CONFERÊNCIA GULBENKIAN: A CIÊNCIA TERÁ LIMITES?

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AL
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CONFERÊNCIA GULBENKIAN: A CIÊNCIA TERÁ LIMITES?

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CONFERÊNCIA GULBENKIAN: A CIÊNCIA TERÁ LIMITES?

Dias 25 e 26 de Outubro, Auditório 2


QUINTA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO

10h30 Sessão de Abertura
Emílio Rui Vilar, Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian

Conferência de Abertura, George Steiner, University of Cambridge

15h00 A teoria das cordas e o paradoxo da não-verificabilidade Presidente: Gustavo Castelo Branco, IST

Dieter Lüst, Ludwig-Maximilians University - Previsibilidade do panorama das cordas em Física das Partículas e em Cosmologia

Peter Woit, Columbia University - A teoria das cordas e a crise da Física das Partículas

17h00 Que progressos nas ciências da vida?
Presidente: António Coutinho, IGC

Gerald Edelman, The Neurosciences Institute - Da dinâmica do cérebro à consciência: nenhum limite à vista

Wolf Singer, Max-Planck Institute for Brain Research - Desafios nas Neurociências

SEXTA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO

09h30 Incompletude e inconsistência
Presidente: Luís Moniz Pereira, UNL

Luis Alvarez-Gaumé, CERN - Ideias e falsidades acerca da teoria das cordas e os limites da Ciência

Lewis Wolpert, University College - Quanto precisamos de saber acerca das células?

12h00 Conferência
Presidente: João Ferreira de Almeida, ISCTE

Helga Nowotny, European Research Council - A produção do conhecimento e as suas condicionantes: considerações epistémicas e societais

15h00 O nosso entendimento sobre o lugar do homem no universo
Presidente: Maria do Carmo Fonseca, IMM-UL

Eörs Szathmáry, Collegium Budapest - Origens, perspectivas e limitações da Humanidade

John Horgan, Stevens Institute of Technology - O código neuronal, o último grande problema da ciência

17h00 Diálogo de encerramento
Presidente: João Caraça, FCG
Freeman Dyson, Institute for Advanced Study
Laura Bossi, Escritora
Jean-Pierre Luminet, Paris-Meudon Observatory, CNRS


A CIÊNCIA TERÁ LIMITES?

JOÃO CARAÇA

A uma pergunta aparentemente tão singela como «a ciência terá limites?», só se pode responder de modo igualmente singelo: Depende.

Isto é, os limites dependem da maneira como a ciência é encarada, pois a ciência resulta da tentativa de melhor compreender a realidade em que nos encontramos imersos, uma realidade tão multifacetada quanto complexa.

Em primeiro lugar, a ciência pode ser considerada como um domínio do conhecimento. Nesta perspectiva, a ciência dedica-se ao estudo dos fenómenos da natureza e das suas interacções. Sendo o universo infinito, o processo de o apreendermos não pode ser limitado. O progresso da ciência, neste quadro, não conhece limites.

Mas podemos igualmente observar que sendo a ciência um domínio do conhecimento, ela exprime-se e comunica-se de maneira semelhante à dos outros domínios, isto é, usando linguagens especializadas. Nestes termos, a precisão da descrição da realidade e dos seus fenómenos está condicionada à pertinência dessas linguagens e dos seus componentes (a música, por exemplo, não se traduz bem por palavras). Nesta perspectiva, os limites surgem da incapacidade de inventar novas linguagens.

Por outro lado, a especialização crescente acarreta uma progressiva fragmentação das disciplinas científicas e um distanciamento cada vez maior em relação aos outros domínios do conhecimento. Os limites da ciência corresponderão neste caso às fronteiras cognitivas dos outros domínios, que serão tanto mais inultrapassáveis quanto o esforço de comunicação interdisciplinar se tornar desaconselhado, ou mesmo proscrito.

Mas a ciência não se pode fazer, nem praticar, sem cientistas. Nesta medida, poder-se-á afirmar que os limites societais impostos à liberdade de acção das comunidades científicas serão determinantes para o desenvolvimento futuro da ciência. Essas barreiras, resultantes das percepções sobre o valor da ciência para as economias e as sociedades em que essas comunidades se inserem, são uma das mais fortes condicionantes das nossas possibilidades de adaptação e de ajustamento a novas situações e condições de vida.

Espero, com esta enumeração simples de limites, condições, barreiras e constrangimentos, ter despertado o apetite e o interesse para a discussão das várias atitudes e posições que não deixarão de ser apresentadas pelos oradores convidados na Conferência Internacional de 25 e 26 de Outubro próximo. Veremos certamente como as humanidades, as ciências sociais e os diversos ramos da ciência encaram a questão posta consoante as estratégias de descoberta e as visões do mundo de que são portadoras.

Sobretudo, esta oportunidade de diálogo deverá permitir uma reflexão sobre o limite fundamental da nossa aventura como espécie biológica no planeta − a imaginação. Porque é a imaginação que nos faz sonhar. E transformar os sonhos em realidade.
Força
André Levy - Biólogo
Bolsa de Pós Doutoramento - ISPA
Direcção da ABIC

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