Caro(a) investigador(a)
Venho lembrar-lhe mais uma vez que a Comissão Parlamentar de Educação,
Ciência e Cultura, a Ciência Viva e o Conselho de Laboratórios
Associados (CLA) organizam no próximo dia 22 de Novembro, próxima
terça-feira, entre as 17.30H e as 19.30H, no Salão Nobre da Assembleia
da República, o Café Ciência (atenção que em mail anterior era indicada
outra hora para o início do café).
O Café Ciência será um espaço informal que reunirá cientistas e
deputados permitindo abordar questões da ciência e da cidadania,
chamando a atenção do País para a importância que a Assembleia da
República atribui ao desenvolvimento da ciência e da cultura cientifica.
Simultaneamente é propósito dos organizadores aprofundar a cooperação
entre parlamentares e a comunidade científica, nomeadamente no auxílio à
melhoria da qualidade da decisão política.
É muito importante a participação activa dos investigadores nesta
iniciativa. Estão já confirmadas as presenças do senhor Presidente da
Assembleia da República e do senhor Ministro da Ciência, Tecnologia e do
Ensino Superior.
João Sentieiro
Secretário do CLA
PS- Por favor confirme a sua presença para: dnunes@cienciaviva.pt
Ciência no Parlamento ?
Regras do Fórum
"Prioridades e estratégias"; cujo objectivo é a discussão daquilo que os bolseiros consideram ser as prioridades para a melhoria das suas condições enquanto jovens investigadores e as estratégias a seguir para atingir os objectivos propostos.
"Prioridades e estratégias"; cujo objectivo é a discussão daquilo que os bolseiros consideram ser as prioridades para a melhoria das suas condições enquanto jovens investigadores e as estratégias a seguir para atingir os objectivos propostos.
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Ciência no Parlamento ?
Aqui fica a notícia:
Nuno Castro
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Evento interessante.
Parece é uma cópia descarada do projecto da associação Viver a Ciência (em http://www.viveraciencia.org/).
Alexandra
Parece é uma cópia descarada do projecto da associação Viver a Ciência (em http://www.viveraciencia.org/).
Alexandra
Alexandra Rosa
Ex-cientista
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O quê?
Meus amigos, desculpem lá, mas para que serve isto? Para além do show off e do ar cosmopolita que se dá quando se fazem reuniões em torno do café, e da cagança em dizer que é tudo muito informal e "tu lá, tu cá", para que serve este tipo de iniciativas? Os cientistas vão à assembleia para resolver alguma coisa, ou para lá estarem durante 2 horas e meia a dizerem baboseiras na companhia de incompetentes e pessoas de carácter duvidoso que se fingem interessados nos problemas profundos da nossa ciência? E os senhores deputados não têm mais onde ir para humilhar os portugueses, do que arrebanhar alguns cientistas numa sala e brincar ao faz de conta, como se se importassem com o rumo que a ciênca toma? Isto é boçalidade, é um hino à idiotice e à inutilidade, é só uma forma de gastar um saco de café ao Orçamento de Estado. Tenham juízo. Sr Ministro, implemente um código de ética do investigador, em vez de andar em fandangos e tascos finos. O que nós precisamos é de decência, não é de café.
Mas pensando bem, o Ministro até pode ter razão: pode ser que os investigadores portugueses, com o patrocínio da Delta, acordem.
Mas pensando bem, o Ministro até pode ter razão: pode ser que os investigadores portugueses, com o patrocínio da Delta, acordem.
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- cientista regular
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Sei que as coisas na ciência não estão boas, mas penso que se não acreditamos e não tentarmos trabalhar em conjunto (entre nós e com o poder politico) não iremos a lugar nenhum.
Se partimos do principio que nada vai resultar e que o Ministro não está minimamente interessado nos nossos problemas, cortamos à partida qualquer posibilidade de diálogo entre as duas partes.
Vamos acreditar que o ministro quer realmente fazer o seu trabalho e ajudar no desenvolvimento da Ciência em Portugal, não querendo com isso dizer que todos os nossos problemas serão resolvidos de imediato...
