Bem, para quem goste de investigação as bolsas de Doutoramento e de Pós-Doutoramento são excelente para trabalhar na área.
Agora, a dúvida é: O que acontece para lá do Pós-Doc? Podemos indefinidamente tirar Pós-Docs? O que acontece depois? Quais são as opções para quem passou tanto tempo ligado à investigação?
E depois do Pós-Doc?
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Re: E depois do Pós-Doc?
Pois eu tb consegui bolsa de doutoramento mas ainda nao iniciei nem assinei contrato e essa tb é uma das questões com que fico a pensar... o meu futuro irá ser feito de quê? de bolsas? e qdo não as conseguir? agora foi mesmo por um triz...
Para além disso ja pesquisei aqui no forum e ainda não percebi bem o que é que eles entendem por incumprimento por parte do candidato por forma a que este tenha de devolver os valores recebidos... desistencia com aviso atempado é incumprimento?
Se alguém que ja ande há mais tempo nestas andanças pudesse ajudar seria importante!
Para além disso ja pesquisei aqui no forum e ainda não percebi bem o que é que eles entendem por incumprimento por parte do candidato por forma a que este tenha de devolver os valores recebidos... desistencia com aviso atempado é incumprimento?
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Re: E depois do Pós-Doc?
Olá.
A questão da continuidade é a questão que se coloca a todos os bolseiros, mas também a muitos outros trabalhadores com contratos a prazo. E nos dias de hoje, até se coloca a quem tem contratos sem termo, dada a instabilidade de muitas empresas.
Para quem trabalha em investigação e quer seguir e progredir nessa carreira, nos últimos tempos o percurso normal (cá mas também em outros países) é fazer o doutoramento, fazer pós-doc e depois... bem... depois se vê. Mas há vários casos de colegas em que depois do pós-doc vem um lugar de investigador, como os contratos ciência 2007/8 ou lugares atribuídos a laboratórios associados ou um lugar de professor universitário. De facto, estas "posições" são poucas, mas vão aparecendo, embora dependa muito da área. Não há nenhuma certeza para o futuro, mas hoje em dia pouca gente ou ninguém a tem.
Respondendo mais directamente às perguntas:
- A questão de cancelamento da bolsa é analisada caso a caso. Dependendo da situação em causa, pode ser aceite o cancelamento sem necessidade de devolver os valores (terá de haver aviso prévio e dependerá dos motivos invocados) ou pode ser considerado incumprimento (se a pessoa não desenvolver trabalho, ou uma situação do género...).
- Em teoria, podem fazer-se vários pós-docs. A FCT financia directamente, no máximo, 6 anos. Mas podem fazer-se pós-docs pagos por projectos... Dependerá das oportunidades e das opções pessoais.
Neste sentido, a ABIC tem desenvolvido esforços para que os bolseiros sejam reconhecidos como trabalhadores científicos. Em muitos casos, os bolseiros já não estão em formação, desempenhando o mesmo tipo de funções durante vários anos. Assim, não deveriam ser bolseiros, mas sim trabalhadores de plenos direitos. São investigadores. Consideramos que esse reconhecimento seria uma verdadeira aposta na ciência e nos seus recursos humanos.
Quanto à questão do futuro das bolsas, posso falar-vos da minha experiência pessoal. Começo por dizer que dependerá das oportunidades, das nossas opções e dos objectivos que traçamos. Durante a licenciatura, defini como objectivo para o meu futuro que queria fazer carreira académica. Assim, quando terminei a licenciatura, aceitei a proposta de fazer doutoramento, com uma bolsa da FCT. Foi uma opção: podia ter procurado outro trabalho, mas como para ser professor universitário é preciso o doutoramento (mais cedo ou mais tarde), segui esse caminho. Com a conclusão do doutoramento, analisei as possibilidades. Não vi nenhuma possibilidade de ser professor universitário naquela altura e achei que o caminho seria continuar ligado à investigação. A oportunidade que surgiu foi uma bolsa de pós-doc de um projecto. Podia ter procurado outro trabalho, mas achei que poderia dificultar um acesso posterior à carreira académica. Agora, estou a desenvolver o meu projecto de pós-doc, financiado pela FCT e vou olhando para as oportunidades que surgem, sempre com o mesmo objectivo em mente.
