Programa de trabalhos

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Luisa Semedo
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Programa de trabalhos

Mensagem por Luisa Semedo »

Ola a todos!
Estou a tentar esquecer o concurso 2006 e as suas imensas injustiças, e gostaria de me concentrar no proximo concurso! Sei que uma das fraquezas da minha candidatura é o programa de trabalhos! Gostaria que me podessem dizer em que é que consiste verdadeiramente esta parte da candidatura. Em França pedem simplesmente um resumo do que é a problematica do tema que trabalhamos e dos objectivos pretendidos. Uma especie de resumo da tese. Pelo vistos nao é isso que se pretende em Portugal. Alguém me pode esclarecer e dar conselhos. Muito obrigada.

Luisa Semedo
"J'ai toujours haï les ténèbres [...]." Jean-Jacques Rousseau

rosario
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Mensagem por rosario »

Olá! Embora seja de juma área completamente diferente da tua, acho que talvez possa dar algumas ideias porque, antes de ter bolsa de Doutoramento, concorri durante 3 anos, por isso fiquei com alguma experiência.
Então, o que eu optei por fazer, foi tentar articular o melhor possivel os objectivos definidos para o programa, quer com o estado da arte, quer com o última parte que é (se bem me lembro!) a descrição detalhada. aqui, optei por enunciar/descrever bem a metodolgia a usar no(s) estudo (s), e ligar isso com os objectivos e indicar que tipo "medidas"/testes iria usar para avaliar os resultados. O anao passado, tive uma avaliação bastante positiva no programa de trabalhos.
Espero ter ajudado. Eles sugeriram alguma coisa no teu plano de trabalhos do ano passado? Talvez seja boa ideia ver o que eles querem.
Bom trabalho e boa sorte :D

Luisa Semedo
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Mensagem por Luisa Semedo »

Obrigada Rosario (ainda por cima tens o nome da minha mãe!). O que eles disseram foi que o programa era pouco consistente apesar do o tema ser interessante. Mas nao disseram mais!
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rosario
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Mensagem por rosario »

[quote="Luisa Semedo"]Obrigada Rosario (ainda por cima tens o nome da minha mãe!).

tem piada. O meu nome (Rosário) é apelido! o meu nome próprio é Helena. Mas é sempre bom ser associado com uma coisa boa como mâe. Obrigada.
Se eles disseram que o tema é interessante (já agora, qual é?) aproveita e desenvolve bem a organização do plano de trabalhos, de forma a que fique bem articulado entre os objectivos e os resultados que esperas obter.
Outra coisa que foi importante, acho eu (com eles nunca se sabe!) foi o CV, onde incluí actividades de docência (algumas aulas que dei na fac.) que eles valorizaram mt - va-se lá perceber bem porquê!

Luisa Semedo
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Mensagem por Luisa Semedo »

Obrigada pela resposta Helena, desculpa ter demorado a responder. E verdade que esta coisa do plano de trabalhos é dificil, ainda por cima em filosofia é um bocado particular, sobretudo se falamos de objectivos, resultados, etc.
E pena nao ter contacto com um professor universitario de filosofia em Portugal, acho que seria o ideal para me ajudar a perceber e a realizar o que a FCT pretende.
Quanto ao meu tema (obrigada por perguntares), é sobre a empatia como sentimento ético. O titulo preciso é "O fundamento da ética à luz da empatia", mas é um titulo provisorio. A nivel pratico o desenvolvimento da empatia, que é uma aptitude universal, produz uma diminuição da agressividade, e permite um desenvolvimento dos comportamentos de entreajuda, permite uma melhor compreensao de outrem, logo melhor comunicaçao, etc. Existem experiências sobre a educaçao da empatia muito prometedoras!

