@Bruno, o problema de que falas não tem a ver com
bolsas de investigação mas sim como um
emprego de investigador, que deverá ser considerado à parte desta discussão. Não acho, consequentemente, que um doutoramento seja trabalho, e não poderia estar mais em desacordo com isso.
Penso que a melhor solução quanto às aulas seria dar a possibilidade de estas serem ou não nadas de acordo com as ambições e potencial de cada aluno de doutoramento (não tenho conhecimento que o nosso estado obrigue os alunos de doutoramento (mesmo com BD) a dar aulas.
@Amavel, tb não concordo com o pagamento por publicações. Grande parte do que se apanha hoje em dia num motor de pesquisa afim, é lixo. A pressão para publicar (subir no cargo ou salário mais alto) está provado ser um fiasco. Acho que uma alternativa realmente justa e eficaz seria premiar pessoas com publicações em conferências de escala A (apenas) e eventualmente distinguidas na conferencia (best paper, best 10% papers).
Além deste ponto, concordo com tudo o que disseste.
DC Escreveu:Verdade seja dita, não vejo porque, no geral, há-de o Estado português financiar doutoramentos feitos em universidades fora de Portugal.
Eu acho que o governo português tem interesse em mandar pessoal lá para fora, mas acho que uma cláusula inevitável aí é o facto desse mesmo pessoal
regressar e aplicar
cá o que aprendeu fora.
DC Escreveu:Se por um lado percebo que um doutoramento feito numa universidade top10 mundial possa ser positivo, financiar doutoramentos no estrangeiro em locais de prestigio idêntico aos que existem em Portugal, não me parece uma mais valia.
Percebo o que queres dizer e até posso concordar até certa medida, mas não podemos adoptar isto. Na minha área de investigação (sistemas heterogéneos de computação científica) os melhores grupos nesta área são em universidades mais abaixo ou igual no ranking que as nossas universidades cá em Portugal (no Brasil e na França).
Outro exemplo, um amigo meu de medicina foi dar uma acção de formação ao Benin, em África (salvo erro uma unidade hospitalar). Sabias que eles são considerados os melhores do mundo a fazer amputações? Sempre que há uma infecção mais severa, lá amputam o membro, sendo que têm muitos meios e experiência em fazê-lo. Não é o exemplo mais alegre, mas a verdade é que uma universidade como Cambridge ou Oxford a mim não me diz absolutamente nada na minha área.
DC Escreveu:A questão das colaborações fora Portugal poderia ser fácilmente resolvida com os períodos no estrangeiro já existentes. Porque não haver um tipo de bolsa único, uma mistura de bolsas mistas e nacionais, onde um bolseiro pode ter ou não ter períodos no estrangeiro, e se tiver estará limitado a um máximo de 2 anos num total de quatro anos?
Acho que seria difícil controlar, já ouvi casos de pessoas que passam em PT 5 meses por ano e dizem à FCT (com o apoio dos orientadores) que passam o ano todo fora. Mas seria uma ideia interessante se refinada, de facto!