Abaixo-assinado pelo Emprego Científico

Emprego científico ou emprego para cientistas? Porquê? Para quê? Que futuro?
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João Ferreira
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Abaixo-assinado pelo Emprego Científico

Mensagem por João Ferreira »

Caros colegas,

Na sequência da decisão tomada na última Reunião Nacional de Bolseiros, a ABIC irá promover um abaixo-assinado em defesa do emprego científico, aberto a toda a comunidade científica e académica bem como a todos os restantes interessados e logo, por maioria de razão, a todos os bolseiros.

A proposta de texto é a que segue abaixo. Durante as próximas duas semanas propomos a todos o envio de sugestões e contributos que permitam melhorar o texto. Após esse período, a direcção da ABIC reunirá todos os contributos e dará uma forma final ao texto que será de imediato posto a circular.

Proposta de abaixo-assinado:
Por Uma Efectiva Política Nacional de Emprego Científico: Uma Necessidade Inadiável


Poucas matérias recolherão tão amplo consenso como a necessidade de criação de emprego científico. A sua promoção é frequentemente considerada condição essencial para o desenvolvimento nacional e para a superação do nosso atraso estrutural.

Contudo, no plano da resposta concreta à necessidade de criação de emprego científico no nosso país, as declarações de intenções que sucessivamente têm sido proferidas sobre o assunto escondem uma preocupante ausência de políticas e medidas concretas para alterar uma situação actual de franca carência.

O governo definiu, em Março deste ano, a questão do emprego científico como um “eixo prioritário” da política científica nacional. Mais de seis meses depois, impõe-se a pergunta: quais foram, até à data, os resultados práticos do anúncio?

Os objectivos sucessivamente proclamados, apesar de meritórios, são invariavelmente enunciados em termos muito vagos, as medidas anunciadas são escassas e pecam quase sempre pela ausência da imprescindível definição de metas temporais.

Entre as poucas metas anunciadas, conta-se o aumento do número de investigadores, num total de cinco mil novos investigadores, até 2006. Este número coincide porém com o número de bolsas para formação avançada a atribuir até à mesma data. Em que ficamos? Os mesmos que invocam o facto de a bolsa não ser um emprego para negar aos bolseiros uma série de direitos básicos, entendem como criação de emprego científico a atribuição de bolsas (e na verdade, olhando às restantes medidas anunciadas a par desta, pouco mais do que isso). O facto não pode deixar de merecer o nosso mais firme repúdio e de suscitar a mais viva indignação.

Para que possam ser levadas a sério as intenções anunciadas de um significativo incremento do emprego científico até 2010, é urgente a imediata adopção de medidas que o promovam, tanto no sector público como no privado. Este último, tendo em conta a situação de grande atraso de que parte terá que sofrer da parte do primeiro um forte efeito indutor. Não é possível simplesmente esperar que o sector privado faça tudo, sobretudo quando parte quase do zero, remetendo-se o Estado ao papel de mero espectador, ou pior, dando o exemplo contrário ao que pede que outros façam.

De entre as medidas necessárias, destacamos:

- A criação de mecanismos de financiamento que permitam a contratação de pessoal pelas unidades de I&D, no âmbito de projectos de investigação; as necessidades de pessoal inerentes ao desenvolvimento dos projectos, sempre que de natureza temporária, deverão ser preenchidas com recurso à figura do contrato de trabalho, nas suas várias modalidades, e não utilizando abusivamente bolseiros de investigação, como hoje sucede;

- A integração de jovens investigadores, docentes e técnicos nos quadros de pessoal das universidades e demais instituições de ensino superior e Laboratórios do Estado, com o descongelamento de novas admissões e o preenchimento de vagas existentes e a criar (na sequência, sublinhe-se, das recomendações feitas pelos painéis externos de avaliação destas instituições);

- O reforço do papel destas instituições no apoio ao delinear de políticas públicas, nomeadamente ao nível sectorial, e a criação de “interfaces” com o sector produtivo, a indústria e o tecido empresarial, promovendo a transferência do conhecimento produzido nestas instituições, demonstrando a utilidade da sua integração na actividade das empresas, despertando as necessidades hoje não sentidas pela generalidade dos empresários;

- A continuação do apoio à inserção profissional de pós-graduados nas empresas, nomeadamente financiando os custos de pessoal numa fase inicial e a concessão de outros incentivos financeiros, incluindo incentivos fiscais, às empresas que empreguem mestres e doutores;

- Reforçar o apoio e incentivo à criação de empresas, que contribuam para o lançamento de novos produtos processos ou serviços, por licenciados, mestres e doutores;

- Promoção de emprego científico em associação a áreas de grandes investimentos públicos, em grandes empresas públicas ou com participação estatal;

- Abertura da administração pública à inovação, com integração de pessoal qualificado (mas não de mais bolseiros), incluindo mestres e doutores, nos vários organismos e entidades da administração central e local.

