Deve a ABIC exercer o direito de resposta à noticia do CM?

Coloca perguntas a qualquer dos bolseiros que por aqui passem.
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Joana Carvalho
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Deve a ABIC exercer o direito de resposta à noticia do CM?

Mensagem por Joana Carvalho »

Aqui está o texto que saiu hoje no Correio da Manhã. Para facilitar a leitura :D
Bolseiros nacionais irritados com tutela


(...)



BOLSEIROS EXPLORADOS


No entanto, há ainda outro problema que é denunciado por André Levy, membro directivo da ABIC (Associação dos Bolseiros de Investigação Científica). O responsável queixa-se que os bolseiros são obrigados a trabalhar, o que impede a dedicação à investigação a cem por cento, o que considera “uma perda de direitos inalienáveis e uma negligência da tutela no cumprimento legal.”

Estima-se que “mais de 1500 bolseiros [20 por cento] desempenhem funções de secretariado ou de laboratório e não de investigação”, quantifica André Levy. Trata-se do gozo de um financiamento para suportar uma actividade laboral, desligada da investigação. Situação que se perpetua, dispara, “por não estar legalmente formado o órgão fiscalizador previsto no Estatuto do Bolseiro de Investigação [Lei n.º 40/2004].”

Além de denunciarem incumprimentos legais, os bolseiros queixam--se que as bolsas não são actualizadas desde 2002. De acordo com as tabelas de financiamento da FCT, um bolseiro de mestrado em formação no País recebe 745 euros. Ao doutoramento e pós-doutoramento cabem 980 e 1500 euros respectivamente. Sendo que quem vai estudar para o estrangeiro tem direito a mais 750 euros.

Mas o Governo, diz a ABIC, “negligencia os investigadores” por privá-los de um regime de Segurança Social (SS) justo. “Pretendemos integração no regime geral da SS, como aliás recomenda a União Europeia”, diz André Levy. “E seria a fonte financiadora da bolsa a descontar.”

Para já, ao CM foi avançado que a ABIC “vai continuar a discutir formas concretas de manifestação do desagrado e a lutar pelos direitos dos bolseiros, não estando afastado o recurso às manifestações de rua como estratégia de protesto.”

(...)


O QUE DIZ O MINISTRO


MAIO 2004

Mariano Gago, antes de ser ministro, disse numa conferência: “Está-se a contratar para as coisas mais inverosímeis do mundo, com base no estatuto de bolseiro, pessoas que deviam ser técnicos, funcionários, bibliotecários, etc, que são licenciados, e que pura e simplesmente estão a ser contratados com violação da lei fiscal, com violação da lei da segurança social.”

MAIO 2005

Um ano depois, e já como ministro da Ciência e Tecnologia e do Ensino Superior, Mariano Gago foi ao Parlamento dizer que “os bolseiros não são funcionários” e adiantou a possibilidade de instituir o cargo de provedor do bolseiro, para fiscalizar estas questões. Ainda nada foi posto em prática.


Bruno Contreiras Mateus
Aqui fica o link para a notícia completa:


http://www.correiomanha.pt/noticia.asp? ... idCanal=10

alexandra rosa
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Mensagem por alexandra rosa »

Gostaria de fazer alguns comentários a esta notícia do Correio da Manhã:

1 - A Joana truncou uma parte da notícia mas o título e o início da mesma é o seguinte:
Polémica: Faltam quotas para estrangeiros

Bolseiros nacionais irritados com tutela

A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) não estipula quotas para a atribuição de bolsas de investigação a estrangeiros – que até pode ultrapassar os 50 por cento – face aos candidatos portugueses.

A situação deixa insatisfeitos os candidatos nacionais que não conquistam o tão desejado financiamento.

Vasco Bonifácio é um dos portugueses que concorreram às bolsas de pós-doutoramento em circunstâncias idênticas às dos colegas de outros países. O investigador lamenta não ter sido seleccionado pelo financiamento, essencial para prosseguir a sua investigação na área da Química, que deixou na Alemanha.

Melhor sorte tiveram os estrangeiros que competiram com Vasco Bonifácio: conquistaram quatro financiamentos da FCT por cada dez atribuídos. No sítio oficial da internet, a própria fundação congratula--se pela elevada participação externa, contrariando as manifestas dificuldades financeiras que diz ter de enfrentar para suportar as bolsas.
Acho que a ABIC deveria com a maior urgência enviar um comunicado de imprensa, uma carta ao director do CM ou "um direito de resposta" para o referido jornal a distanciar-se desta primeira parte da notícia. Espero que a ABIC não subscreva esta polémica e que deixe bem claro que o comunicado enviado e que deu origem a esta notícia não referia nada sobre a referida "polémica" e que a irritação do título da parte da ABIC não diz respeito a esta questão da atribuição de bolsas a estrangeiros.