Não sei se fiz boas opções nem se este caminho me vai levar onde pretendo. Não me arrependo, mas também não tenho nenhuma certeza. Estou a trabalhar para atingir o meu objectivo! Quando a bolsa se aproximar do fim, será altura de fazer nova opção (se não a fizer antes), em função das oportunidades: pode surgir uma hipótese na carreira académica, pode surgir um lugar de investigador, pode surgir outra bolsa ou pode surgir outro trabalho...
Independentemente disso, acho que a situação actual não é correcta e por isso associei-me à ABIC para que haja reconhecimento que sou um investigador de pleno direito (trabalhador científico) e não um estudante. Isso é outro assunto, que não deixa de estar relacionado, pois se trata de melhorar as condições de trabalho. Podemos fazê-lo procurando outro trabalho ou podemos fazê-lo tentando alterar condições que não consideramos justas. Mais uma vez, é uma opção...
Em qualquer situação, teremos sempre de optar em função das situações e dos nossos objectivos. Se quisermos estudar, teremos de ver as nossas possibilidades (financeiras, intelectuais,...). É uma opção. A escolha da licenciatura é também uma opção, que pode ser baseada na área que gostamos, no trabalho que queremos ter no futuro ou nas possibilidades de ter trabalho no futuro (independentemente da área). O ideal é, claro, que se juntassem as três. No final da licenciatura, temos de decidir o que fazer. Temos de ver se há trabalho na área que pretendemos ou não. Temos de ver se podemos procurar durante algum tempo ou se precisamos de ganhar dinheiro imediatamente (aí, qualquer coisa terá de servir). Eu fiz as minhas opções e desafio as pessoas a fazer o mesmo. Estabeleçam um objectivo para a vida e trabalhem para esse objectivo, sabendo que nem sempre os poderemos atingir pois as oportunidades podem não surgir e sabendo que os objectivos podem mudar com o tempo, porque mudamos como pessoas, mudando os nossos interesses... O importante é nunca desistir e viver lutando por um objectivo e por uma vida melhor.
Bom trabalho e boa sorte para o futuro.
Tiago
A questão da continuidade é a questão que se coloca a todos os bolseiros, mas também a muitos outros trabalhadores com contratos a prazo. E nos dias de hoje, até se coloca a quem tem contratos sem termo, dada a instabilidade de muitas empresas.
Para quem trabalha em investigação e quer seguir e progredir nessa carreira, nos últimos tempos o percurso normal (cá mas também em outros países) é fazer o doutoramento, fazer pós-doc e depois... bem... depois se vê. Mas há vários casos de colegas em que depois do pós-doc vem um lugar de investigador, como os contratos ciência 2007/8 ou lugares atribuídos a laboratórios associados ou um lugar de professor universitário. De facto, estas "posições" são poucas, mas vão aparecendo, embora dependa muito da área. Não há nenhuma certeza para o futuro, mas hoje em dia pouca gente ou ninguém a tem.
Respondendo mais directamente às perguntas:
- A questão de cancelamento da bolsa é analisada caso a caso. Dependendo da situação em causa, pode ser aceite o cancelamento sem necessidade de devolver os valores (terá de haver aviso prévio e dependerá dos motivos invocados) ou pode ser considerado incumprimento (se a pessoa não desenvolver trabalho, ou uma situação do género...).
- Em teoria, podem fazer-se vários pós-docs. A FCT financia directamente, no máximo, 6 anos. Mas podem fazer-se pós-docs pagos por projectos... Dependerá das oportunidades e das opções pessoais.
Neste sentido, a ABIC tem desenvolvido esforços para que os bolseiros sejam reconhecidos como trabalhadores científicos. Em muitos casos, os bolseiros já não estão em formação, desempenhando o mesmo tipo de funções durante vários anos. Assim, não deveriam ser bolseiros, mas sim trabalhadores de plenos direitos. São investigadores. Consideramos que esse reconhecimento seria uma verdadeira aposta na ciência e nos seus recursos humanos.
