Que opinião queremos, na sociedade, para os bolseiros?

Discussão das prioridades para a melhoria das condições enquanto jovens investigadores e as estratégias a seguir para as atingir.
Regras do Fórum
"Prioridades e estratégias"; cujo objectivo é a discussão daquilo que os bolseiros consideram ser as prioridades para a melhoria das suas condições enquanto jovens investigadores e as estratégias a seguir para atingir os objectivos propostos.
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Alfredo Baptista
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Que opinião queremos, na sociedade, para os bolseiros?

Mensagem por Alfredo Baptista »

Por experiência própria, fui muitas vezes tratado com algum desdém e desconforto, nomeadamente em instituições bancárias, quando pedi um crédito para habitação. Também já tive problemas quando solicitei um subsídio para aluguer de casa. Quanto a mim, isto demonstra um enorme desconhecimento da população e até dos organismos do Estado em relação á nossa actividade profissional. Fui visto como um híbrido, e uma vez um funcionário bancário sintetizou essa sensação muito bem: após eu ter recusado aplicações financeiras que dariam benefícios fiscais, disse-lhe que não me interessavam visto eu não pagar IRS. Resposta pronta: "ah, então o senhor é desses..."

Este forum pretende, segundo a minha intenção, congregar experiências relativas à interface entre os bolseiros e a sociedade, bem como apontar soluções e culpados por este distanciamento e até desconfiança relativamente aos bolseiros. Pretende também contribuir com esclarecimentos a dar a outros bolseiros que estão a passar por situações semelhantes às que descrevi.

Aragao
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Mensagem por Aragao »

também senti no inicio algumas das atitudes que descreves de parte de instituicoes bancarias e outras. Acabei por alterar a minha forma de acção e deixei de sentir esses "problemas".

O primeiro deles foi a profissão. Em certas situações deixei de dizer bolseiro ou estudante e passei a dizer o nome da licenciatura que tenho.
Nas questoes dos rendimentos sou frequentemente abordado pelos gestores de conta das minhas contas no banco para abrir contas de credito à habitação, por exemplo. A resposta que dou "os meus rendimentos não são dedutiveis de IRS" não tem despontado a reação "então é desses..." se bem que por vezes não entendem à primeira o que significa o que lhes disse e continuam a tentar "vender-me" a dita conta ou serviço que permite abater no IRS no final do ano :)

É verdade que nem sempre as coisas são tão faceis mas tenho seguido o lema "a imagem/opinião que a sociedade tem dos bolseiros" é a que lhe der.

Um possivel bom tema para ser discutido aqui no forum. :)

David
Wolf Credo: "Respect the elders, Teach the young, Cooperate with the pack, Play when you can, Hunt when you must, Rest in between, Share your affections, Voice your feelings, Leave your mark."
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alexandra rosa
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Mensagem por alexandra rosa »

Eu iria um pouco mais longe e sugiro "qual a opinião que a sociedade tem dos investigadores". Poderemos incluir o caso dos bolseiros como particular, mas penso que a imagem que a sociedade tem dos investigadores em geral é muito importante para a sensibilidade que a mesma terá aos problemas relacionados com a investigação em geral e aos jovens investigadores em particular.
Alexandra Rosa
Ex-cientista

Alfredo Baptista
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Mais sugestões

Mensagem por Alfredo Baptista »

Sim, concordo com a sugestão da Alexandra, a questão dos "bolseiros" é mais semântica do que outra coisa.

Por experiência pessoal, digo-vos que me foi muito díficl obter um crédito à habitação, e lá fui incomodar o meu sogro para que trouxesse a sua declaração de IRS ao banco. Prezo muito a minha independência, e a da minha família, e considero quase humilhante ter de pedir ao meu sogro (embora ele esteja sempre muito disponível e o faça com todo o gosto) para que seja fiador de uma coisa que é minha e da minha família. Mas o que eu propus não se esgota nas questões bancárias.

Sempre que dizia que era bolseiro numa assembleia de pessoas comuns, ficava no ar a impressão de que vivia à conta do Estado por fazer algo estranho, e como a maioria da população tem um enorme preconceito contra o funcionário público, ouvia sempre umas bocas.
Pior do que isto: como frequentei uma faculdade tradicionalista, que forma pessoas para as enviar imeditamente para o mercado de trabalho, cheguei a ouvir alguns comentários jocosos e pouco agradáveis por parte de ex-colegas, que nem esses sabiam o que era ser bolseiro. Normalmente ignorava e tentava explicar, mas muitas vezes era encarado como ave rara. E isto, após alguns anos, incomoda, acreditem que sim.

Mesmo do ponto de vista familiar, nunca me senti pressionado para deixar de ser bolseiro, mas senti inevitavelmente uma sensação de "quando acabas isso, para ires trabalhar a sério?". Mais uma vez, a incompreensão das pessoas é responsável por julgamentos desagradáveis.

É em virtude de me ter apercebido disto, que coloquei este tema em discussão no forum. Como inverter esta estado de coisas? Qual o contributo individual de cada um de nós para demonstrar que somos, de facto, população activa, por muito que nos queiram colar o rótulo que mais convém à FCT? Que contribuição pode ter uma instituição como a ABIC na divulgação das actividades dos bolseiros junto da sociedade? Porque o que acho que é fundamental o bolseiro ter não é mais dinheiro, nem mais segurança social, nem mais direitos sociais, é o respeito. Após ganhar o respeito, o bolseiro terá direito a todas as regalias ditas normais para um cidadão dito normal.

vortex

Mensagem por vortex »

Já me aconteceu até para pedir um cartão de crédito!! Se uma pessoa tem bolsa é tratada como um vagabundo.

Susana Relvas
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Mensagem por Susana Relvas »

Eu este ano pedi um cartão de crédito na CGD (no balcão do IST, onde há informação sobre o que é um bolseiro) e até agora ainda estou à espera da resposta... Fiquem com ele! Já tenho um outro originado no banco onde pedi um empréstimo para uma casa!
Assistant Professor - DEG/IST/UTL
Sócia da ABIC

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