Os abaixo-assinados consideram que a situação de bloqueio que enfrentamos, torna imperiosa a definição de uma estratégia de desenvolvimento nacional que se apoie e articule, entre outras, com uma verdadeira política científica. Esta, por sua vez, não será possível senão sustentada por políticas de emprego científico consequentes e pela dignificação das condições de prestação do trabalho científico.

asn
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Mensagem por asn »

Apenas um contributo. Fiz algumas alterações que se encontram no texto em maiúsculas, bem como alusão a 2 frases algo confusas (também indicadas a maiúsculas).

Parabéns pelo documento e sobretudo pela iniciativa.

Bom trabalho para todos/as,

Sofia Neves



Por Uma Efectiva Política Nacional de Emprego Científico: Uma Necessidade Inadiável


Poucas matérias recolherão tão amplo consenso como a necessidade de criação de emprego científico. A sua promoção é frequentemente considerada condição essencial para o desenvolvimento nacional e para a superação da nossa ESTAGNAÇÃO estrutural.

Contudo, no plano da resposta ESPECÍFICA à PREMÊNCIA de criação de emprego científico no nosso país, as declarações de intenções que sucessivamente têm sido proferidas sobre o assunto escondem uma preocupante ausência de políticas e medidas concretas para alterar uma situação actual de franca carência, CUJAS IMPLICAÇÕES SE FAZEM SENTIR NEGATIVAMENTE NO PERCURSO CIENTÍFICO DOS/AS INVESTIGADORES/AS, DOS/DAS DOCENTES E DOS/AS TÉCNICOS/AS.

O governo definiu, em Março deste ano, a questão do emprego científico como um “eixo prioritário” da política científica nacional. Mais de seis meses depois, impõeM-se AS SEGUINTES QUESTÕES: quais foram, até à data, os resultados práticos do anúncio? COMO SE TEM PROCESSADO A AVALIAÇÃO DAS MEDIDAS IMPLEMENTADAS SUBJACENTES À POLÍTICA CIENTÍFICA NACIONAL? QUE ESTRATÉGIAS ESTÃO A SER PERSPECTIVADAS PARA QUE O "EIXO PRIORITÁRIO" SEJA DE FACTO PRIORITÁRIO?

Os objectivos INTENSAMENTE proclamados, apesar de meritórios, são invariavelmente enunciados em termos muito vagos, as medidas anunciadas são escassas e pecam quase sempre pela ausência da imprescindível definição de metas temporais.

Entre as poucas metas anunciadas, conta-se o aumento do número de investigadores/AS, num total de cinco mil novos investigadores/AS, até 2006. Este número coincide porém com o número de bolsas para formação avançada a atribuir até à mesma data. Em que ficamos? Os mesmos que invocam o facto DA bolsa não ser um emprego QUE DENEGUE aos/ÀS bolseiros/AS uma série de direitos básicos, entendem como criação de emprego científico a atribuição de bolsas (e na verdade, olhando às restantes medidas anunciadas a par desta, pouco mais do que isso TEM SIDO FEITO). O facto não pode deixar de merecer o nosso mais firme repúdio e de suscitar a mais viva indignação.

Para que possam ser levadas a sério as intenções anunciadas de um significativo incremento do emprego científico até 2010, é urgente a imediata adopção de medidas que o promovam, tanto no sector público como no privado. Este último, tendo em conta a situação de grande atraso de que parte terá que sofrer da parte do primeiro um forte efeito indutor (NÃO SE PERCEBE BEM A IDEIA. FRASE MUITO CONFUSA). Não é possível simplesmente esperar que o sector privado faça tudo, sobretudo quando parte quase do zero, remetendo-se o Estado ao papel de mero espectador, ou pior, dando o exemplo contrário ao que pede que outros façam.

De entre as medidas necessárias, destacamos:

- A criação de mecanismos de financiamento que permitam a contratação de pessoal pelas unidades de I&D, no âmbito de projectos de investigação; as necessidades de pessoal inerentes ao desenvolvimento dos projectos, sempre que de natureza temporária, deverão ser preenchidas com recurso à figura do contrato de trabalho, nas suas várias modalidades, e não utilizando abusivamente bolseiros/AS de investigação, como hoje sucede;

- A integração de jovens investigadores/AS, docentes e técnicos/AS nos quadros de pessoal das universidades e demais instituições de ensino superior e Laboratórios do Estado, com o descongelamento de novas admissões e o preenchimento de vagas existentes e a criar (na sequência, sublinhe-se, das recomendações feitas pelos painéis externos de avaliação destas instituições); PARECE QUE A FRASE NÃO ESTÁ COMPLETA. DEPOIS DO VERBO CRIAR ABRE-SE UM PARENTISIS E TERMINA-SE A FRASE SEM QUE ELA ESTEJA CONCLUÍDA.