Se partimos do principio que nada vai resultar e que o Ministro não está minimamente interessado nos nossos problemas, cortamos à partida qualquer posibilidade de diálogo entre as duas partes.
Vamos acreditar que o ministro quer realmente fazer o seu trabalho e ajudar no desenvolvimento da Ciência em Portugal, não querendo com isso dizer que todos os nossos problemas serão resolvidos de imediato...
Última edição por Sofia em sábado dez 10, 2005 11:15 pm, editado 1 vez no total.
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- cientista regular
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Ninguém está a querer resolver as coisa imediatamente, estamos é a denunciar inicativas que têm muito de show off e muito pouco de útil. E a vontade de dialogar creio estar mais do lado dos bolseiros do que do lado no actual Ministro e do seu secretário de estado, a avaliar pelo que se passou na última reunião com a ABIC. Até hoje, tanto quanto sei, a ABIC nunca se mostrou indisponível para conversar de forma séria; pelo contrário, o Ministro está sempre indisponível, mas para estas iniciativas de salão tem tempo.
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Com nomes tao parecidos tenho a sensacao que fiz confusao entre estas duas entidades durante uns tempos. Agora é mais claro... uma é governamental e a outra nao.alexandra rosa Escreveu:Evento interessante.
Parece é uma cópia descarada do projecto da associação Viver a Ciência (em http://www.viveraciencia.org/).
Alexandra
Curioso que roubem uma a outra iniciativas ... de certeza que nao actuaram em conjunto aqui?
David
Wolf Credo: "Respect the elders, Teach the young, Cooperate with the pack, Play when you can, Hunt when you must, Rest in between, Share your affections, Voice your feelings, Leave your mark."
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Visita o Guia do Bolseiro
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- cientista regular
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Devem perder mais tempo é a convidar a CARAS e a angariar patrocínios para pagar o cachê da Lili Caneças, que fica sempre bem em festas sem qualquer propósito. Ou se calhar vai lhe ser atribuída uma bolsa de técnica de investigação científica para ela aparecer mais vezes nos centros de investigação, e assim abrilhantar o trabalho e apadrinhar os resultados. Ainda gostava de saber que tipo de cientista aparece nestas coisas, para além do Alexandre Quintanilha.
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- cientista regular
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Desculpem a reincidência, mas estive aqui a fazer uma pequena pesquisa para ver no que tinha dado este flop do "café ciência". Fui ao Google, e apareceu uma notício do Público a dizer que se ia realizar o "café ciência", que iria realizar-se com os objectivos de colocar os cientistas e os deputados a discutir os problemas da ciência... Bem, é caso para perguntar se os deputados não estarão já fartos de saber quais são os problemas da ciência. Os problemas da ciência são: falta de verbas, falta de carreiras sólidas e atractivas, hierarquias rígidas aversas à mudança e à evolução, inexistência de estatutos adequados, instabilidade do financiamento, sistema de favorecimentos perfeitamente feudal, falta de directivas nacionais, opacidade dos critérios de financiamento, falta de qualidade do tecido empresarial... Será que os deputados não sabem que estas são exactamente as causas do atraso no desenvolvimento nacional? Se não sabem, não deveriam ser deputados; se sabem, então são hipócritas ao ponto de se sentarem a tomar café em discussões meramente académicas com os cientistas que lá foram.
E aqui surge a 2ª questão: que cientistas foram convidados? Desconheço como se processaram os convites. Quem foram os alvos do convite do João Sentieiro, do Conselho dos Laboratórios Associados? É que me parece que foram os sujeitos para quem a ciência nacional está excelente, os que ganham 800 contos por mês a aquecer os lugares (não os bancos, porque nem chegam a sentar-se, de tão pouco tempo que lá passam) das Universidades. As mesmas Universidades, que os relatórios oficiais consideram despesistas, estáticas, incrivelmente hierarquizadas, voltadas para dentro, dedicadas ao inbreeding, sem preocupações com a empregabilidade dos seus alunos. É óbvio que para estes a ciência está porreira, de boa saúde, e recomenda-se. Isto parece os processos eleitorais do Estado Novo, em que só votava quem interessava. Aqui só fala quem interessa, e quem interessa só lá vai para dar duas de letra e legitimar as inciativas do governo. Agora não me parece que estes convites fosse extensíveis aos desgraçados dos bolseiros, que passam mal, que não têm segurança social, que não descontam como qualquer outro trabalhador, que podem ver o seu contrato arbitrariamente cancelado por falta de verbas, que sofrem pressões, que são explorados.
