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Atrasos nas entregas das teses - critério de incompetências?

Enviado: sexta nov 04, 2005 12:05 pm
por Alfredo Baptista
Eu gostaria de discutir convosco sobre quais os modos que FCT poderá utilizar para fiscalizar a actividade dos orientadores, principalmente através de atitudes como laxismo, incompetência e incapacidade de orientação. O facto é que há orientadores maus e a FCT deve exaustivamente apurar as suas responsabilidades na má condução de teses, de modo a evitar que estes maus orientadores voltem a orientar.

Eu constato, por exemplo e com demasiada frequência, que há um espírito disseminado entre os orientadores que fazem um grande favor aos seus alunos de mestrado e doutoramento, e que, caso a bolsa chegue ao fim, que é legítimo exigir aos seus alunos que trabalhem sem ganhar. Se algumas das vezes isto acontece por culpa dos alunos, outras haverá (eu conheço umas poucas que descrevi num outro forum; inclusivamente passou-se comigo) em que a culpa é dos orientadores, que não sabem definir prioridades e arrastam os alunos nestes seus devaneios. Caso a responsabilidade seja dos alunos, mais mal é deles... Eu conheço um departamento de um Laboratório Associado em que, por norma, há vários meses a mediar o fim da bolsa e a defesa da tese, períodos na ordem dos 10 a 12 meses. Isto é insustentável para pessoas casadas, com filhos, e com as despesas familiares normais - as mesmas que os orientadores têm!!!! Pior é a situação de um amigo meu, em que o seu orientador "para lhe dar uma lição" (palavras do orientador) o atrasa deliberadamente. Mais mal é do aluno, que fica sem receber mesmo sem ter responsabilidades; ao orientador, caso não tenha escrúpulos (e a maioria não tem, garanto-vos) não há qualquer penalização. Isto é totalmente injusto e a FCT deveria encarar isto como uma prova de incompetência. E a incompetência não pode nem deve ser tolerada em Ciência.

O que acham? Como fazer chegar esta questão à FCT ou ao MCTES?

Re: Atrasos nas entregas das teses - critério de incompetênc

Enviado: sexta nov 04, 2005 2:30 pm
por alexandra rosa
Alfredo Baptista Escreveu: O que acham? Como fazer chegar esta questão à FCT ou ao MCTES?
Esta questão da supervisão da orientação é também na minha opinião uma questão muito importante. Não é um problema apenas dos orientadores portugueses, é um problema geral.

Não acho que seja um problema desconhecido da FCT nem sequer do MCTES. Acho mesmo que foi uma das razões que levou à criação da figura do painel do bolseiro (ou outro nome parecido que substituiu o provedor do bolseiro, que nunca foi posto em prática, no actual EBI), processo que foi interrompido quando caiu o anterior governo e ainda não foi retomado com o actual.

Mas, como dizia, este não é um problema só nosso. Por isso, a EURODOC (uma federação de associações europeias de jovens cientistas, da qual a ABIC é membro) tem um grupo de trabalho sobre este tema. Este grupo elaborou um documento (http://www.eurodoc.net/workgroups/super ... ptrain.pdf) que vos convido a ler e comentar, e deixo a sugestão da criação de um grupo de trabalho com a tarefa de elaborar um "Guia de conduta da orientação" para apresentar ao MCTES e sugestões de como esse guia poderia ser implementado no terreno.

Alexandra

Comentários

Enviado: domingo nov 06, 2005 4:49 pm
por Alfredo Baptista
Desconhecia esse doucmento, e pareceu-me ser bastante interessante principalmente por ver o pouco ou nada que se faz e existe em Portugal. Pela leitura das cartas dos diferentes países, apercebi-me que existem vários pontos pertinentes, tais como a criação de canais e mecanismos de controlo imparciais e isentos (que não possuam conflitos de interesses) para a actividade de orientação. Em Portugal, a isenção não abunda, mas considero que seria um atestado de incompetência assumirmos que não conseguimos ser imparciais no seio de um conflito. Na maioria das vezes, os chefes encobrem-se todos uns aos outros, e é pena, porque ao defenderem maus chefes, não servem o interesse nacional nem a ciência que por cá se faz.

Por outro lado, achei interessante haver a necessidade de estabelecer órgãos de mediação. Aqui, e por experiência própria, apercebi-me que a mediação não existe, e a estupidez vence sempre na forma de "quem não está bem pode sempre sair", como já contei a propósito de me ter insurgido contra ser intoxicado no laboratório onde trabalhei. Mais uma vez é pena.