- O reforço do papel destas instituições no apoio FACE ao delinear de políticas públicas, nomeadamente ao nível sectorial, e a criação de “interfaces” com o sector produtivo, a indústria e o tecido empresarial, promovendo a transferência do conhecimento produzido nestas instituições, demonstrando a utilidade da sua integração na actividade das empresas, despertando as necessidades hoje não sentidas pela generalidade dos/AS empresários/AS;

- A continuação do apoio à inserção profissional de pós-graduados/AS nas empresas, nomeadamente financiando os custos de pessoal numa fase inicial e a concessão de outros incentivos financeiros, incluindo incentivos fiscais, às empresas que empreguem mestres, doutores/AS E PÓS-DOUTORADOS/AS;

- Reforçar o apoio e incentivo à criação de empresas, que contribuam para o lançamento de novos produtos, processos ou serviços, por licenciados/AS, mestres, doutores/AS E PÓS-DOUTORADOS/AS;

- Promoção de emprego científico em associação a áreas de grandes investimentos públicos, em grandes empresas públicas ou com participação estatal;

- Abertura da administração pública à inovação, com integração de pessoal qualificado (não de mais bolseiros/AS), incluindo mestres, doutores/AS E PÓS-GRADUADOS/AS, nos vários organismos e entidades da administração central e local.

Os/AS abaixo-assinados/AS consideram que a situação de bloqueio que enfrentamos, torna imperiosa a definição de uma estratégia de desenvolvimento nacional que se apoie e articule, entre outras, com uma verdadeira política científica. Esta, por sua vez, não será possível senão sustentada por políticas de emprego científico consequentes e pela dignificação das condições de prestação do trabalho científico.

Alfredo Baptista
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Discussão do emprego científico

Mensagem por Alfredo Baptista »

Caros colegas

Após a recepção da última mensagem de e-mail relativa à discussão de um
abaixo assinado, não deixo de sentir necessidade de partilhar vários
aspectos, que por falta de oportunidade e pelo simples facto de já não ser
bolseiro, nunca tive a oportunidade de manifestar publicamente. O facto é
que fui bolseiro de investigação durante 4 anos, e encontro-me presentemente
à espera para efectuar a defesa da minha tese de doutoramento. Embora tenha
deixado de ser bolseiro, não deixo de ser solidário (mais não fosse, a minha
mulher continua a ser bolseira...), pelo que urge definir claramente alguns
pontos de extrema importância relativamente às discussões sobre a carreira
científica nacional. E, como professor universitário que hoje sou, não me
sinto moralmente bem em apregoar maravilhas sobre o panorama da investigação
nacional aos meus alunos, pelo que desincentivo fortemente a sua opção pela
carreira de investigador.

Ponto 1) A investigação nacional não é gerida, idealizada ou dirigida por
investigadores, mas sim por docentes universitários. Logo aqui, muitas
questões estruturantes se levantam, pois o incentivo que é oferecido a
alguém que submeta projectos ou oriente alunos é meramente curricular.
Nenhum dos nossos orientadores sobrevive com uma bolsa, ou depende dela, ou
sequer deixa de receber algum tipo de estímulo caso não tenha produção científica.
Quem está no terreno, os alunos de doutoramento, os pós-docs, os
investigadores auxiliares de carreira (os poucos, dos laboratórios
associados) têm de tomar consciência de que só assumindo claramente a sua
preponderância conseguirão chamar a si a responsabilidade de fazer (e fazer
significa submeter, escrever, publicar, orientar, transferir tecnologia)
ciência real em Portugal;

Ponto 2) A falta de solidariedade dos orientadores em relação aos
respectivos alunos é, na maior parte dos casos, gritante, pelo que é
impossível sensibilizar a maioria dos orientadores para estas questões que,
alegadamente, só dizem respeito aos bolseiros. No entanto, é esta actividade
precária da qual os orientadores usam e abusam tão repetidamente, e de que é
feita a sua progressão na carreira docente. A hipocrisia assume assim
contornos de tragédia, pois os bolseiros não são trabalhadores, mas "ajudam"
os seus mentores a progredir nas respectivas ocupações profissionais.
Caricato.