E depois reparei noutra coisa: encontro vedado ao público? Porquê? Os cientistas não são financiados pelos contribuintes, e os deputados eleitos pelos cidadãos eleitores? Será porque o zé povinho é assumido como parvo e só lá iria para um piquenique com sardinhas e carrascão, sem perceber patavina do que se iria discutir? Ou será pelo facto de os doutos não quererem que se saiba pela opinião pública a perfeita inutilidade social do que fazem com dinheiros públicos?
Em último lugar, onde estão as conclusões deste encontro? Será que existem? Se existem, onde vão ser publicadas? Mas caso não existam conclusões, então como se avalia o sucesso destas coisas? Para que serviu? Isto é ridículo, porque assim se esvazia completamente os argumentos que servem de base a porcarias como esta. E por isso é que me insurjo contra iniciativas destas.
Mas agora o que eu gostava mesmo de saber é quem pagou o café... Caso tenho sido a FCT, gostaria de saber se foi com o dinheiro das bolsas, dos projectos, da segurança social... e quantos bolseiros vão ficar sem receber por se ter pago os salgadinhos.
E aqui surge a 2ª questão: que cientistas foram convidados? Desconheço como se processaram os convites. Quem foram os alvos do convite do João Sentieiro, do Conselho dos Laboratórios Associados? É que me parece que foram os sujeitos para quem a ciência nacional está excelente, os que ganham 800 contos por mês a aquecer os lugares (não os bancos, porque nem chegam a sentar-se, de tão pouco tempo que lá passam) das Universidades. As mesmas Universidades, que os relatórios oficiais consideram despesistas, estáticas, incrivelmente hierarquizadas, voltadas para dentro, dedicadas ao inbreeding, sem preocupações com a empregabilidade dos seus alunos. É óbvio que para estes a ciência está porreira, de boa saúde, e recomenda-se. Isto parece os processos eleitorais do Estado Novo, em que só votava quem interessava. Aqui só fala quem interessa, e quem interessa só lá vai para dar duas de letra e legitimar as inciativas do governo. Agora não me parece que estes convites fosse extensíveis aos desgraçados dos bolseiros, que passam mal, que não têm segurança social, que não descontam como qualquer outro trabalhador, que podem ver o seu contrato arbitrariamente cancelado por falta de verbas, que sofrem pressões, que são explorados.
E depois reparei noutra coisa: encontro vedado ao público? Porquê? Os cientistas não são financiados pelos contribuintes, e os deputados eleitos pelos cidadãos eleitores? Será porque o zé povinho é assumido como parvo e só lá iria para um piquenique com sardinhas e carrascão, sem perceber patavina do que se iria discutir? Ou será pelo facto de os doutos não quererem que se saiba pela opinião pública a perfeita inutilidade social do que fazem com dinheiros públicos?
Em último lugar, onde estão as conclusões deste encontro? Será que existem? Se existem, onde vão ser publicadas? Mas caso não existam conclusões, então como se avalia o sucesso destas coisas? Para que serviu? Isto é ridículo, porque assim se esvazia completamente os argumentos que servem de base a porcarias como esta. E por isso é que me insurjo contra iniciativas destas.
Mas agora o que eu gostava mesmo de saber é quem pagou o café... Caso tenho sido a FCT, gostaria de saber se foi com o dinheiro das bolsas, dos projectos, da segurança social... e quantos bolseiros vão ficar sem receber por se ter pago os salgadinhos.
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- investigador em formação
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Caro Alfredo,
Já te vi queixar de os bolseiros serem "amorfos" e não participarem, por exemplo, aqui no fórum. Estes teus argumentos só contribuem para isso mesmo.
