Boa tarde
Actualmente não tou a trabalhar na minha área e estou a ponderar ir p uma bolsa de investigação. Quais as vantagens e desvantagens de uma bolsa?
Obrigado
vantagens e desvantagens bolseiros
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Tiago H. Silva
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- Registado: quarta fev 28, 2007 2:38 pm
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Re: vantagens e desvantagens bolseiros
Olá.
Esta deve ser uma das perguntas mais difíceis de responder, dada a extensão de argumentos que se podem usar a favor e contra as bolsas... Assim, vou dar uma resposta muito geral, tentando tocar os aspectos principais. Outros colegas poderão indicar pontos que me possa esquecer ou dar a sua opinião, que pode ser diferente da minha, já que o que é (des)vantagem para mim pode não o ser para um colega.
Em relação a vantagens, diria que a principal é permitir trabalhar em investigação. Se não estás a trabalhar na tua área de formação, este pode ser um caminho. No caso particular das bolsas de doutoramento, tem ainda a vantagem de permitir financiar a obtenção do grau académico de doutor, nomeadamente no que diz respeito às propinas, que são "jeitosas"...
Em relação a desvantagens, estão sobretudo relacionadas com a palavra "trabalhar". Isto porque apesar de em muitos casos se tratar, efectivamente, de trabalho, em teoria as actividades desempenhadas no âmbito da bolsa são actividades de formação. Significa, portanto, que não há reconhecimento como trabalhador, com as implicações que isso tem a nível social.
Por exemplo, a bolsa dá um "subsídio de manutenção mensal" e não um vencimento. A bolsa não é tributável (não pagas IRS), o que dito desta forma pode parecer bom, mas cria grandes problemas quando pretendes demonstrar os teus rendimentos, por exemplo para acesso a crédito bancário para compra de casa ou outro ou mesmo para estabelecer um contrato de aluger de casa. É que nestas coisas pedem declaração de IRS, que não tens, ou se tiveres, o valor dos rendimentos é zero (a não ser que tenhas outros rendimentos, mas disso falarei daqui a pouco).
Por outro lado, também não há obrigação de descontos para a segurança social. Podes fazê-los, através da adesão ao Seguro Social Voluntário e o valor pago deve ser restituído pela FCT ou pela entidade financiadora (no caso dos projectos, é a entidade que tem o projecto, como uma universidade, faculdade, instituto, etc...). No entanto, só reembolsam o valor correspondente ao mínimo dos descontos, correspondente ao primeiro escalão (20% do ordenado mínimo). Isto significa que para efeitos de segurança social, é como se ganhasses o ordenado mínimo... Podes descontar mais, mas tens de ser tu a assumir a diferença.
Em relação aos outros rendimentos de que falava há pouco, as bolsas são desenvolvidas em regime de exclusividade, ou seja, não podes desempenhar outra actividade remunerada, a não ser umas excepções, permitidas pelo regime de exclusividade, como por exemplo a docência...
Podes ler mais coisas sobre isto dando uma espreitadela:
- aqui no fórum (há muito para ler), onde podes ir vendo a experiência de alguns colegas;
- ao estatuto do bolseiro, disponível em http://alfa.fct.mctes.pt/apoios/bolsas/estatutobolseiro;
- ao regulamento das bolsas, disponível em http://alfa.fct.mctes.pt/apoios/bolsas/ ... ento.phtml
Lendo isto tudo, és tentado a dizer que são muito mais as vantagens do que as desvantagens e que não vale a pena ser bolseiro. Isso não te direi: o valer a pena é uma opinião muito pessoal, porque depende da situação e dos objectivos de vida de cada um... Posso dizer-te que aqui no fórum estão inscritos mais de 1000 colegas e a nível nacional devemos ser perto de 10000 bolseiros. Isto acontece porque apesar das desvantagens, o facto de podermos trabalhar em investigação vai compensando. Normalmente, quando temos um bom resultado ou publicamos um artigo numa boa revista (ou mesmo numa qualquer
...), a moral fica em cima e nem nos lembramos das desvantagens... mas ao fim de algum tempo nesta situação, sem vermos o nosso trabalho verdadeiramente reconhecido como tal, não há resultado nem revista que chegue... Imagina, por exemplo, um colega que seja bolseiro durante uns anos (contratos anuais - ou de menor duração - consecutivos) e que, porque não há financiamento de projectos ou por outra razão o contrato não é renovado. Simplesmente fica sem qualquer apoio. Nem tem bolsa nem tem subsídio de desemprego. Torna-se difícil pagar as contas ao fim do mês...