Ponto 3) A docência universitária assume contornos de uma mesquinhez
doentia, quando nós atentamos na verdadeira natureza do apregoado emprego
científico: não convém aos docentes universitários, na sua maioria
confortavelmente instalados nos laboratórios associados (LAs) ou nas
universidades, perder o controlo sobre o processo de progressão na carreira,
logo não abrem mão das estruturas hierárquicas dominantes, como sejam os
conselhos científicos dos LAs. A situação é gravosa, pois permite fechar o
ciclo: o bolseiro não fala, o bolseiro executa, o bolseiro vai embora ou
continua a ser bolseiro. A contratação de investigadores auxiliares faz
subentender um grau de autonomia relativamente elevado, que é encarado como
uma ameaça credível e potencial ao estatuto dominante do "mestre", e que
forçosamente ameaça a sua posição ditatorial. A democratização do acesso a
posições equiparáveis só poderia trazer mais qualidade, mas esta não é o
objectivo: o objectivo é a entronização dos pré-estabelecidos. Resultado:
não há incentivos à excelência pois esta é vista como um entrave à
manutenção do status de alguns.

Ponto 4) O corporativismo da docência universitária não contempla qualquer
mecanismo de controlo sobre as atrocidades que se cometem, todos os dias,
contra os bolseiros. Não há nenhuma instituição a nível nacional que seja o
garante da isenção, da idoneidade e do rigor que possa arbitrar um conflito,
se bem que fundamentado, entre um orientador e um orientando. Pelo simples
facto de os docentes, nesta "cama" de promiscuidades, se protegerem
mutuamente, em nome da manutenção de um sistema que, no geral, só os
beneficia.

Ponto 5) O futuro da investigação nacional, a passar pelos LAs, é muito
negro, e várias são as razões. Aquela que eventualmente mais afectará os
bolseiros, a par do sub-financiamente crónico, prende-se com a total
ausência de democracia destas instituições. Quando comparados com o
organigrama das Faculdades públicas nacionais, que se pautam pela
elegibilidade de orgãos (nomeadamente conselhos directivos e pedagógicos,
onde os alunos de licenciatura têm assento), o funcionamento do LA é
meramente ditatorial, em que os alunos/bolseiros não são convidados a emitir
qualquer opinião ou posição, mesmo sendo a título consultivo. Esta é a
vergonha do sistema científico nacional, que serve só os interesses de
alguns, arvorando-se, de modo paternalista, em defensores das posições da
maioria. A arrogância institucional é tal que os elementos directivos dos
LAs não consideram a remota possibilidade de que ideias são ideias, sejam de
doutorados ou não. Se não têm voz, como querem os bolseiros merecer o
respeito?

Ponto 6) A ignorância e o alheamento em torno de assuntos que exigem
reflexão é um mal comum em Portugal, mas é lamentável a falta de opinião que
a esmagadora maioria dos nossos colegas manifesta em relação à sua própria
situação. Sem esclarecimento é impossível fomentar um movimento de fundo que
altere radicalmente este estado de coisas. No entanto, este alheamento não
se pode desligar do facto de que a maioria dos investigadores nacionais que
conheço(doutorandos, nomeadamente) não faz investigação por gosto, vocação,
interesse ou até paixão; fazem-no como resultado de políticas educativas
erradas, que os deixaram perante a amarga situação de terem de recorrer a
uma bolsa em oposição ao desemprego, porque não há mercado de trabalho que
os absorva. Para esta faixa significativa de bolseiros, a bolsa é uma
situação pela qual devem dar graças e prestar eternamente vassalagem ao
respectivo orientador que lhes deu a oportunidade dourada de se alimentarem
durante 4 anos. Isto foi a regra no LA em que me doutorei. Com pessoas
nestas condições é impossível conseguir situações de consenso que requeiram
alguma dose de risco para serem bem sucedidas.

Ponto 7) O argumento do governo português da manutenção do "espiríto
bolseiro" (seja lá o que isso for...) é uma falácia. Se por um lado, a
actividade desenvolvida pelos bolseiros não é "trabalho", por outro
utiliza-se o resultado do trabalho científico nacional (número de
publicações, muitas delas por bolseiros) para estabelecer comparações com a
média europeia. Mais uma vez, caricato. E como agravante desta situação,
ainda há quem deseje eternizar esta situação das bolsas (que representam
obviamente um encargo muito menor para o Orçamento de Estado do que a
contratação a termo ou para o quadro), com o argumento de que se trata de
uma situação temporária. Tenho conhecimento, e devem ter certamente, de
colegas que são bolseiros durante largos períodos da sua vida activa. Se
esta análise for feita de modo rigoroso e exaustivo, poderemos concluir que
casos há de colegas que permanecem durante largos anos (décadas, até) sem
serem considerados trabalhadores de plenos direitos, sem direito a uma
carreira contributiva decente, em consequência da sua opção profissional que
foi a de ser cientista. Se uma fase transitória ou temporária significa 10
anos ou mais, vou ali e já venho...