Provavelmente esta iniciativa foi realmente um "flop" mas não creio que seja com esta argumentação que se o demonstra.
Moon
Eu discordo de ti. Não acho que a sociedade, incluindo os deputados, estejam bem informados sobre o que é a ciência e quais os seus problemas. Uma democracia proxima dos cidadãos implica que possam existir interacções destas dos cientistas com deputados mas tambem dos cientistas com a sociedade. Se cada um de nos ficar no seu canto sem interagir e apenas a achar que os outros se não sabem deviam saber estamos mal....Será que os deputados não sabem que estas são exactamente as causas do atraso no desenvolvimento nacional?
Se não sabem, não deveriam ser deputados; se sabem, então são hipócritas ao ponto de se sentarem a tomar café em discussões meramente académicas com os cientistas que lá foram.
Mas que raio de argumento. Isto é pura demagogia !Mas agora o que eu gostava mesmo de saber é quem pagou o café... Caso tenho sido a FCT, gostaria de saber se foi com o dinheiro das bolsas, dos projectos, da segurança social... e quantos bolseiros vão ficar sem receber por se ter pago os salgadinhos.
Já te vi queixar de os bolseiros serem "amorfos" e não participarem, por exemplo, aqui no fórum. Estes teus argumentos só contribuem para isso mesmo.
Provavelmente esta iniciativa foi realmente um "flop" mas não creio que seja com esta argumentação que se o demonstra.
Moon
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- cientista regular
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Cara Moongirl
Nem foi argumentação, nem demagogia, foi ironia e sátira; lamento que tenhas tinho dificuldade em perceber o aqui digo (pensei que tivesse sido claro), mas fica o esclarecimento. Não havia de ser 30 euros de salgadinhos que te iam impedir de receber a tua bolsa, descansa. Lá por falar a sério muitas vezes, também gosto de brincar... e é a brincar que se dizem as maiores verdades.
De certeza absoluta que há muitos deputados que fizeram e fazem parte das comissões parlamentares que se envolveram na análise das questões relacionadas com a ciência - é para isso que são pagos. E é desses que falo, que devem estar muito bem informados da problemática da ciência para andarem envolvidos em flops e actividades promocionais. Agora não vão ser inciativas como esta que vão aproximar seja quem for de um modo sério, e é muita ingenuidade acreditar nisso. Essa confiança cega em indivíduos que já provaram que se estão bem borrifando para os interesses das pessoas é que a mim me transtorna, desculpa a honestidade. Não existe vontade política de resolver os problemas da ciência, e por uma razão muito simples: porque qualquer cêntimo gasto na ciência não é visto como um investimento, mas como uma despesa. Tudo o resto, cafés e salgadinhos incluídos, são fait-divers.
Nem foi argumentação, nem demagogia, foi ironia e sátira; lamento que tenhas tinho dificuldade em perceber o aqui digo (pensei que tivesse sido claro), mas fica o esclarecimento. Não havia de ser 30 euros de salgadinhos que te iam impedir de receber a tua bolsa, descansa. Lá por falar a sério muitas vezes, também gosto de brincar... e é a brincar que se dizem as maiores verdades.
De certeza absoluta que há muitos deputados que fizeram e fazem parte das comissões parlamentares que se envolveram na análise das questões relacionadas com a ciência - é para isso que são pagos. E é desses que falo, que devem estar muito bem informados da problemática da ciência para andarem envolvidos em flops e actividades promocionais. Agora não vão ser inciativas como esta que vão aproximar seja quem for de um modo sério, e é muita ingenuidade acreditar nisso. Essa confiança cega em indivíduos que já provaram que se estão bem borrifando para os interesses das pessoas é que a mim me transtorna, desculpa a honestidade. Não existe vontade política de resolver os problemas da ciência, e por uma razão muito simples: porque qualquer cêntimo gasto na ciência não é visto como um investimento, mas como uma despesa. Tudo o resto, cafés e salgadinhos incluídos, são fait-divers.
Concordo com o Alfredo, estas iniciativas não servem para nada. Ou melhor, só servem como fantochada, para dizer que se faz alguma coisa.
