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Seguir Doutoramento? - MICF Porto
Enviado: domingo jun 23, 2013 7:04 pm
por raq1988
Boa tarde,
Frequento o 3.º ano do MICF na FFUP e gostava de seguir doutoramento assim que acabasse o curso. Apesar de ainda faltarem dois anos para terminar eu sempre quis seguir uma área ligada à investigação científica. Contudo as nossas médias finais de curso são baixas (muito em parte devido à dificuldade) e receio poder não conseguir. Gostava de saber mais aprofundadamente em que é que consiste o doutoramento propriamente dito, a sua duração, quais os requisitos de entrada, a dificuldade do mesmo, quais as vantagens e desvantagens. E sobretudo quais as possibilidades de se conseguir ingressar nos dias que correm.
Obrigada,
Raquel Torres
Re: Seguir Doutoramento? - MICF Porto
Enviado: terça jun 25, 2013 1:08 pm
por spca
Olá.
Pela minha experiência de vida, desaconselho esta "pressa" tão em voga nos dias de hoje de as pessoas fazerem doutoramentos logo que acabam de fazer o curso.
A meu ver, uma boa analogia é o casamento. Um doutoramento é uma espécie de casamento por 4 anos (desejavelmente). Infelizmente está longe, de uma forma geral, de ser um mar de rosas - ou talvez até possa ser para alguns, mas as rosas têm espinhos. Como nos casamentos existem divórcios, também se pode desistir do doutoramento mas isso tem um custo muito alto a nível pessoal e profissional, incluindo a "ameaça" de ter de devolver o dinheiro da bolsa, e é de evitar. A meu ver, é desejável primeiro fazer algum trabalho de investigação e amadurecer, incluindo percebendo melhor o que queres fazer e quais as pessoas com quem é desejável e indesejável trabalhar (sendo que, a meu ver, nem sempre os professores mais graduados e com mais currículo são os mais desejáveis para trabalhar) antes de te "amarrares" com um compromisso tão sério.
Um pouco como na analogia com o casamento é desejável algum tempo de namoro antes de casar.
Assim, eu aconselharia a que primeiro tentasses fazer por ex. uma bolsa de investigação ou algum género de estágio Erasmus no estrangeiro para amadurecer ideias.
Isso pode também ser uma forma de publicar alguns artigos e ganhar algum currículo que compense a média não tão boa quanto gostarias.
Farmácia talvez tenha a desvantagem de ter médias baixas, que tem sido uma desvantagem importante a nível do concurso de bolsas de doutoramento da FCT. Mas não sei até que ponto é uma desvantagem assim tão importante, dependerá se há outras pessoas de outras áreas com médias mais elevadas a concorrer em simultâneo - se todas as pessoas dessas áreas tiverem médias igualmente a tender para o baixo não há grande desvantagem. Mas creio que tem vantagens por ex. relativamente à indústria, mesmo a nível de investigação, em particular no estrangeiro, o que talvez seja de explorar.
A nível nacional, agora começou a ser feita a atribuição de bolsas dentro de programas de doutoramento, o que talvez possa também ser uma vantagem no caso de áreas de médias tradicionalmente baixas como a Farmácia e seja algo a que também convenha estares atenta.
Boa sorte.
Re: Seguir Doutoramento? - MICF Porto
Enviado: sexta jun 28, 2013 2:14 am
por DuarteAlbuquerque
E que tal candidatares a uma bolsa de investigação em part time com o curso? Isso vai permite-te ter uma ideia do que é exercer investigação e também conheceres os teus futuros orientadores, na área de investigação que estás mais interessada. Tens tempo depois para decidir se vale a pena fazer doutoramento. Eu só aconselho por muito gosto.
Quanto as médias, se tiveres artigos na altura da candidatura consegues ter uma bonificação suplementar e deixa de ser significativo a média. Não é fácil ter um artigo a part-time.