Ponto 8) A total ausência de garantias de empregabilidade só reforça a
teoria de que a FCT patrocina actividade científica para efeitos
estatísticos, no sentido do atingimento de valores próximos da média
comunitária. É absolutamente lamentável assistirmos a este fenómeno de
sub-emprego, de precaridade, de assumpção de uma realidade que nos é imposta
por quem abusivamente tem interesses na matéria. E o que é mais degradante é
que, ao contrário da tendência natural (que seria a da redução progressiva
do número de candidatos a esta situação precária de bolseiro), há sempre
alguém que opta por esta via, quanto mais não seja por desespero ou simples
ignorância da situação real.

Ponto 9) A mera discussão deste temática com o actual governo é pura perda
de tempo, e por várias razões. A primeira, a mais elementar em consequência
do que aqui foi escrito, prende-se com o facto da Dra. Maria da Graça
Carvalho ser, ela mesma, um elemento do sistema. Não a conheço pessoalmente,
mas sendo ela do meio académico, coloco sérias reservas à sua vontade de
alterar uma escala de valores há já muito instalada, da qual ela terá
certamente conhecimento, na qual muitos dos seus pares estão envolvidos, e
na pior das hipóteses, que a beneficia ou beneficiou. Nenhum docente
universitário abrirá mão da possibilidade de acesso quase ilimitado a mão de
obra altamente qualificada e barata (quando não completamente de borla) para
realizar as suas aspirações de progressão na carreira, de manutenção do
status, de estrelato e show off. A segunda razão da inutilidade do diálogo
com este governo relaciona-se com a clareza das suas opções em matéria de
investigação: a I&D é uma despesa e não um investimento, corresponde a um
capricho despesista, orquestrado pelos senhores doutores das universidades,
ao qual tem de ser posto cobro. As empresas (que não existem) que façam o
investimento que o Estado não fará.

Ponto 10) Porque a questão é obviamente séria e dramática, considero ser
fundamental começar a encarar como realistas opções que extravasem as
discussões académicas, as acções de sensibilização, as chamadas de atenção
esporádicas e as acções de divulgação paulatinas. O fundamental é ganhar
visibilidade, utilizando os meios audio-visuais como um suporte, uma
bandeira nesta causa mais do que justa (reparem na situação dos nossos
colegas espanhois que se manifestaram ruidosamente nas Puertas del Sol, em
Madrid). As soluções quanto a mim passam pela exigência sistemática à FCT
(maior entidade financiadora a nível nacional) que crie mecanismos de
controlo eficazes dos abusos e atropelos, um orgão fiscalizador credível dos
buracos imensos deste sistema. A outra questão prende-se com a informação de
todos os bolseiros, de um modo sistemático, chamando a atenção para os
direitos já existentes e aqueles que se pretendem instaurar, focando
especialmente nas questões da segurança social e da integração progressiva
de bolseiros nos lugares da carreira de investigação. Por outro lado, deve
forçar-se as direcções do LA a assumirem claramente a sua posição de
destaque para a problemática do emprego científico; muito mais do que
entidades acolhedoras, os LA devem ser pólos dinamizadores, como entidades
empregadoras, ou fomentadoras de emprego. Mas isto só se consegue com uma
alteração completa, radical e definitiva dos nomes que constituem o panorama
da ciência em Portugal. Qualquer resolução passa inevitavelmente por
pessoas, pelas suas relações e ambições, pelo que a discussão da ciência tem
de passar pela discussão de quem tem de ser afastado: aqueles que se queixam
do sub-financiamento e que integram as comissões e os paineis de avaliação
são curiosamente os mesmos que mais usufruem das vicissitudes deste sistema.

Alfredo Baptista

Marco Campinho
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Verdadeira mudança na política cientifica nacional

Mensagem por Marco Campinho »

Embora o Governo esteja a mandar recados que irá apoiar a inovação e a ciencia o que de facto se passa é o contrário. Desinvestimento e falta de acção. Esta ministra mal se dá por ela e quando se dá é pa dar prémios que mais valia estarem quietos! Os 5000€ deste premio dos 100 papers é puro demagogia e espetáculo. Com este dinheiro fazia-se era uma verdadeira revolução nas universidades começando por auditorias cientificas ao profs!!
Se não publicarem pelo menos 4 papers em dois anos e em revistas internacionais tem mais 2 anos para cumprir senão tem de ser substituidos por alguém que mostre mais competencia e vontade de investigar. Embora esta sugestao possa parecer radical demais é a única que nos resta pois a maioria dos profs não faz nada que lhe compete. Não existe inovação (e vontade para ir mais longe) suficiente nas Universidades em Portugal e temos de ter consciencia que este irá ser nos proximos 5 a 10 anos onde a ciencia em Portugal irá avançar. É preciso criar uma estrutura competitiva e com mais vontade. Este é o principal problema hoje em dia porque os envolvidos com mais competencia também nao fazem o que lhes compete. Sem isso nunca se poderá atraia qualquer tipo de empresa para colaborar com as universidades!!!

