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Muito boa tarde,

Terminei o meu doutoramento no início de 2012 e ainda tenho algum trabalho para publicar. Já publiquei vários artigos em revistas, relacionados com o meu trabalho experimental. Nesses coloquei sempre os nomes dos meus orientadores. No entanto, agora estou a preparar dois review papers e um livro que já são o resultado de trabalho de pesquisa do estado da arte para o meu doutoramento (totalmente realizado por mim) e também trabalho efectuado como investigador independente no meu pós-doc.
A questão que coloco é: sou obrigada a colocar o nome dos meus orientadores? Eu tenho publicado sempre em revistas com elevado factor de impacto e isso interessa bastante aos meus orientadores. Eu sei que quando perceberem que publiquei sem o nome deles, dada a boa qualidade das publicações, não vão ficar nada satisfeitos, mas eu acho que está na altura de deixar de os levar a reboque do meu trabalho. Principalmente por que neste caso em nada contribuiram para ele e, além disso, parte do trabalho já é posterior.

Alguém me pode esclarecer se sou livre de decidir quem coloco nas minhas futuras publicações?

Muito obrigada pela vossa ajuda!
C Santos

c.santos Escreveu:Muito boa tarde,

Terminei o meu doutoramento no início de 2012 e ainda tenho algum trabalho para publicar. Já publiquei vários artigos em revistas, relacionados com o meu trabalho experimental. Nesses coloquei sempre os nomes dos meus orientadores. No entanto, agora estou a preparar dois review papers e um livro que já são o resultado de trabalho de pesquisa do estado da arte para o meu doutoramento (totalmente realizado por mim) e também trabalho efectuado como investigador independente no meu pós-doc.
A questão que coloco é: sou obrigada a colocar o nome dos meus orientadores? Eu tenho publicado sempre em revistas com elevado factor de impacto e isso interessa bastante aos meus orientadores. Eu sei que quando perceberem que publiquei sem o nome deles, dada a boa qualidade das publicações, não vão ficar nada satisfeitos, mas eu acho que está na altura de deixar de os levar a reboque do meu trabalho. Principalmente por que neste caso em nada contribuiram para ele e, além disso, parte do trabalho já é posterior.

Alguém me pode esclarecer se sou livre de decidir quem coloco nas minhas futuras publicações?

Muito obrigada pela vossa ajuda!
C Santos

C Santos acho que se o trabalho dependeu apenas de ti, tens o direito de pôr apenas o teu nome. No entanto, e em especial no caso do doutoramento quase que "tens a obrigação" de os levar a reboque, pois foram orientadores.... Se foram eles a sugerirem o tema ainda pior.
A grande questão é que eles têm o pão e o queijo na mão e na maioria dos casos aproveitam-se disso e não passam de uns abutres descarados, pois é mesmo este o termo. Precisam de publicar senão "vão para a rua" ou não sobem e depois usam os bolseiros para seus escravos para atingir os seus objectivos. A grande questão é que em Portugal os investigadores não têm independência profissional e diga-se com a grande cunivência destes abutres, a figura de investigador estará sempre ligada a uma condição percária e totalmente dependentes dos senhores professores e seus centros, e muitos dos quais não passam de uns aproveitadores do grande esforço e trabalho dos bolseiros para Suas Exas estarem no trono. E todos sabemos o que custa escrever um paper. Muitas vezes fins de semana e feriados perdidos. Quantas vezes, uma vida profissional perdida...
Por isso, acho que se os teus artigos não dependeram do trabalho, nem do dinheiro dos teus orientadores, nem dos conhecimentos deles, podes e tens todo o direito deles não serem co-autores. Terão essa oportunidade em todos os outros trabalhos, em que dão alguma coisa deles..... Deixo-te a minha opinião.

Contudo convém não esquecer que os teus orientadores podem ser influentes na comunidade cientifica (PC chair/members de conferências importantes ou amigos desses) e, se sentirem que agiste de má-fé ou se se acharem no direito de serem autores, podes acabar por não conseguir publicar nas conferências relevantes ou ter a vida muito dificultada.

