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Bolsa no estrangeiro ou aluno visitante?

Posted: Sun Feb 13, 2011 3:44 pm
by Valxes
Antes de tudo o mais, um bem haja a todos os presentes no fórum.

Receio ter "saltado" o tópico de apresentação mas vou fazer apenas uma pequena apresentação, para ficarem com uma ideia da minha situação. Chamo-me Pedro e sou finalista de um mestrado integrado em ciências de computadores na Faculdade de Ciências da UP. Trabalho à quase 3 anos em investigação, inicialmente com uma BIC, que foi agora alterada para uma BI. Como tantos outros, irei este ano concorrer a uma BD da FCT (boa sorte aos meus "irmãos de armas" nesta luta que se avizinha 8) ).

Gostaria de expôr aqui uma dúvida minha, que acredito ser a dúvida de muitos outros potenciais alunos de doutoramento. Estou indeciso quanto ao regime de doutoramento que deva seguir. Por um lado, tenho a possibilidade de tirar o phd a tempo inteiro numa universidade de topo (UCL), já tendo sido a minha proposta aceite por uma docente do dept. de CC deles. Por outro lado, também me puseram a hipótese de tirar o phd na UP e fazer umas temporadas em UCL, na universidade de Santiago e em Austin no Texas.

Estar no estrangeiro é, sem dúvida, uma experiência única e recompensadora, assim como será um phd assinado pela quarta melhor universidade do ranking mundial (aliás, dum dos rankings mundiais).
No entanto, em Portugal tenho melhores condições em termos de equipamento e recursos, contactos com a indústria (algo importante no futuro) e a possibilidade de viajar até UCL e Austin.

Tendo em conta que sendo aluno visitante é possível (pelo menos é o que vejo a maior parte das pessoas a fazer) escrever no CV "Tirei o phd na <inserir universidade portuguesa> em conjunto com <inserir lista de universidades estrangeiras onde se esteve>", penso que o facto de o phd ser tirado cá fica um pouco diluído. Isto porque, segundo um professor catedrático meu amigo, o processo de candidatura está extremamente formalizado e o nome da universidade estrangeira tem algum peso mas é maioritariamente psicológico na medida em que afecta quem lê o CV e o que conta é principalmente o número e qualidade das publicações, mais do que qualquer mérito da universidade. Pessoalmente acho isto extremamente injusto para quem esteve 3 ou 4 anos no estrangeiro, mas é a realidade que temos!

Numa última nota, gostaria de relembrar que parece ser a opinião as bolsas no estrangeiro serem mais "arriscadas". Isto porque não nos podemos esquecer que a FCT quer estatísticas e atribuir bolsas no estrangeiro reduz bastante o número total de bolsas concedidas, assim como aumenta a probabilidade de o aluno não voltar a Portugal (e a missão da FCT é "fomentar o conhecimento e investigação em Portugal").

Tendo em conta todos estes factores, qual acham ser o rumo mais acertado a tomar? Pessoalmente, acho que ser aluno visitante em mais do que um sítio acaba por oferecer um melhor rácio sacríficio+risco/recompensa (especialmente se tomarmos em conta os aspectos económicos da permanência no estrangeiro versus continuar a residir em portugal).

Desculpem pelo post descomunal mas está não é uma discussão simples e as variáveis a ter em conta são mais que muitas (se pelo menos fosse possível atribuir pesos a cada uma :lol: ).

Re: Bolsa no estrangeiro ou aluno visitante?

Posted: Sun Feb 13, 2011 4:19 pm
by spca
Bem, de facto a FCT parece que está, pelo menos em discurso, a apontar para bolsas nacionais ou no máximo mistas, e a dizer que bolsas apenas no Estrangeiro só em casos excepcionais (ainda que não tenha visto nada disso agora materializado nos concursos, toda a gente parece à primeira vista ter sido avaliada da mesma maneira independentemente de ser bolsa nacional, mista ou no estrangeiro). Mas há vida para além da FCT. Por exemplo, para os States podes ter bolsas através da Fundação Fulbright, http://www.ccla.pt/ Ou talvez esses professores no estrangeiro te possam inserir num projecto deles. Vê o tópico http://forum.bolseiros.org/viewforum.php?f=2 para outras fontes de bolsas.

Pela argumentação que apresentas, podes ver que é uma questão de resposta dúbia. Podes perfeitamente ir para o estrangeiro todo o PhD e se depois quiseres voltar arranjar um pós-doc por cá, por ex. ou um emprego.
UCL = University College London?
Em termos de nome, claro que a UCL ou U Austin-Texas soam mais do que a UP.
Mas claro que será + fácil arranjares contactos em Portugal e te inserires em Portugal nessa bolsa na UP - e o inverso com a bolsa no Estrangeiro.
Em termos de bolsas, e alguns trabalhos académicos, o principal factor por cá, tanto quanto tenho percebido, de facto tem sido o número de publicações e (nem sempre) a qualidade / factor de impacto das revistas.
Já para a indústria parece-me isso menos relevante, mas pouco conheço de facto da indústria portuguesa e muito menos nessa área.

Acho que o principal factor aqui deve ser: O que desejas verdadeiramente fazer? Experimentar ir para o estrangeiro uns anos, ou ficar por cá e ir uns mesitos para outras universidades?
Eventualmente se conheces as pessoas que te iriam orientar, como é cada um deles, quer a nível de qualidade profissional, quer, talvez mais difícil de saber, a nível humano?
Porque de resto, o que é melhor ou pior é dúbio, como aliás, podes ver na tua própria argumentação.