jfvasconcelos
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Mensagem por jfvasconcelos »

A discussão já vai longa. :) Embora tenha algumas reservas às discussão que decorrem exclusivamente dos fórum da Internet, apoio a iniciativa do abaixo-assinado. É de facto importante ter formas de manifestarmos as nossas reivindicações quando se observa a natureza irregular e incoerente das promessas da nossa ministra... Avance-se!

djsm
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Por uma intervenção solidária (em rede) dos bolseiros

Mensagem por djsm »

Não posso deixar de elogiar o Alfredo Baptista pelo excelente texto de reflexão que nos enviou, e aproveito para dar um pequeno contributo.
Estamos numa encruzilhada: chegados aqui, temos que reforçar a reflexão e as propostas concretas, buscar consensos sérios e trilhar novos caminhos.
Um consenso em que devemos assentar, quanto a mim, é que, de facto, a maior parte dos que estão no 'sistema' não quer saber dos que não estão, o que significa, na actual conjuntura, um fosso geracional e político e uma grande inércia.
Temos que trabalhar para sensibilizar, claro, mas também perceber que se tratar duma questão política e de cidadania: além dos que estão alheados da situação dos jovens trabalhadores científicos, há quem não queira, muito simplesmente, abrir a porta, por posição ideológica e/ou cálculo pessoal.
Assim, tudo o que obtivermos (incluindo sobre emprego científico) será quase exclusivamente pelo nosso esforço e capacidade de influência. Ninguém nos dará nada de mão beijada, a não ser pratos de lentilhas, como tem sucedido (e mesmo esses tirados a ferros).
Daí a extrema relevância de, além da acção individual da ABIC (para projectar o grupo em si), dialogarmos mais estreitamente com políticos e especialistas com uma postura séria e com provas dadas (p.e., Augusto Santos Silva, Mariano Gago, José Barata Moura, Jorge Miranda, Teixeira Lopes, Frederico de Carvalho, etc.) e de criarmos laços institucionais e redes com outras entidades no campo, como p.e., o CLA- Cons.º de Laboratórios Associados (1 das poucas instituições que defende o emprego científico efectivo para os jovens, tal como agora o Manifesto dos conselhos científicos dos laboratórios de Estado, vd. Público de hoje, p.30), associações profissionais de disciplinas, sindicatos, etc.. Isso dar-nos-á maior capacidade interventiva, de influência e de reflexão.
Se não nos conectarmos em rede ou em plataformas de diálogo e acção (de cá e do estrangeiro) teremos mais dificuldades em sermos ouvidos pela sociedade civil e em nos impormos como interlocutor influente.
Deixo-vos para reflexão uma análise de como as associações são desrespeitadas pelo Estado até onde este puder. É um excerto dum texto clássico dum grande sociólogo francês, Émile Durkheim:
"até a um momento avançado da história romana, os ofícios permaneceram afectados por um descrédito moral, que não lhes permitia ocupar um lugar regular no Estado. Sem dúvida, tempos ieram em que a sua condição social melhorou. Mas a maneira como esta melhoria foi obtida é, ela própria, significativa. Para conseguirem fazer respeitar os seus interesses e desempenharem um papel na vida pública, os artesãos tiveram de recorrer a processos irregulares e extralegais. Eles não triunfaram do desprezo de que eram objecto senão por meio de intrigas, de conluios, de agitação clandestina. É a melhor prova de que, por si mesma, a sociedade romana não lhes estava aberta."
(in Divisão do trabalho social, 3.ª ed., Ed. Presença, 1989, vol. 1, p. 28).
Daniel Melo (bolseiro de pós-doutoramento)
Daniel Melo
(sócio da ABIC; membro do Núcleo de bolseiros de investigação científica do ICS-UL)

Aragao
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Mensagem por Aragao »

E eu nao posso deixar de te elogiar a ti Daniel :)

Tenho uma visao parecida com a tua. Acho que este abaixo assinado vem numa boa altura e que pode ser usado de alguma forma para mostrar trabalho e não apenas defender ideias aparentemente ocas e de exigencia de direitos sem uma discussao seria por de trás.
Acima de tudo acho que para alem ou em conjunto com o abaixo assinado fazer pontes e conseguir contributos de personalidades sobre este tema valoriza o corpo dos bolseiros e dá-nos consistencia. Eventualmente até nos convinha apoiar e quem sabe aderir à iniciativa de ambito mais lato "science in europe"
http://www.initiative-science-europe.or ... ct_us.html
http://www.initiative-science-europe.org/about_us.html
Porque defender o emprego cientifico também acaba por ser defender a ciencia em geral e o seu financiamento de uma forma global.