2 - A seguinte passagem do texto deixou-me espantada:
[No entanto, há ainda outro problema que é denunciado por André Levy, membro directivo da ABIC (Associação dos Bolseiros de Investigação Científica). O responsável queixa-se que os bolseiros são obrigados a trabalhar, o que impede a dedicação à investigação a cem por cento, o que considera “uma perda de direitos inalienáveis e uma negligência da tutela no cumprimento legal.”
"Os bolseiros são obrigados a trabalhar" ?!, "o que impede a dedicação à investigação a cem por cento".
Afinal a investigação já não é trabalho ?!
Afinal a ABIC defende a dedicação exclusiva?!
Mais uma vez acho que a ABIC deveria enviar uma resposta esclarecedora a esta notícia.

3 -
Estima-se que “mais de 1500 bolseiros [20 por cento] desempenhem funções de secretariado ou de laboratório e não de investigação”, quantifica André Levy.
Quem é que estima? Onde se foi buscar este número?. E funções de laboratório não fazem parte das tarefas de investigação?

Imagino que o André terá sido mal citado, mas por isso e pelo ponto 1 reafirmo que a ABIC deveria reagir rapidamente a esta notícia.

Alexandra
Alexandra Rosa
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Mensagem por Aragao »

acho que na noticia do CM se nota que o jornalista é incompetente. Esta confusa em alguns aspectos e pouco clara. Um dos exemplos é esse mesmo dos bolseiros obrigados a trabalhar em coisas que nao sao 100% na investigacao e depois mais abaixo ja se explica que esse trabalho "desligado da investigacao" sao funcoes no laboratorio. Uma confusao portanto...

No entanto nao acho que a ABIC tenha sido incluida nas afirmacoes sobre os bolseiros portugueses nao concordarem com bolsas dadas a pessoas de outras nacionalidades.

David
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Joana Carvalho
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Mensagem por Joana Carvalho »

Apenas citei a parte do texto que se reportava às declarações do André Levi e à posição da ABIC. De qualquer forma, deixei o link para a notícia completa.

No que se refere à questão dos bolseiros estrangeiros, é óbvio que a ABIC se distancia da polémica, forma e conteúdo do texto do CM. Esta questão não foi tão pouco levantada no comunicado que fizémos à comunicação social e esta "problemática", pelo menos a mim, era desconhecida. Penso que o tom da notícia espelha bem a forma como habitualmente o CM faz jornalismo, extremamente sensacionalista.

Para além disso, nalguns pontos a posição da ABIC não foi fielmente retratada, o que sabemos que acontece com alguma frequência, nomeadamente a questão que citaste relacionada com o regime de exclusividade.

alexandra rosa
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Mensagem por alexandra rosa »

Joana Carvalho Escreveu:Apenas citei a parte do texto que se reportava às declarações do André Levi e à posição da ABIC. De qualquer forma, deixei o link para a notícia completa.

No que se refere à questão dos bolseiros estrangeiros, é óbvio que a ABIC se distancia da polémica, forma e conteúdo do texto do CM. Esta questão não foi tão pouco levantada no comunicado que fizémos à comunicação social e esta "problemática", pelo menos a mim, era desconhecida. Penso que o tom da notícia espelha bem a forma como habitualmente o CM faz jornalismo, extremamente sensacionalista.

Para além disso, nalguns pontos a posição da ABIC não foi fielmente retratada, o que sabemos que acontece com alguma frequência, nomeadamente a questão que citaste relacionada com o regime de exclusividade.
Bem, isto sem vem reforçar aquilo que disse na minha mensagem anterior.

Sabem qual é a imagem que os leitores do CM vão ter dos bolseiros portugueses? Que não querem mais estrangeiros em Portugal ou que pelo menos deveria haver quotas de bolseiros estrangeiros, que são "obrigados a trabalhar" e que por isso não se podem "dedicar a 100% à investigação" mas que querem ter direito a uma SS justa paga pela entidade financiadora!
Pessoalmente acho que este retrato só ajuda a denegrir a imagem dos investigadores portugueses junto da sociedade, que desconfio até será coincidente com o retrato passado nesta notícia.
Alexandra Rosa
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Mensagem por moongirl »

Joana Carvalho Escreveu:
Para além disso, nalguns pontos a posição da ABIC não foi fielmente retratada, o que sabemos que acontece com alguma frequência, nomeadamente a questão que citaste relacionada com o regime de exclusividade.
E o que defende a ABIC nessa questão da exclusividade?