Eu não concordo. Os bolseiros são mesmo assim. Está tudo tão mal que já ficam contentes se conseguirem uma bolsa....Já te vi queixar de os bolseiros serem "amorfos" e não participarem, por exemplo, aqui no fórum. Estes teus argumentos só contribuem para isso mesmo.
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República das......
O ano passado, antes da apresentac,ão da proposta de Lei sobre os bolseiros, do PCP. Esta proposta que não foi mais do que passar o nosso caderno reivindicativo para proposta de lei. Bom, dizia, nessa altura eu enviei um e-mail para todos os deputados, da Assembleia da República. Por isso eles sabem muito bem o que se passa. Por outro lado, aqueles que ainda não sabem, que se informem junto dos colegas. Pois, por exemplo, não é o desconhecimento da lei que te iliba.moongirl Escreveu:
Eu discordo de ti. Não acho que a sociedade, incluindo os deputados, estejam bem informados sobre o que é a ciência e quais os seus problemas. Uma democracia proxima dos cidadãos implica que possam existir interacções destas dos cientistas com deputados mas tambem dos cientistas com a sociedade. Se cada um de nos ficar no seu canto sem interagir e apenas a achar que os outros se não sabem deviam saber estamos mal....
Os bolseiros, não a maioria, são o reflexo da sociedade em que vivemos, pelo que sim, muitos são amorfos. E concordo plenamente com aquilo que o vortex escreveu.moongirl Escreveu:Já te vi queixar de os bolseiros serem "amorfos" e não participarem, por exemplo, aqui no fórum. Estes teus argumentos só contribuem para isso mesmo.
Provavelmente esta iniciativa foi realmente um "flop" mas não creio que seja com esta argumentação que se o demonstra.
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- cientista regular
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Ainda a propósito daquilo que a Moongirl escreveu: eu não me queixo de os bolseiros serem amorfos, eu constato. Não preciso de me queixar, porque não acho que seja com lamúrias que vamos longe.
Mas as duas mensagens, do Vortex e do Paulo Silva têm muita razão. Vou dar a minha opinião, afirmando desde já que me estou nas tintas por ferir algumas susceptibilidades (principalmente dos visados nas minhas críticas, a quem servir a carapuça), porque já começo a ficar habituado que algumas individualidades deste espaço não apreciem a minha frontalidade. Mas como acredito que não é com paninhos quentes e sorrisinhos amarelos que se fazem valer ideias... Basta irmos aos foruns sobre contratos, pagamentos em atraso, aceitação de bolsas, reprovações de candidaturas, silêncios da FCT e ver que são muito concorridos. Ou seja, tudo o que diz respeito aos alegados direitos dos bolseiros (principalmente do ponto de vista financeiro, e que não contesto, obviamente) têm muita gente a participar, e muitas visitas diárias. Pelo contrário, os foruns que exigem tomadas de posição, reflexão, dicussão e debate de ideias e e de propostas têm meia dúzia de gatos pingados. E nunca ninguém contesta o papel de alguns bolseiros que mais não fazem do que parasitar o sistema. Conclusão: exigem-se direitos sem se discutirem deveres.
Pela minha análise destes foruns (e antes que me perguntem, esta é a minha opinião pessoal e não tenho números que a sustentem), creio haver muita gente que é bolseira por mera circunstância (necessidade de dinheiro, desemprego ou falta de alternativas), e muito menos do que por vocação. E isto é péssimo, e reflecte-se claramente no nível de participação e de discussão - é de facto o reflexo da sociedade, cada vez mais alienada e egoísta, em que basta termos algum dinheiro no bolso para as necessidades mais básicas e somos felizes. E acresce a isto o número gigantesco de recém-licenciados muito jovens, facilmente manipuláveis e infantis, ingénuos, inexperientes de tudo, e que acreditam em meia dúzia de mentiras que os senhores doutores lhes contam. Fazem-se umas festinhas, e uns cafés de ciência, e caso estes bolseiros sejam convidados, ficam muito lisonjeados e a acharem que já são muito importantes e cientistas de renome. Eu vi isto acontecer, pessoas todas enfunadas e cheias de si mesmas por comerem do mesmo prato que o Senhor Ministro. Esta atitude inconsequente, de miséria cultural terceiro-mundista, é que faz com que alguns participantes tivessem achado esta iniciativa o máximo. Ou isso, ou a enorme paixão por café.