Sobre o texto do abaixo assinado em particular apenas reformularia a frase "Em que ficamos?" e o resto deste paragrafo por:
"Dignificar e promover o emprego científico não pode continuar sistematicamente a ser feito de uma forma pouco sustentada e temporária. As bolsas não podem ser forma isolada de agir sobre o emprego cientifico acrescido que negam a quem as usufrui direitos básicos de qualquer trabalhador.

Como comentario final acho que para alem de um grande número de bolseiros e outros a assinar este abaixo assinado seria importante conseguir alguns nomes conhecidos da praça pública a subscreverem-no desde que isso não signifique alterações no texto que o desvirtuem do que já foi conseguido.
A minha opiniao particular é que talvez o inicio do ano de 2005 seria a altura ideal para arrancar com esta iniciativa a serio.

David
Wolf Credo: "Respect the elders, Teach the young, Cooperate with the pack, Play when you can, Hunt when you must, Rest in between, Share your affections, Voice your feelings, Leave your mark."
---
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Alfredo Baptista
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Resposta às opiniões anteriores

Mensagem por Alfredo Baptista »

Caros colegas

Começo desde já por agradecer a oportunidade que foi dada de participar nos foruns. Desde já anuncio que não poderei estar mais de acordo com algumas das opiniões aqui expressas, mas principalmente aquela que refere uma aproximação gradual às posições de cientistas isentos, inteligentes, com provas dadas nas mais variadas áreas do conhecimento, e que, de uma forma ou de outra, já deram contributos decisivos à Ciência nacional.
Em relação a aproximações relativas ao CLA, sinceramente não acredito que tragam algo de bom, pelo menos no imediato e como uma primeira aproximação à ideia. É um facto que os LAs são forças motrizes indispensáveis à prossecução dos desígnios da Ciência portuguesa. Duvido que alguém o questione. Agora também é uma realidade que a proliferação de LAs (fenómeno do qual tive o (des)prazer de contactar durante mais de 4 anos) vai acabar por ingerir todos os pequenos laboratórios já existentes, até que tudo seja absorvido em LAs (mesmo ao longo da presente semana, tivemos oportunidade de constatar este fenómeno, pela criação de mais seis unidades de investigação deste género), não havendo garantias de qualidade do trabalho científico desenvolvido. Desenganem-se aqueles que consideram que a Ciência está imune às modas, e hoje em dia é “fashion” estar-se incluído num LA. E concretizo: um dos novos LAs (criado nesta semana) centra a sua actividade na investigação marinha e ambiental, e encontra-se na Universidade de Aveiro; estranhamente, dirão alguns, há um centro com uma actividade semelhante no Porto, um segundo em Coimbra e um terceiro no Algarve. Será que esta área de investigação é tão prolífica, que mereça a criação de vários LAs sob a capa da mesma temática?
Por outro lado, os LAs continuma a ser inteiramente geridos pelos responsáveis pelas situação deplorável em que nos encontramos. Nos Conselhos, nas Direcções e nos gabinetes dos LAs encontramos exactamente todos aqueles que (do)minam este sistema. Excepções honrosas haverá decerto, mas depositar confiança no CLA não considero ser uma possibilidade de progresso.
Acresce a este facto que, estatutariamente, os LAs (pelo menos os que conheço, faço a salvaguarda) são verdadeiras “coutadas”, ao bom estilo far-west, em que a lei está do lado de alguns que não dividem preponderância, opinião, direitos e regalias. Ao invés das Universidades, os alunos nos LAs são verdadeiros elementos silenciosos, tal como tive oportunidade de o citar na minha última intervenção. A ausência de regulamentação relativamente à participação dos alunos nas tomadas de decisão é obviamente deliberada, voluntária e intencional da parte dos “gestores” (não utilizo aqui o termo “cientistas”) pertencentes aos órgãos directivos dos LAs. Portanto, não creio que esta estirpe de cientistas possa ser um interlocutor privilegiado.
É um facto indesmentível que o colapso da investigação nacional se deu por culpa, por inoperância, por incapacidade e incompetência dos docentes universitários. É chagada a hora de, sob pena de uma regressão ainda mais acentuada dos índices de desenvolvimento nacionais, tomar as rédeas do financiamento e da hierarquia da Ciência nacional. Sugiro então:

Sabendo que o financiamento dos projectos a nível nacional é estabelecido de acordo com o critério “mérito do candidato” (avaliação do curriculum vitae) podemos conceber uma situação absurda em que só os docentes já com muita experiência tenham acesso às verbas, e assim continuem a engrossar virtualmente até ao infinito, os seus grupos, o seu número de projectos aprovados, os seus artigos; esta situação, por caricata que possa parecer, tem um quê de real, e afasta inapelavelmente quem se inicia por esta via profissional de aceder ao financiamento dos projectos. Sugiro então que a Fundação para a Ciência e a Tecnologia abra uma linha especial de financiamento, (uma linha “junior”, passe o sentido pejorativo do termo), para financiar projectos que reunam condições de qualidade, inovação, objectivos e arrojo científico, pois quem começa normalmente reúne esta série de características. Só assim se garante o acesso de “sangue novo”, realmente puro, sem vícios, sem favores a serem mais tarde pagos, livres desta hierarquia que tanta vezes castra os legítimos anseios de quem tem valor e se esforça.