Paulo J. N. Silva
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Os media no seu melhor

Mensagem por Paulo J. N. Silva »

Este artigo do CM é muito mau porque mistura alhos com bugalhos de uma forma muito pouco ortodoxa, mas que infelizmente vai fazendo parte do jornalismo português e europeu, talvez retirando o Reino Unido.

Qualquer das formas, o André Levy em nome da ABIC, nunca disse que 20% dos bolseiros e .......

Nunca disse que os bolseiros não trabalham.....
Digo eu, sim os bolseiros não trabalham, fazem turismo, falta de pachorra para o CM.

Quanto à exclusividade, a ABIC não tendo ainda uma opinião oficial, tem uma posicão dentro da direccão que penso ser maioritaria, que e aplicar aos bolseiros, o mesmo que acontece com os outros trabalhadores, não é pelo facto de um trabalhador ter dois trabalhos, o trabalho A que recebe 100 e o trabalho B que recebe 50, que se vai retirar ao salário do trabalho A, 50 porque se tem o trabalho B. O que aconteceu na prática com o novo estatuto foi isto acima. Contrariamente, aquilo que foi garantido, pela ministra da altura do MCES. E que o presente governo não corrigiu.

Susana Relvas
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Mensagem por Susana Relvas »

Na minha opinião o artigo do CM é mau. Dá muito má ideia do que é de facto o problema, não explica as coisas como deve ser...

Por exemplo, na parte do laboratório. É ridículo dizer-se que têm de fazer trabalho de laboratório. Acho que todos os que estão em ciência, pelo menos, trabalham num laboratório, seja de tubos de ensaio, seja de computadores, seja o que for. Este trabalho de laboratório, a meu ver (que sei o que se passa) é lavar material dos outros, das aulas de licenciatura, fazer trabalho que os professores se comprometeram a fazer, mas não têm tempo. Ou seja, é trabalho de "secretariado" um pouco mais "especializado" (estou a ser irónica, para isso há técnicos de laboratório)...

A imagem que vai ser transmitida para o comum leitor, especialmente o leigo na matéria é que os bolseiros parece que afinal não fazem nada. Em primeiro lugar não devríamos ser chamados bolseiros, bolsas há muitas. Deveríamos ser chamados Investigadores. Depois deveríamos mostrar que os investigadores que o país quer produzir, com essas notícias todas inovadoras, de subir a quota da Investigação no PIB e os Doutorados na Indústria e por aí fora, são na verdade muitas vezes escravos, perdem imenso tempo com burocracias que em quase nada o beneficiam (por exemplo o SSV), são vistos como os que não declaram IRS, não têm aumentos, mesmo que o Governo não tenha dito que não vai haver aumentos para a Função Pública.

Por fim, a ciência ainda é um campo para uma população muito restrita. É certo que têm havido iniciativas muito interessantes para crianças, que já se vêem algumas notícias nos jornais, mas muitas vezes não se sabe explicar a quem não percebe nada o que são as coisas. O que é que um investigador pode fazer para melhorar o nosso país, o tornar mais competitivo, por aí fora... Se não se conseguir primeiro esclarecer tudo isto à população em massa, então ninguém vai perceber os nossos problemas, muito menos num artigo de fraco português. Nem com iniciativas, que como já aqui discutimos greves e afins, não prejudicam ninguém, senão nós próprios.

O Editor do CM deveria ser mais cuidadoso nos artigos que publica.

É a minha opinião.
Assistant Professor - DEG/IST/UTL
Sócia da ABIC

alexandra rosa
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Re: Os media no seu melhor

Mensagem por alexandra rosa »

Paulo J. N. Silva Escreveu: Qualquer das formas, o André Levy em nome da ABIC, nunca disse que 20% dos bolseiros e .......
Tens a certeza? É que curiosamente saiu há uns tempos uma notícia da Lusa a propósito de uma iniciativa da ABIC sobre emprego científico em que se dizia:
"Há entre três a quatro mil bolseiros em situação de manutenção de serviços correntes que deviam ser integrados nos quadros, mas as vagas estão congeladas", disse à Agência Lusa André Levy, da direcção da ABIC, também bolseiro de um pós-doutoramento.
O jornalista era outro, o representante da ABIC citado era o mesmo...

Alexandra
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Re: Os media no seu melhor

Mensagem por moongirl »

alexandra rosa Escreveu:
"Há entre três a quatro mil bolseiros em situação de manutenção de serviços correntes que deviam ser integrados nos quadros, mas as vagas estão congeladas", disse à Agência Lusa André Levy, da direcção da ABIC, também bolseiro de um pós-doutoramento.
O jornalista era outro, o representante da ABIC citado era o mesmo...
Acho isto a ser verdade muito é grave !