Mando-te um pequeno resumo (se te interessa!) :

O objectivo deste trabalho é o de reflectir às condições de possibilidade, de aplicação e de desenvolvimento de uma ética universal e perfectível fundada sobre a empatia.
A empatia é uma aptidão a colocar-se no lugar de outrem, que nos permite ser afectado pelos seus estados, que nos permite sentir o que ele sente. A empatia possibilita, também, a compreensão das motivações e das intenções de outrem e ainda a predição dos seus comportamentos e a partilha de conhecimentos, fazendo ao mesmo tempo a distinção entre si próprio e outrem. A empatia é igualmente uma faculdade universal, afectiva e cognitiva.
A empatia desempenha um papel essencial no que diz respeito à ética e à moral: a empatia produz sentimentos morais como a piedade ou a compaixão. É um motor da acção de entreajuda que produz o laço social pelo respeito, pela confiança e pela partilha.
Uma ética fundada sobre a empatia pretende pôr termo às querelas ainda existentes entre as teorias morais que defendem a racionalidade e a universalidade como garante da moralidade, e as teorias morais que defendem as emoções assim como o amor ou a amizade como fundamentos da moralidade. Esta reconciliação é primordial dado que é necessária a uma investigação que tem em conta os Homens "tais como eles são" : organismos vivos complexos, organismos onde a emoção e a razão são interconectados e inseparáveis. Para dar conta desta complexidade um contributo pluridisciplinar será indispensável à realização deste trabalho de investigação. Os estudos mais recentes de disciplinas como a sociologia, a psicologia, a etologia e sobretudo a neurobiologia serão tidos em conta no tratamento deste tema.
Este trabalho sobre a ética da empatia pretende, também, reconciliar a ciência e a filosofia, a fim de reatar o diálogo, mutuamente enriquecedor, entre estes dois universos, por conseguinte enriquecer o conhecimento do Homem.
A ética da empatia levanta também várias dificuldades no que diz respeito à objectividade, à liberdade, à manipulação de outrem, à responsabilidade, etc. Tentaremos superar algumas destas dificuldades mas faremos também a constatação dos limites que resultam dos limites próprios do Homem.
Trata-se de reflectir sobre uma ética perfectível, acessível ao Homem "de hoje" em contraste com uma ética da perfeição destinada ao Homem "ideal".


Tu estas na area da psicologia é isso? E o que fazes?

Um abraço,

Luisa
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rgonzo
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Mensagem por rgonzo »

Obrigado a ambas por esta informacao.
Ha alguem por ai com um pouco mais informacao sobre esta parte da candidatura - preferencialmente de uma area cientifica?
Sempre pensei que o programa de trabalhos incluiria a descricao de eventuais modulos ou cadeiras a frequentar no primeiro ano, juntamente com o desenvolvimento da tese...
Qualquer informacao nesta area sera muito bem-vinda!
Obrigado! :)
Rui

Luisa Semedo
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Mensagem por Luisa Semedo »

rgonzo Escreveu:Obrigado a ambas por esta informacao.
Ha alguem por ai com um pouco mais informacao sobre esta parte da candidatura - preferencialmente de uma area cientifica?
Sempre pensei que o programa de trabalhos incluiria a descricao de eventuais modulos ou cadeiras a frequentar no primeiro ano, juntamente com o desenvolvimento da tese...
Qualquer informacao nesta area sera muito bem-vinda!
Obrigado! :)
Rui
Pois esta parte da candidatura também me preocupa bastante, sobretudo porque não tendo cadeiras para fazer, mas simplesmente a tese em si, não sei ainda muito bem o que dizer!
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Mensagem por Bitter Sweet Girl »

eu acho que o plano de trabalho é para dizeres o que pretendes fazer depois do ano curricular do plano doutoral, nem de forma demasiado resumida nem de forma demasiado detalhada (até porque apenas muito raramente se cumpre completamente o plano de trabalho, há sempre coisas que mudam).
na minha candidatura só vou mencionar que estou a fazer cadeiras e quais são, mas o meu plano de trabalho só vai falar sobre o que pretendo fazer depois. no fundo, isso é o que importa, o teu trabalho de investigação para obtenção do grau, não é?

rgonzo
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Mensagem por rgonzo »

:idea: ...Nao havera por ai alguem com um programa de trabalhos 5 estrelas que esteja disposto a partilha-lo com o forum? :D

ruisoarescosta
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Mensagem por ruisoarescosta »

Boas noites!