Os meus cumprimentos

Alfredo Baptista

Paulo J. N. Silva
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Re: Resposta às opiniões anteriores

Mensagem por Paulo J. N. Silva »

Em relação a aproximações relativas ao CLA, sinceramente não acredito que tragam algo de bom, pelo menos no imediato e como uma primeira aproximação à ideia. É um facto que os LAs são forças motrizes indispensáveis à prossecução dos desígnios da Ciência portuguesa. Duvido que alguém o questione. Agora também é uma realidade que a proliferação de LAs (fenómeno do qual tive o (des)prazer de contactar durante mais de 4 anos) vai acabar por ingerir todos os pequenos laboratórios já existentes, até que tudo seja absorvido em LAs (mesmo ao longo da presente semana, tivemos oportunidade de constatar este fenómeno, pela criação de mais seis unidades de investigação deste género), não havendo garantias de qualidade do trabalho científico desenvolvido.


Muito bem.
Desenganem-se aqueles que consideram que a Ciência está imune às modas, e hoje em dia é “fashion” estar-se incluído num LA. E concretizo: um dos novos LAs (criado nesta semana) centra a sua actividade na investigação marinha e ambiental, e encontra-se na Universidade de Aveiro; estranhamente, dirão alguns, há um centro com uma actividade semelhante no Porto, um segundo em Coimbra e um terceiro no Algarve. Será que esta área de investigação é tão prolífica, que mereça a criação de vários LAs sob a capa da mesma temática?
O proximo sera nos Acores e depois na Madeira
Por outro lado, os LAs continuma a ser inteiramente geridos pelos responsáveis pelas situação deplorável em que nos encontramos. Nos Conselhos, nas Direcções e nos gabinetes dos LAs encontramos exactamente todos aqueles que (do)minam este sistema. Excepções honrosas haverá decerto, mas depositar confiança no CLA não considero ser uma possibilidade de progresso.
Acresce a este facto que, estatutariamente, os LAs (pelo menos os que conheço, faço a salvaguarda) são verdadeiras “coutadas”, ao bom estilo far-west, em que a lei está do lado de alguns que não dividem preponderância, opinião, direitos e regalias. Ao invés das Universidades, os alunos nos LAs são verdadeiros elementos silenciosos, tal como tive oportunidade de o citar na minha última intervenção. A ausência de regulamentação relativamente à participação dos alunos nas tomadas de decisão é obviamente deliberada, voluntária e intencional da parte dos “gestores” (não utilizo aqui o termo “cientistas”) pertencentes aos órgãos directivos dos LAs. Portanto, não creio que esta estirpe de cientistas possa ser um interlocutor privilegiado.
Sim basta tambem pensar nas accoes do conselho de reitores
Sugiro então:

Sabendo que o financiamento dos projectos a nível nacional é estabelecido de acordo com o critério “mérito do candidato” (avaliação do curriculum vitae) podemos conceber uma situação absurda em que só os docentes já com muita experiência tenham acesso às verbas, e assim continuem a engrossar virtualmente até ao infinito, os seus grupos, o seu número de projectos aprovados, os seus artigos; esta situação, por caricata que possa parecer, tem um quê de real, e afasta inapelavelmente quem se inicia por esta via profissional de aceder ao financiamento dos projectos. Sugiro então que a Fundação para a Ciência e a Tecnologia abra uma linha especial de financiamento, (uma linha “junior”, passe o sentido pejorativo do termo), para financiar projectos que reunam condições de qualidade, inovação, objectivos e arrojo científico, pois quem começa normalmente reúne esta série de características. Só assim se garante o acesso de “sangue novo”, realmente puro, sem vícios, sem favores a serem mais tarde pagos, livres desta hierarquia que tanta vezes castra os legítimos anseios de quem tem valor e se esforça.
Desengana-te que eu desenganado estou :( O dinheiro na ciência apos 30 anos de revolucao continua a ser como uma pescadinha de rabo na boca, a meritocracia nao interessa, mas o amiguismo sim. E triste, é fado e é Portugal.
Por isto é importante dar mais forca a ABIC como legitimo representante das pretensoes dos bolseiros, e fazer o nosso caminho sem muletas, que caso nos falhem, caimos.

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