Politicamente mostra falta de ética e cientificamente mexe muito comigo que me licenciei e doutorei em escolas de engenharia.
Pessoalmente teria muito interesse em ler algum estudo sobre bolseiros que fazem trabalho que não lhes diz respeito. Alguem sabe onde encontrar?

Catarina

Alfredo Baptista
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E se a ABIC escolher com quem fala?

Mensagem por Alfredo Baptista »

Francamente, esta situação parece-me mais do âmbito do mau jornalismo do que de outra coisa. E é com a experiência que se avança, pelo que talvez seja melhor seleccionar os meis de comunicação social passíveis de difundir uma imagem positiva da ABIC.

Tanto quanto sei, o Público contactou vários cientistas para o seu ingresso na redacção, pelo que a ABIC pode entrar em contacto com eles; acredito que sejam bem mais receptivos a estas questões do que jornalistas da Bola.

Há outros meios de comunicação, como aquele programa sobre ciência da RTPn, em que o Prof. Alexandre Quintanilha vai lá falar de tudo e de nada ao mesmo tempo, o que é interessante do ponto de vista lúdico mas já enjoa; é provável que a RTP, caso fosse contactada, anuísse a um debate sobre questões que são laterais à ciências mas que contribuem decisivamente para a qualidade do que por cá se faz, como a questão dos bolseiros. Mas o Prof. Alexandre Quintanilha tem de ser convidado até para esse debate!, ele fala tão bem sem perceber de coisa nenhuma. É um verdadeiro oráculo. Caso não possa, convida-se o Nuno Rogeiro, que também não faz fraca figura quando não percebe sequer o nome do tema do debate. Fala sempre e com convicção. O Quintanilha é mais cerebral. O jornalismo científico em Portugal vai mesmo pelas ruas da amargura, não fossem as vacas sagradas e tínhamos lá o Chalana a comentar ciência.

Outras possibilidades sérias são as revistas do jornais de grande tiragem, como a Pública ou a revista dominical do Jornal de Notícias, que são lidas por um grande número de pessoas, são sérias, são leves q.b. mas retratam temas que exigem por vezes alguma sensibilidade. Não acho que a problemática dos bolseiros deva ser, por exemplo, tratada num Tal & Qual, ou num 24 Horas. Definitivamente.

Outra alternativa poderá recair sobre o jornalismo de investigação, como no caso da Visão. A Visão é uma revista que, salvo erro, tem uma tiragem de 750.000 exemplares por semana, e destina-se a um público-alvo exigente e mais esclarecido (amanhã já vão estar a acusar-me de elitismo, mas que se lixe... é como as acusações de racismo, quando disse que trabalhei com um indiano mentecapto). Por mais do que uma vez, a Visão publicou cartas ao editor que eu escrevi, pelo que não me parece que seja muito difícil de os sensibilizar para isto. Por outro lado, a Visão tem dado algum destaque aos aspectos positivos da ciência, pelo que talvez esteja na altura de lhes mostrar que nem tudo são rosas no país da rosa. E a ABIC passa a batata quente à Visão: que sejam eles a contactar o Ministro, a ver se ele ainda se lembra que é ministro... Vamos a ver, e já não é o Prof. Mariano Gago, passou a ser o Prof. Alexandre Quintanilha.

aragorn
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Mensagem por aragorn »

Há pouco jornalismo de ciência em Portugal, e poucos jornalistas especializados em ciência.

Com algum pragmatismo (e juízos de valor à parte) creio que há que compreender que o Correio da Manhã tem um estilo, com o qual é coerente, e aborda as questões pelo ponto de vista que interessa aos seus leitores. É obvio que um Correio da Manhã não é um Público, não é um Expresso, não é uma Visão.

É o chamado tablóide e os tablóides caracterizam-se por uma coisa muito simples: destacar o acessório em vez do fundamental. Eu não creio que seja necessário excluir o Correio da Manhã ou o 24 Horas da comunicação da Abic. Afinal são os jornais generalistas mais lidos em Portugal. A questão é que há que compreender que a um tablóide não vai interessar uma matéria de fundo, com uma abordagem institucional, analítica e fundamentada. Vai interessar o acessório, o efeito secundário interessante ou simplesmente um caso específico. Mas também poderá veicular indirectamente uma mensagem que interesse. Não há é que esperar do CM que seja o que não é. Exemplos de coisas possíveis no CM:

"Bancos batem a porta na cara dos bolseiros de investigação"
"Cientistas de malas feitas para o estrangeiro"

São destas pequenas nuances e trocadilhos, de descodificar a realidade numa linguagem popular, que vivem os tablóides :-)

Um comentário final: poucos jornais seriam capazes de fazer um título tão radical como "Bolseiros explorados".

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