É por isso que a ABIC tem lutado para minimizar as desvantagens que referi acima e defende o estabelecimento de contratos de trabalho (e não bolsas) com aqueles bolseiros que (já) não estão em formação...
1 abraço,
Tiago
Esta deve ser uma das perguntas mais difíceis de responder, dada a extensão de argumentos que se podem usar a favor e contra as bolsas... Assim, vou dar uma resposta muito geral, tentando tocar os aspectos principais. Outros colegas poderão indicar pontos que me possa esquecer ou dar a sua opinião, que pode ser diferente da minha, já que o que é (des)vantagem para mim pode não o ser para um colega.
Em relação a vantagens, diria que a principal é permitir trabalhar em investigação. Se não estás a trabalhar na tua área de formação, este pode ser um caminho. No caso particular das bolsas de doutoramento, tem ainda a vantagem de permitir financiar a obtenção do grau académico de doutor, nomeadamente no que diz respeito às propinas, que são "jeitosas"...
Em relação a desvantagens, estão sobretudo relacionadas com a palavra "trabalhar". Isto porque apesar de em muitos casos se tratar, efectivamente, de trabalho, em teoria as actividades desempenhadas no âmbito da bolsa são actividades de formação. Significa, portanto, que não há reconhecimento como trabalhador, com as implicações que isso tem a nível social.
Por exemplo, a bolsa dá um "subsídio de manutenção mensal" e não um vencimento. A bolsa não é tributável (não pagas IRS), o que dito desta forma pode parecer bom, mas cria grandes problemas quando pretendes demonstrar os teus rendimentos, por exemplo para acesso a crédito bancário para compra de casa ou outro ou mesmo para estabelecer um contrato de aluger de casa. É que nestas coisas pedem declaração de IRS, que não tens, ou se tiveres, o valor dos rendimentos é zero (a não ser que tenhas outros rendimentos, mas disso falarei daqui a pouco).
Por outro lado, também não há obrigação de descontos para a segurança social. Podes fazê-los, através da adesão ao Seguro Social Voluntário e o valor pago deve ser restituído pela FCT ou pela entidade financiadora (no caso dos projectos, é a entidade que tem o projecto, como uma universidade, faculdade, instituto, etc...). No entanto, só reembolsam o valor correspondente ao mínimo dos descontos, correspondente ao primeiro escalão (20% do ordenado mínimo). Isto significa que para efeitos de segurança social, é como se ganhasses o ordenado mínimo... Podes descontar mais, mas tens de ser tu a assumir a diferença.
Em relação aos outros rendimentos de que falava há pouco, as bolsas são desenvolvidas em regime de exclusividade, ou seja, não podes desempenhar outra actividade remunerada, a não ser umas excepções, permitidas pelo regime de exclusividade, como por exemplo a docência...
Podes ler mais coisas sobre isto dando uma espreitadela:
- aqui no fórum (há muito para ler), onde podes ir vendo a experiência de alguns colegas;
- ao estatuto do bolseiro, disponível em http://alfa.fct.mctes.pt/apoios/bolsas/estatutobolseiro;
- ao regulamento das bolsas, disponível em http://alfa.fct.mctes.pt/apoios/bolsas/ ... ento.phtml
Lendo isto tudo, és tentado a dizer que são muito mais as vantagens do que as desvantagens e que não vale a pena ser bolseiro. Isso não te direi: o valer a pena é uma opinião muito pessoal, porque depende da situação e dos objectivos de vida de cada um... Posso dizer-te que aqui no fórum estão inscritos mais de 1000 colegas e a nível nacional devemos ser perto de 10000 bolseiros. Isto acontece porque apesar das desvantagens, o facto de podermos trabalhar em investigação vai compensando. Normalmente, quando temos um bom resultado ou publicamos um artigo numa boa revista (ou mesmo numa qualquer
...), a moral fica em cima e nem nos lembramos das desvantagens... mas ao fim de algum tempo nesta situação, sem vermos o nosso trabalho verdadeiramente reconhecido como tal, não há resultado nem revista que chegue... Imagina, por exemplo, um colega que seja bolseiro durante uns anos (contratos anuais - ou de menor duração - consecutivos) e que, porque não há financiamento de projectos ou por outra razão o contrato não é renovado. Simplesmente fica sem qualquer apoio. Nem tem bolsa nem tem subsídio de desemprego. Torna-se difícil pagar as contas ao fim do mês...É por isso que a ABIC tem lutado para minimizar as desvantagens que referi acima e defende o estabelecimento de contratos de trabalho (e não bolsas) com aqueles bolseiros que (já) não estão em formação...
1 abraço,
Tiago