Re: Seguir Doutoramento? - MICF Porto
Enviado: terça jul 02, 2013 7:41 pm
por raq1988
Boa tarde.
Antes de mais agradeço pelas respostas aqui colocadas. Foram bastante elucidativas e deram-me um plano de visão mais abrangente tendo em vista os meus objetivos.
Relativamente à última resposta gostaria de saber até que ponto, por exemplo, uma bolsa de investigação mantida durante os dois últimos anos do curso poderá ter influência na escolha dos candidatos. De que depende o número de artigos publicados? E, por exemplo, se a participação em congressos, seminários, workshops pode contribuir para uma vantagem ao nível curricular em termos de seleção de candidatos.
Como se pode aceder às estatísticas do números de alunos que entraram no 3.º ciclo de estudos em cada faculdade?
(Peço desculpa pelos pormenores de todas estas questões mas sinto-me um pouco atrapalhada visto ser algo que eu desejo mesmo muito e receio poder não conseguir devido à razão já explicada e, por isso mesmo, tento saber mais pormenores.)
Obrigada,
Raquel Torres
Re: Seguir Doutoramento? - MICF Porto
Enviado: quarta jul 03, 2013 2:03 am
por spca
raq1988 Escreveu:Boa tarde.
Antes de mais agradeço pelas respostas aqui colocadas. Foram bastante elucidativas e deram-me um plano de visão mais abrangente tendo em vista os meus objetivos.
Relativamente à última resposta gostaria de saber até que ponto, por exemplo, uma bolsa de investigação mantida durante os dois últimos anos do curso poderá ter influência na escolha dos candidatos.
Olá.
Quanto a bolsas, a única que conheço que permite funcionamento em part-time é a Bolsa de Iniciação Científica, Art. 8º do Regulamento da FCT,
http://www.fct.pt/apoios/bolsas/regulamento.phtml.pt
Mas podes trabalhar em investigação sem bolsa (será de longe o caso mais frequente para pessoas não licenciadas). Para concluires o mestrado terás de fazer investigação para uma tese, e podes tentar fazer algum género de estágio ou trabalho com algum professor, por ex. nas férias ou nalgum tempo que tenhas livre.
Quando terminares o Mestrado Integrado, podes concorrer a bolsas de investigação. Estas são normalmente anunciadas em
http://www.eracareers.pt/, e nalguns casos em paineis de anúncios pelas universidades, imprensa, etc. Ou outros tipos de estágios, ex. Erasmus, ou mesmo procurares anúncios e concorreres. A meu ver, era bom que antes de te "amarrares" num doutoramento tivesses algum outro tipo de experiência, e se possível sem ser tudo no mesmo sítio.
De que depende o número de artigos publicados? E, por exemplo, se a participação em congressos, seminários, workshops pode contribuir para uma vantagem ao nível curricular em termos de seleção de candidatos.
Os artigos dependem de vários factores, em teoria da quantidade e qualidade de investigação que desenvolveres, na prática também da qualidade de quem orienta (quer científica quer de liderança, ou seja, da forma como orienta), "sorte" no tema em que trabalhas (as coisas nem sempre funcionam), se o teu trabalho se enquadra no trabalho de outras pessoas (aqui os "trabalhos laterais fora do tema" poderão ajudar a ter mais artigos), etc.
As comunicações em congressos (só "abstract", sem publicação - nalgumas áreas as comunicações são publicadas como "procceedings" semelhantes a artigos) ou seminários a que assistam, workshops, pequenos cursos ou experiência profissional têm contado pouco ou nada para efeitos de concurso de bolsas, ainda que possam obviamente contar para algum emprego a que concorras mais tarde e para o currículo em geral - há mais vida para além dos concursos de bolsas...
Como se pode aceder às estatísticas do números de alunos que entraram no 3.º ciclo de estudos em cada faculdade?
Creio que terás de procurar junto de cada faculdade...
Boa sorte.