É provável que custe a algumas pessoas assumir esta realidade, mas não há nada que se possa fazer para a negar. E o primeiro passo para resolver um problema é assumir a sua existência.
Mas as duas mensagens, do Vortex e do Paulo Silva têm muita razão. Vou dar a minha opinião, afirmando desde já que me estou nas tintas por ferir algumas susceptibilidades (principalmente dos visados nas minhas críticas, a quem servir a carapuça), porque já começo a ficar habituado que algumas individualidades deste espaço não apreciem a minha frontalidade. Mas como acredito que não é com paninhos quentes e sorrisinhos amarelos que se fazem valer ideias... Basta irmos aos foruns sobre contratos, pagamentos em atraso, aceitação de bolsas, reprovações de candidaturas, silêncios da FCT e ver que são muito concorridos. Ou seja, tudo o que diz respeito aos alegados direitos dos bolseiros (principalmente do ponto de vista financeiro, e que não contesto, obviamente) têm muita gente a participar, e muitas visitas diárias. Pelo contrário, os foruns que exigem tomadas de posição, reflexão, dicussão e debate de ideias e e de propostas têm meia dúzia de gatos pingados. E nunca ninguém contesta o papel de alguns bolseiros que mais não fazem do que parasitar o sistema. Conclusão: exigem-se direitos sem se discutirem deveres.
Pela minha análise destes foruns (e antes que me perguntem, esta é a minha opinião pessoal e não tenho números que a sustentem), creio haver muita gente que é bolseira por mera circunstância (necessidade de dinheiro, desemprego ou falta de alternativas), e muito menos do que por vocação. E isto é péssimo, e reflecte-se claramente no nível de participação e de discussão - é de facto o reflexo da sociedade, cada vez mais alienada e egoísta, em que basta termos algum dinheiro no bolso para as necessidades mais básicas e somos felizes. E acresce a isto o número gigantesco de recém-licenciados muito jovens, facilmente manipuláveis e infantis, ingénuos, inexperientes de tudo, e que acreditam em meia dúzia de mentiras que os senhores doutores lhes contam. Fazem-se umas festinhas, e uns cafés de ciência, e caso estes bolseiros sejam convidados, ficam muito lisonjeados e a acharem que já são muito importantes e cientistas de renome. Eu vi isto acontecer, pessoas todas enfunadas e cheias de si mesmas por comerem do mesmo prato que o Senhor Ministro. Esta atitude inconsequente, de miséria cultural terceiro-mundista, é que faz com que alguns participantes tivessem achado esta iniciativa o máximo. Ou isso, ou a enorme paixão por café.
É provável que custe a algumas pessoas assumir esta realidade, mas não há nada que se possa fazer para a negar. E o primeiro passo para resolver um problema é assumir a sua existência.
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Passei por outro tópico aqui no fórum (este), e fiquei a pensar se de facto não seria boa ideia criar um blogue da ABIC que complementasse o fórum. Pela sua estrutura em "rede", creio que um blogue seria um espaço de discussão pública muito mais eficaz do que este. Por muita boa vontade que tenhamos, a verdade é que aqui no fórum estamos a comunicar em circuito fechado, isto é, creio que nunca apareceu aqui ninguém que não fosse ou não tenha sido bolseiro...enquanto um blogue permitiria atingir um número muito maior de pessoas, dar outra exposição pública aos problemas da investigação em Portugal ou saber melhor o que o "mundo real" pensa dos bolseiros (embora neste caso...seja de esperar o pior ).
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- cientista regular
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Concordo. E concordo porque sou favorável a qualquer inciativa que dê a conhecer ao grande público (não aos deputados, que como já tive oportunidade de escrever, têm obrigação de saber o que se passa, e lesgislar em conformidade) as actvidades dos nossos cientistas. E por várias razões:
1) o dinheiro que é canalizado para os projectso de investigação é maioritariaente dos contribuintes, sejam eles nacionais ou comunitários; pelo que, qualquer cêntimo que gastemos, devíamos prestar contas a quem contribui. Não é isso que se passa, e o dinheiro é usado pelos coordenadores dos projectos como se fosse ou público (estourando em algumas situações) ou deles próprios (quando se quer instrumentalizar os colaboradores, por exemplo).
