer, por parte dos bolseiros, uma ação nas instâncias competentes.

Melhores cumprimentos,

Margarida Santos"
Última edição por mariadascouves em sexta jul 13, 2012 11:17 am, editado 1 vez no total.

schutz
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Re: Tributação de bolsas de investigação em IRS

Mensagem por schutz »

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