Quanto à questão do futuro das bolsas, posso falar-vos da minha experiência pessoal. Começo por dizer que dependerá das oportunidades, das nossas opções e dos objectivos que traçamos. Durante a licenciatura, defini como objectivo para o meu futuro que queria fazer carreira académica. Assim, quando terminei a licenciatura, aceitei a proposta de fazer doutoramento, com uma bolsa da FCT. Foi uma opção: podia ter procurado outro trabalho, mas como para ser professor universitário é preciso o doutoramento (mais cedo ou mais tarde), segui esse caminho. Com a conclusão do doutoramento, analisei as possibilidades. Não vi nenhuma possibilidade de ser professor universitário naquela altura e achei que o caminho seria continuar ligado à investigação. A oportunidade que surgiu foi uma bolsa de pós-doc de um projecto. Podia ter procurado outro trabalho, mas achei que poderia dificultar um acesso posterior à carreira académica. Agora, estou a desenvolver o meu projecto de pós-doc, financiado pela FCT e vou olhando para as oportunidades que surgem, sempre com o mesmo objectivo em mente.
Não sei se fiz boas opções nem se este caminho me vai levar onde pretendo. Não me arrependo, mas também não tenho nenhuma certeza. Estou a trabalhar para atingir o meu objectivo! Quando a bolsa se aproximar do fim, será altura de fazer nova opção (se não a fizer antes), em função das oportunidades: pode surgir uma hipótese na carreira académica, pode surgir um lugar de investigador, pode surgir outra bolsa ou pode surgir outro trabalho...
Independentemente disso, acho que a situação actual não é correcta e por isso associei-me à ABIC para que haja reconhecimento que sou um investigador de pleno direito (trabalhador científico) e não um estudante. Isso é outro assunto, que não deixa de estar relacionado, pois se trata de melhorar as condições de trabalho. Podemos fazê-lo procurando outro trabalho ou podemos fazê-lo tentando alterar condições que não consideramos justas. Mais uma vez, é uma opção...
Em qualquer situação, teremos sempre de optar em função das situações e dos nossos objectivos. Se quisermos estudar, teremos de ver as nossas possibilidades (financeiras, intelectuais,...). É uma opção. A escolha da licenciatura é também uma opção, que pode ser baseada na área que gostamos, no trabalho que queremos ter no futuro ou nas possibilidades de ter trabalho no futuro (independentemente da área). O ideal é, claro, que se juntassem as três. No final da licenciatura, temos de decidir o que fazer. Temos de ver se há trabalho na área que pretendemos ou não. Temos de ver se podemos procurar durante algum tempo ou se precisamos de ganhar dinheiro imediatamente (aí, qualquer coisa terá de servir). Eu fiz as minhas opções e desafio as pessoas a fazer o mesmo. Estabeleçam um objectivo para a vida e trabalhem para esse objectivo, sabendo que nem sempre os poderemos atingir pois as oportunidades podem não surgir e sabendo que os objectivos podem mudar com o tempo, porque mudamos como pessoas, mudando os nossos interesses... O importante é nunca desistir e viver lutando por um objectivo e por uma vida melhor.
Bom trabalho e boa sorte para o futuro.
Tiago
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Re: E depois do Pós-Doc?
Obrigada Tiago!
Realmente o futuro é uma grande incerteza. Às vezes o que temos como mais seguro pode revelar-se um falso casulo, e o que temos como desconhecido uma agradável surpresa. Quantas vezes não rimos das precaridades que já passámos? Foi difícil, mas no fim temos uma história para contar! Eu senti isto em relação à minha licenciatura. Acho que o mais importante é fazer-mos as coisas com gosto! ok, ao início temos de fazer um esforço de adaptação e de privação de pessoas e de coisas que contribuem para o nosso bem-estar emocional e físico, mas a certa altura esse esforço tem de ser compensador, temo-nos de sentir no sítio certo a fazer a coisa certa. Pelo menos eu vejo assim. A única coisa que eu sinceramente (e até se calhar ingenuamente) não contava, é que não podemos entrar num doutoramento "à experiência" como podemos entrar para um curso. A mim, pessoalmente, faz-me muita confusão pensar que a minha performance (não só a científica/intelectual, mas principalmente a emocional) pode comprometer o meu orientador. Actualmente o doutoramento representa na minha vida algum sacrifício pessoal, e face à exigência do mesmo às vezes fico a pensar se o sentirei com gosto! (Pode não acontecer, nunca se sabe!) Antes tinha o "escape" de que ia, via e depois resolvia. Agora faz-me imensa confusão pensar que vou assinar um contrato do qual não poderei desistir sem comprometer o meu orientador perante a FCT. Não tinha pensado neste ponto. Na dúvida já não sei se se arrisca como pensei outrora!