2) as cidadãos gostam de iniciativas científicas sérias; veja-se a adesão a projectos do Ciência Viva durante os meses de Verão, é muito alta, e com uma actividade promocional bem feita, até se consegue cativar muita gente interessada. A divulgação é importantíssima. Tudo o que nao for sério, deve ser denunciado, como os programas dos 1000 estagiários. E o blog é útil nesse sentido.
3) a sociedade civil, caso se apercebesse do que se passa nos meandros da ciência nacional, não tardaria a dar razão aos bolseiros, que são muito mais cientistas do que a maioria dos seus orientadores. Se chamar a atenção da opinião pública é determinante, mais vale fazê-lo para causas sérias e bem documentadas. Porque a questão aqui é colocar no menu um mecanismo de controlo: o mecanismo de controlo público (por intermédio da FCT), relativa ao desempenho dos orientadores, não funciona ou é contraproducente; caso a opinião pública se insurgisse contra alguns comportamentos dos barões da ciência, tenha a certeza que estes pensariam duas vezes antes de cometerem os seus atropelos. As denúncias de abusos na CP, ou das reformas milagrosas e acumuláveis da CGD são um bom exemplo de como a opinião pública pode ditar o fim de previlégios inaceitáveis numa democracia. Um blog seria, quanto a mim, a melhor via para cumprir esta função.
4) a visibilidade é fundamental, não só junto da opinião pública, mas também junto dos parceiros económicos. Se os actuais docentes universitários nas universidades públicas estão mais precoupados em lutas intestinas, em engordar curricula ou em participar em iniciativas como o tema deste forum (Café de Ciência, o flop...), devem ser culpabilizados pelo tecido empresarial pelo seu estaticismo. Se Portugal tem atrasos estruturais no conhecimento e na transferência de tecnologia, a culpa é dos nossos orientadores, que gostam mais de ter artigos publicados do que em fazer avançar o nosso país do ponto de vista económico e social. E assim, com a criação de um canal de comunicação entre os bolseiros e a sociedade, demonstra-se que lamentavelmente, são os bolseiros a pensar ciência e a investir no futuro, ao contrário dos seus antecessores.
No entanto, há algo que não sou capaz de esconder, que será a resistência das altas esferas científicas deste país a um blog. Por uma razão muito simples: a exposição pública. Se a ciência portuguesa, em função das inúmeras denúncias que aqui quase em surdina surgem diariamente, fôr consensualmente considerada má ou um sorvedouro inútil de dinheiros públicos, então o público não hesitará em apontar o dedo aos senhores catedráticos, deixando-os numa posição débil. E com a agravante de ser má e com o "dinheiro de todos nós". Por esta razão, acho que se compra uma guerra, mas que é absolutamente inevitável e até necessária para a moralização deste sistema que transpira corrupção.
1) o dinheiro que é canalizado para os projectso de investigação é maioritariaente dos contribuintes, sejam eles nacionais ou comunitários; pelo que, qualquer cêntimo que gastemos, devíamos prestar contas a quem contribui. Não é isso que se passa, e o dinheiro é usado pelos coordenadores dos projectos como se fosse ou público (estourando em algumas situações) ou deles próprios (quando se quer instrumentalizar os colaboradores, por exemplo).
2) as cidadãos gostam de iniciativas científicas sérias; veja-se a adesão a projectos do Ciência Viva durante os meses de Verão, é muito alta, e com uma actividade promocional bem feita, até se consegue cativar muita gente interessada. A divulgação é importantíssima. Tudo o que nao for sério, deve ser denunciado, como os programas dos 1000 estagiários. E o blog é útil nesse sentido.