Caríssimos,

Eu não sei se o conteúdo do plano de trabalhos é variável por área, calculo que sim. Julgo que é capaz de não fazer sentido pensar que existe apenas um modelo de programa de trabalho aplicável a todas as áreas (por exemplo, o mesmo modelo de programa de trabalhos para Filosofia e Biologia). Especialmente se atendermos à imensa variedade de disciplinas e diferentes abordagens científicas sujeitas a concurso e avaliação. Parece-me, assim, que o melhor é tentar obter informação específica, junto da FCT, sobre o que é que constituí, ou deve constituir, cada uma das rubricas que deve ser a candidatura a uma bolsa de doutoramento. Na página da FCT estão listados os contactos telefónicos directos dos responsáveis por cada uma das áreas científicas (sem ter que passar, julgo, pelas longas listas de espera dos números de atendimento do SFRH) em que vão ser enquadrados os projectos. Talvez a melhor solução seja entrar em contacto directo com os referidos elementos e procurar averiguar sobre as especificidades de cada área em concreto.

Na área em que me candidatei (Psicologia), o que se pretende (ou pretendia em 2005), no plano de trabalhos, é, antes de mais, que exista um planeamento o mais detalhado possível do trajecto do doutoramento. No meu caso, dado a natureza experimental e cognitiva da abordagem, este "detalhe" reflectiu-se na enumeração de um conjunto de possíveis estudos a realizar (4 ou 5 experiências), em que se descrevia com algum detalhe, quer as hipóteses, quer o design experimental, procedimento, resultados esperados e, inclusive, possíveis conclusões.

Claro que o projecto é, apenas um "projecto" e, como tal, não tem qualquer valor vinculativo. Não há qualquer drama em ter algo previsto no projecto e acabar por seguir um rumo diferente (desde que não radicalmente diferente).

Mas, por exemplo, no plano de trabalho de uma bolseira de Linguística de que estive a par, o que existia era uma descrição, o mais detalhada possível, daquilo que virá a ser a tese, em termos de estrutura. Enumerando-se os capítulos que virá a ter, etc. Este plano de trabalhos tem, portanto, maior ênfase no resultado final, a tese, e menos nos estudos necessários para atingir esse resultado final. Acho que há muita variabilidade e, necessariamente, as melhores sugestões poderão vir sempre de colegas, professores, o que quer que seja, que estejam por dentro. Isto é, que por um lado sejam da área em questão e, por outro lado, tenham alguma experiência quanto aos processos de avaliação da FCT.

Não sei se o nome e contacto dos responsáveis pelos paineis de avalição de cada área é uma informação pública, mas uma possibilidade poderá ser a de entrar em contacto com a FCT para pedir o nome (e contacto) do responsável de uma dada área e enviar-lhe um email a perguntar o que se pretende... Se não houver outra forma, visitem páginas de departamentos importantes na vossa área, tomem nota dos emails dos membros com maior destaque e entrem em contacto com eles. A minha experiência é que, mesmo as figuras alegadamente mais distantes, tendem a responder sempre e a ser bastante cordiais e informativos.
rgonzo Escreveu: Sempre pensei que o programa de trabalhos incluiria a descricao de eventuais modulos ou cadeiras a frequentar no primeiro ano, juntamente com o desenvolvimento da tese...
Eu no projecto que submeti em 2005 não referi qualquer componente curricular no programa de trabalhos. O que uma professora me referiu na altura, é que esta secção deve ser usada para mostrares que "tens qualidade" e "tens as ideias arrumadas e estruturadas" para seguir para um nível de investigação avançado. A ideia, segundo entendi na altura, era usar a secção do programa de trabalhos para "brilhar" o mais possível... A ser assim, sugeriria que se desse o mínimo de ênfase possível a questões que não são criativas nem da responsabilidade do bolseiro, como a frequência de componentes curriculares. Mas atenção, não quero estar a induzir ninguém em erro... Esta é, apenas, uma "impressão" que tenho.

Abraços e beijinhos,

rui

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