Bom dia,

Em primeiro lugar quero agradecer as respostas que me enviaram.

Caro Precario: quanto à sugestão dos temas e conteúdo, não se coloca uma vez que são da minha inteira iniciativa. Claro que no trabalho em que os meus ex-orientadores tiveram alguma intervenção, nomeadamente trabalho experimental, eu coloquei sempre os nomes deles. Neste caso é trabalho que foi feito exclusivamente por mim e que está directamente relacionado com uma extensa e muito rica pesquisa de estado da arte que fiz durante o doutoramento. Percebo e concordo totalmente com o que me disse sobre o aproveitamento que os orientadores fazem dos seus alunos. Fez uma boa síntese da realidade.

Caro Schutz: reconheço que os meus orientadores até podem ter algum poder em Portugal, mas um aspecto que não referi é que actualmente sou investigadora num dos maiores institutos de investigação da europa e trabalho directamente com pessoas das maiores e mais importantes universidades europeias. Não estou a dizer que sou melhor que outros, estou simplesmente a dizer que a realidade é esta. Também não está nos meus planos regressar ao meu país.

Isto para dizer que não me sinto de forma nenhuma em dependência ou com a necessidade de prolongar a subserviência que é tão característica dos bolseiros em Portugal. Um dos motivos que me levou a sair foi precisamente esse sentimento de frustação perante as condições em que se faz investigação aí, e certas coisas a que assiti e que nunca pensei que iria ver. Mas essas são contas de um outro rosário...

Penso que o que li aqui me deixa mais tranquila no sentido de não estar a agir com deslealdade para com os meus ex-orientadores. Não tenho qualquer tipo de mágoa ou ressentimento, até tenho um bom relacionamento com eles. Não é isso que está em causa. Trata-se apenas de achar que está na hora de cada um seguir o seu caminho.

Mais uma vez muito obrigada pela vossa ajuda!

Cumprimentos, C

c.santos Escreveu:Bom dia,

Em primeiro lugar quero agradecer as respostas que me enviaram.

Caro Precario: quanto à sugestão dos temas e conteúdo, não se coloca uma vez que são da minha inteira iniciativa. Claro que no trabalho em que os meus ex-orientadores tiveram alguma intervenção, nomeadamente trabalho experimental, eu coloquei sempre os nomes deles. Neste caso é trabalho que foi feito exclusivamente por mim e que está directamente relacionado com uma extensa e muito rica pesquisa de estado da arte que fiz durante o doutoramento. Percebo e concordo totalmente com o que me disse sobre o aproveitamento que os orientadores fazem dos seus alunos. Fez uma boa síntese da realidade.

Caro Schutz: reconheço que os meus orientadores até podem ter algum poder em Portugal, mas um aspecto que não referi é que actualmente sou investigadora num dos maiores institutos de investigação da europa e trabalho directamente com pessoas das maiores e mais importantes universidades europeias. Não estou a dizer que sou melhor que outros, estou simplesmente a dizer que a realidade é esta. Também não está nos meus planos regressar ao meu país.

Isto para dizer que não me sinto de forma nenhuma em dependência ou com a necessidade de prolongar a subserviência que é tão característica dos bolseiros em Portugal. Um dos motivos que me levou a sair foi precisamente esse sentimento de frustação perante as condições em que se faz investigação aí, e certas coisas a que assiti e que nunca pensei que iria ver. Mas essas são contas de um outro rosário...

Penso que o que li aqui me deixa mais tranquila no sentido de não estar a agir com deslealdade para com os meus ex-orientadores. Não tenho qualquer tipo de mágoa ou ressentimento, até tenho um bom relacionamento com eles. Não é isso que está em causa. Trata-se apenas de achar que está na hora de cada um seguir o seu caminho.

Mais uma vez muito obrigada pela vossa ajuda!

Cumprimentos, C

Colega,

Parabéns por estar num bom Centro de Investigação. Realmente fazer investigação em Portugal é frustante e nunca somos independentes para fazer a NOSSA investigação. Trabalhamos indirectamente para outras finalidades que não as nossas... E ainda nos fazem um grande favor... Portugal... Felicidades!