3) a sociedade civil, caso se apercebesse do que se passa nos meandros da ciência nacional, não tardaria a dar razão aos bolseiros, que são muito mais cientistas do que a maioria dos seus orientadores. Se chamar a atenção da opinião pública é determinante, mais vale fazê-lo para causas sérias e bem documentadas. Porque a questão aqui é colocar no menu um mecanismo de controlo: o mecanismo de controlo público (por intermédio da FCT), relativa ao desempenho dos orientadores, não funciona ou é contraproducente; caso a opinião pública se insurgisse contra alguns comportamentos dos barões da ciência, tenha a certeza que estes pensariam duas vezes antes de cometerem os seus atropelos. As denúncias de abusos na CP, ou das reformas milagrosas e acumuláveis da CGD são um bom exemplo de como a opinião pública pode ditar o fim de previlégios inaceitáveis numa democracia. Um blog seria, quanto a mim, a melhor via para cumprir esta função.
4) a visibilidade é fundamental, não só junto da opinião pública, mas também junto dos parceiros económicos. Se os actuais docentes universitários nas universidades públicas estão mais precoupados em lutas intestinas, em engordar curricula ou em participar em iniciativas como o tema deste forum (Café de Ciência, o flop...), devem ser culpabilizados pelo tecido empresarial pelo seu estaticismo. Se Portugal tem atrasos estruturais no conhecimento e na transferência de tecnologia, a culpa é dos nossos orientadores, que gostam mais de ter artigos publicados do que em fazer avançar o nosso país do ponto de vista económico e social. E assim, com a criação de um canal de comunicação entre os bolseiros e a sociedade, demonstra-se que lamentavelmente, são os bolseiros a pensar ciência e a investir no futuro, ao contrário dos seus antecessores.
No entanto, há algo que não sou capaz de esconder, que será a resistência das altas esferas científicas deste país a um blog. Por uma razão muito simples: a exposição pública. Se a ciência portuguesa, em função das inúmeras denúncias que aqui quase em surdina surgem diariamente, fôr consensualmente considerada má ou um sorvedouro inútil de dinheiros públicos, então o público não hesitará em apontar o dedo aos senhores catedráticos, deixando-os numa posição débil. E com a agravante de ser má e com o "dinheiro de todos nós". Por esta razão, acho que se compra uma guerra, mas que é absolutamente inevitável e até necessária para a moralização deste sistema que transpira corrupção.
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- recém-chegado
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Já mais de uma vez me apercebi que a moongirl lê mas não consegue perceber, e depois manda umas bocas de ofendida. E as discussões sobre ciência para a moongirl têm de meter as palavras "bolsa", "projecto", "FCT", e "artigo" para serem mesmo sobre ciência. Tudo o resto não se pode falar, é assunto tabu, e não tem a nada a ver com ciência. Mas como é possível a moongirl não perceber que o governo não está está interessado em resolver coisa nenhuma? Achas que se quisesse resolver, já não tinha resolvido? Vamos começar a pôr os pés na terra, e perder essa atitude naïf. O governo faz de nós parvos, tem iniciativas como esta que não interessam ao Menino Jesus, e ainda aparecem bolseiros que o apoiam. A literacia não significa só que saibamos ler, é ler e compreender.
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Não vejo onde leste qualquer crïtica da minha parte sobre o que se pode falar ou não. Pelos vistos tens razão sobre o significado de literaciaAntónio Fernandes Escreveu:Já mais de uma vez me apercebi que a moongirl lê mas não consegue perceber, e depois manda umas bocas de ofendida. E as discussões sobre ciência para a moongirl têm de meter as palavras "bolsa", "projecto", "FCT", e "artigo" para serem mesmo sobre ciência. Tudo o resto não se pode falar, é assunto tabu, e não tem a nada a ver com ciência. Mas como é possível a moongirl não perceber que o governo não está está interessado em resolver coisa nenhuma? Achas que se quisesse resolver, já não tinha resolvido? Vamos começar a pôr os pés na terra, e perder essa atitude naïf. O governo faz de nós parvos, tem iniciativas como esta que não interessam ao Menino Jesus, e ainda aparecem bolseiros que o apoiam. A literacia não significa só que saibamos ler, é ler e compreender.