Realmente o futuro é uma grande incerteza. Às vezes o que temos como mais seguro pode revelar-se um falso casulo, e o que temos como desconhecido uma agradável surpresa. Quantas vezes não rimos das precaridades que já passámos? Foi difícil, mas no fim temos uma história para contar! Eu senti isto em relação à minha licenciatura. Acho que o mais importante é fazer-mos as coisas com gosto! ok, ao início temos de fazer um esforço de adaptação e de privação de pessoas e de coisas que contribuem para o nosso bem-estar emocional e físico, mas a certa altura esse esforço tem de ser compensador, temo-nos de sentir no sítio certo a fazer a coisa certa. Pelo menos eu vejo assim. A única coisa que eu sinceramente (e até se calhar ingenuamente) não contava, é que não podemos entrar num doutoramento "à experiência" como podemos entrar para um curso. A mim, pessoalmente, faz-me muita confusão pensar que a minha performance (não só a científica/intelectual, mas principalmente a emocional) pode comprometer o meu orientador. Actualmente o doutoramento representa na minha vida algum sacrifício pessoal, e face à exigência do mesmo às vezes fico a pensar se o sentirei com gosto! (Pode não acontecer, nunca se sabe!) Antes tinha o "escape" de que ia, via e depois resolvia. Agora faz-me imensa confusão pensar que vou assinar um contrato do qual não poderei desistir sem comprometer o meu orientador perante a FCT. Não tinha pensado neste ponto. Na dúvida já não sei se se arrisca como pensei outrora!
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- recém-chegado
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- University/ Institute: univerdidade coimbra
Re: E depois do Pós-Doc?
p.s. Já agora, relativamente ao teu interesse pela docência universitária (também um interesse meu caso este doutoramento prossiga ), parece que as coisas vão melhorar. Tenho ouvido dizer que com o novo estatuto o grau de doutor será obrigatório e passará a entrar-se para a carreira por concurso público e não por "convite" que é quase a "porta do cavalo". Mas isto é o que tenho ouvido, nenhum conhecimento de causa.
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- Registado: quarta jan 13, 2016 6:50 pm
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Re: E depois do Pós-Doc?
Este tópico é muito importante apesar de as ultimas respostas datarem de 2009.
Ora só para resumir, um Doutoramento permite:
1) Ser Professor Universitário
2) Seguir a Carreira de Investigação
3) Seguir para Pós-Doc
Aproveito para perguntar se nos dias de hoje isto ainda é mais ou menos assim ou se estaremos mais limitados...
Ora só para resumir, um Doutoramento permite:
1) Ser Professor Universitário
2) Seguir a Carreira de Investigação
3) Seguir para Pós-Doc
Aproveito para perguntar se nos dias de hoje isto ainda é mais ou menos assim ou se estaremos mais limitados...
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- cientista regular
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- Registado: sexta set 16, 2011 10:20 am
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Re: E depois do Pós-Doc?
Na minha opinião estamos pior.... As universidades não estão a contratar... Não existe carreira de investigação e as bolsas de pós-doc são escassas! :/
NRK7 Escreveu:Este tópico é muito importante apesar de as ultimas respostas datarem de 2009.
Ora só para resumir, um Doutoramento permite:
1) Ser Professor Universitário
2) Seguir a Carreira de Investigação
3) Seguir para Pós-Doc
Aproveito para perguntar se nos dias de hoje isto ainda é mais ou menos assim ou se estaremos mais limitados...